Enquanto estamos nesse período de transição, o blog não vai parar. Um dos leitores, Bruno Sindicic, de 17 anos, nos enviou esse texto para que fosse compartilhado com os demais. Agradecemos sua disposição e lembramos que mesmo com a mudança dos editores, o blog permanecerá aberto para contribuições. Esperamos que isso não mude, e que tenhamos cada vez mais vozes - de preferência dos cantos mais remotos do Brasil - ajudando a compor a voz da modelândia brasileira. Então, levando em consideração o excelente timing do texto, o publicamos a seguir, espero que gostem! (ou desçam o cacete nos comentários, como bons dele-malas).
Nações Unidas: Mais poder às novas gerações
Por Daisaku Ikeda*
Tóquio, outubro/2008 – “Dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e moverei a Terra”, afirmou Arquimedes, segundo se diz, há cerca de 2.200 anos. As palavras do cientista grego vão além de uma explicação sobre o princípio da alavanca. Indicam também as potencialidades da humanidade e expressam a convicção de que, sejam quais forem as crises que devemos enfrentar, os seres humanos têm, sem dúvida, a sabedoria para encontrar uma solução.
A metáfora de Arquimedes sobre a alavanca foi alvo de uma citação do presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy em seu discurso de 1963 perante a Assembléia Geral das Nações Unidas: “Estimados habitantes deste planeta: ocupemos nossos lugares aqui, nesta Assembléia das Nações Unidas, e vejamos se, em nosso tempo, podemos levar ao mundo uma paz justa e duradoura!”.
A ONU nos proporciona “um ponto de apoio” para o desafio de levar à Terra o bem-estar para toda a humanidade. Nosso mundo está atualmente esmagado por uma desconcertante série de assuntos globais que vão da mudança climática à crise economia, a pobreza e as disparidades em matéria de riqueza, até o terrorismo e as escassezes de alimentos. Como fazer para começar a desfazer este emaranhado de problemas entrelaçados entre si? Creio que o caminho para resolver estes desafios é o de maximizar as potencialidades da ONU, que é o contexto de solidariedade nascido da trágica experiência de duas guerras mundiais.
Por que qual outro lugar existe para juntar nossos recursos, transformar nosso modo de pensar e passar da busca de estreitas metas nacionais ao trabalho conjunto para toda a humanidade? Este planeta não existe para servir aos interesses de um Estado em particular. Mas cada Estado existe para contribuir para os interesses comuns do planeta. Há uma grande necessidade de que todas as nações reafirmem esta verdade manifesta. Naturalmente que a ONU enfrenta numerosos problemas. Mas, se desejamos que cumpra sua missão é necessário ser revitalizada.
Para funcionar no século XXI a ONU deve se sustentar sobre três pilares que transcendam as fronteiras nacionais: um sentido compartilhado sobre o rumo a seguir, um senso de responsabilidade e um acionar comum. Creio que o compromisso criativo e a capacidade inovadora dos jovens de todo o mundo são a chave para romper os moldes existentes e afirmar os princípios antes enunciados. A juventude tem cada vez mais um senso de identidade global. Os jovens estão unidos pro uma preocupação comum sobre o destino de nosso planeta e estão conectados através de novas tecnologias das comunicações.
As pessoas com menos de 24 anos, definidas pela ONU como “jovens” e “crianças”, agora constituem quase 50% da população mundial. Se descuidarmos da busca de soluções para as questões contemporâneas, a próxima geração deverá enfrentar as trágicas conseqüências. Portanto, ninguém tem mais direito do que os jovens a expressar sua opinião sobre os atuais. E é um privilegio especial da juventude o poder elevar-se mais além dos estreitos limites do ganho de curto prazo, bem com apaixonar-se pela justiça e pela obtenção de objetivos de longo prazo. Creio ser de vital importância estabelecer estruturas adicionais para a participação ativa dos jovens nas deliberações realizadas pelas agências especializadas da ONU.
A metáfora de Arquimedes sobre a alavanca foi alvo de uma citação do presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy em seu discurso de 1963 perante a Assembléia Geral das Nações Unidas: “Estimados habitantes deste planeta: ocupemos nossos lugares aqui, nesta Assembléia das Nações Unidas, e vejamos se, em nosso tempo, podemos levar ao mundo uma paz justa e duradoura!”.
A ONU nos proporciona “um ponto de apoio” para o desafio de levar à Terra o bem-estar para toda a humanidade. Nosso mundo está atualmente esmagado por uma desconcertante série de assuntos globais que vão da mudança climática à crise economia, a pobreza e as disparidades em matéria de riqueza, até o terrorismo e as escassezes de alimentos. Como fazer para começar a desfazer este emaranhado de problemas entrelaçados entre si? Creio que o caminho para resolver estes desafios é o de maximizar as potencialidades da ONU, que é o contexto de solidariedade nascido da trágica experiência de duas guerras mundiais.
