NÃO SABE o que é um Pogobol???
Uma experiência sociológica e antropológica. Só assim posso definir a minha semana em Brasília participando do XII AMUN depois de ter largado dessa vida de vício por quase um ano sem participar de modelos e depois de um ano e meio de formado. Mas não pude recusar o convite feito pela delegação gaúcha e lá fui eu para o Conselho de Segurança representar a Rússia...
A primeira (e chocante) impressão que tive foi a imensa diferença de idade. Sério, eu tava me sentindo o avô da galera! Um bando de delegados que não tinham visto a queda do Muro e que até pouco tempo atrás eram meus delegados na SiEM... até aí tudo bem, mas não saber o que é um pogobol... FRANCAMENTE! A modernização também chegou para ficar... Ao invés de bilhetinhos, todos os delegados se comunicam pelo MSN ou Twitter; no meu primeiro modelo, apenas dois delegados tinham computador (e a mesa, nenhum!).
Brincadeiras a parte, o age gap foi o que mais me marcou; grande parte do pessoal está no primeiro ou segundo ano de faculdade, com algumas participações em modelos de Ensino Médio nas costas. Uma senhora faca de dois gumes: por um lado, essa juventude é justamente o que o cenário modeleiro precisa para se renovar e enterrar once and for all certos fantasmas do passado; por outro, uma falta de experiência em certos assuntos acaba por engessar certas possibilidades que apenas deixam modelos mais interessantes de se participar.
Foi com um tanto de surpresa que vi um grupo de mais ou menos 15 delegados se reunir ao redor de mim que nem escoteiro ao redor da fogueira ao ouvir “Cara, ele tava na Babá Egípcia!”. Eles não faziam a menor idéia do que aquilo era, mas sabiam que significava algo definitivamente ruim; os ecos dos tropeços do passado ainda são ouvidos hoje, mesmo que bem apagados. Muita coisa já foi feita para evitar futuros erros, mas em alguns aspectos estão exagerando; não permitir Friendly Ammendments (ou nem saber o que elas são) já é um pouco xiita, fala sério... Eu sei que o Secretariado deve sempre se preparar para o pior, mas nem tanto, né?
Porém, esses são tropeços inevitáveis que são corrigidos facilmente numa próxima edição. O que me deixou realmente incomodado foi a permanência de dois pecados capitais na organização de modelos: a falta de intercâmbio e a política de prêmios.
A grande quantidade de novatos, aliada a parca participação de modelos fora do estado natal leva à uma estagnação de interpretação de regras de procedimento e de criatividade na hora de pensar temas de discussão e crises. Resultado: morosidade e reclamações de head delegates mais experientes.
Quanto aos prêmios, já sou da opinião que eles deveriam ser extintos há muito tempo. Mas já que alguns insistem em mantê-los, apenas peço: Um pouco de coerência, por favor! Dar prêmio a delegado que jogou a política externa no lixo ou que nem seria elegível segundo o award policy só faz diminuir a credibilidade acadêmica da organização.
Nem tudo está perdido, no entanto. Não escrevi esse artigo para ficar falando “no meu tempo era diferente...” nem ficar botando defeito em todo mundo. Há sim uma nova geração que está de parabéns em todos os modelos que ainda existem no Brasil e que podem continuar mandando muito bem; só precisam lembrar das coisas boas e ruins que foram feitas anteriormente e promover maior cooperação entre faculdades e alunos, porque a receita para o desastre nesses casos é fechar-se em si mesmo e achar que é suficiente (ou pior, achar que é melhor assim).
E é isso! Um abraço a todos e desejo muito boa sorte a todos que começam e continuam a modelar.
Colaboração do leitor e Modeleiro Bruno "Google" Almeida.