Por que qual outro lugar existe para juntar nossos recursos, transformar nosso modo de pensar e passar da busca de estreitas metas nacionais ao trabalho conjunto para toda a humanidade? Este planeta não existe para servir aos interesses de um Estado em particular. Mas cada Estado existe para contribuir para os interesses comuns do planeta. Há uma grande necessidade de que todas as nações reafirmem esta verdade manifesta. Naturalmente que a ONU enfrenta numerosos problemas. Mas, se desejamos que cumpra sua missão é necessário ser revitalizada.
Para funcionar no século XXI a ONU deve se sustentar sobre três pilares que transcendam as fronteiras nacionais: um sentido compartilhado sobre o rumo a seguir, um senso de responsabilidade e um acionar comum. Creio que o compromisso criativo e a capacidade inovadora dos jovens de todo o mundo são a chave para romper os moldes existentes e afirmar os princípios antes enunciados. A juventude tem cada vez mais um senso de identidade global. Os jovens estão unidos pro uma preocupação comum sobre o destino de nosso planeta e estão conectados através de novas tecnologias das comunicações.
As pessoas com menos de 24 anos, definidas pela ONU como “jovens” e “crianças”, agora constituem quase 50% da população mundial. Se descuidarmos da busca de soluções para as questões contemporâneas, a próxima geração deverá enfrentar as trágicas conseqüências. Portanto, ninguém tem mais direito do que os jovens a expressar sua opinião sobre os atuais. E é um privilegio especial da juventude o poder elevar-se mais além dos estreitos limites do ganho de curto prazo, bem com apaixonar-se pela justiça e pela obtenção de objetivos de longo prazo. Creio ser de vital importância estabelecer estruturas adicionais para a participação ativa dos jovens nas deliberações realizadas pelas agências especializadas da ONU.
A participação na tomada de decisões é uma das prioridades da agenda da ONU sobre a juventude. Este ano, 14 países incluíram representantes juvenis em suas delegações à Assembléia Geral. Tais iniciativas deveriam ser incentivadas e estendidas. Atualmente, existe um “ponto focal para a juventude” dentro do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (Desa) que maneja questões relacionadas com os jovens. Este departamento poderia ser potencializado e convertido em um Escritório para a Juventude. Outra sugestão seria a designação de um Representante Especial junto ao Secretário-Geral da ONU ou de um Alto Representante da ONU para a Juventude.
Também é desejável apoiar o fortalecimento da Assembléia da Juventude, que reúne anualmente representantes de jovens do mundo, de modo que suas deliberações alimentem diretamente as da Assembléia Geral da ONU. Além disso, devem ser criados canais para que os jovens levem suas preocupações à atenção dos líderes mundiais. Tenho fé nos jovens. Somente eles possuem o fogoso dinamismo, a energia e a inspiração criativa necessários para construir algo novo, para prever e construir um futuro melhor para eles próprios e para empreender ações que permitam superar as crises que enfrentamos. Devemos aproveitar este poder e esta sabedoria dos jovens. As pessoas jovens são a força condutora que pode superar qualquer ponto morto e abrir novas possibilidades para a humanidade, encaminhando o mundo para a paz. Todos ganharemos se permitirmos que usem a ONU como um “ponto de apoio”. (IPS/Envolverde)
* Daisaku Ikeda, filósofo budista japonês, é presidente da associação de base budista Soka Gakkai Internacional (SGI, http://www.sgi.org).
Espero que sirva de alguma coisa,
Sim, o melhor desse post é o timing. Os velhinhos estão sendo substituídos até no blog!
ResponderExcluirNão acho que a proposta de um Alto Representante para a Juventude faça bastante sentido prático. Ainda que algumas características - idealismo, vigor, etc - unam a maior parte dos jovens da Terra, existem também diferenças enormes entre eles. Os problemas de um jovem nigeriano não são os problemas de um jovem japonês. Adolescentes têm prioridades diferentes no Brasil e na Bulgária. E por aí vai. Não acho que a juventude contemporânea seja como o proletariado marxiano, que de nacional apenas tinha os grilhões. Vivemos em quadrados distintos, e isso não pode ser resolvido pela burocracia onusiana.
Concordo, no entanto, com as iniciativas de parlamentos ou assembléias internacionais para a juventude. Conheci alguns estudantes romenos e austríacos que participaram das delegações de seus países da ONU (real, não a modeleira). Todos eles se apressaram em dar palpites insolentes e construtivos aos velhos diplomatas e fizeram questão de 'spread the word about the UN' para outros jovens. É exatamente isso o que eles precisam fazer.
Que os jovens do futuro também sejam sempre intranqüilos e jamais deixem a diplomacia mundial em paz!