Pra quebrar o silêncio, uma experiência nova vinda do Sul...
Gustavo Meira CarneiroFinalmente! Imagino que muitos dirão isso... O último post do Sr. Wagner Arthur finalmente conseguiu me fazer vencer a preguiça e escrever algo para o Representatives em nome do povo modeleiro da UFRGS, tão citado e ao mesmo tempo tão calado nesse blog. Mais integração entre os modelos brasileiros é essencial, e acho que escrever no Representatives é a ferramenta perfeita para melhorar isso (além das festas de modelo, claro). Como uma comunidade modelística fisicamente distante do centro do país, nós da UFRGS acabamos por desenvolver idéias e conceitos um pouco diferentes sobre Modelos, então acho que podemos contribuir e ganhar bastante discutindo mais por aqui.
Passemos ao assunto principal do post, então.
Em muitos posts do blog se vêem menções aos problemas na passagem de gerações de modeleiros, à queda de participação e às dificuldades de integração de pessoas novas nesse mundinho fechado dos MUNs brasileiros. Como parte de toda uma filosofia modelística que não cabe nesse post, o UFRGSMUN de 2008 tomou algumas medidas que, acredito, ajudaram bastante na diminuição dessas dificuldades todas. Uma primeira medida foi a “abertura” do staff (acadêmico e administrativo) do UFRGSMUN para pessoas de todos os cursos da nossa Universidade, que têm contribuído muito para o crescimento do modelo.
Mas o assunto principal desse post é outra idéia que tivemos, e que acredito que possa ser importante para o futuro dos modelos (não é pretensão...): o nosso Curso de Simulações - a “Escola de vendidagem” (sim, nós acreditamos na boa vendidagem, mas essa polêmica fica pra outro post). Montamos um curso de extensão na UFRGS aos sábados pela manhã, aberto a estudantes de todas as áreas e Universidades, para ensinar sobre o que são e como participar de MUNs. Nós mesmos não esperávamos o sucesso que tivemos: foram quase 70 inscritos, na maioria alunos de 1° e 2° semestres. As aulas abordam os temas essenciais para o delegado aproveitar bem um MUN, desde o funcionamento da ONU até a maneira de se dirigir ao chair.
Fazendo uma avaliação posterior (o curso está quase no fim), vejo que ele acabou sendo importante não só pela melhora no nível geral dos delegados, mas também porque despertou em muitos calouros uma grande empolgação pelos modelos que talvez eles não desenvolvessem participando “crus” de um MUN. Outra contribuição importante do curso diz respeito justamente ao tal “conflito de gerações”. Acho que o distanciamento de gerações acontece, em linhas gerais, porque os velhos modeleiros acabam não compartilhando suas histórias e sua experiência, às vezes por arrogância mesmo, às vezes simplesmente por não estarem mais “entre nós”. A existência de um grupo fechado de modeleiros velhos (mesmo que só na aparência) afasta uma parte dos novos delegados e acaba criando um gap.
O que aconteceu no nosso curso foi mais ou menos o oposto disso. Os nossos principais professores eram os velhos vendidos Diego Canabarro, Fernando Bordin e Thomaz Santos, que fazem parte da primeira geração do UFRGSMUN e compartilharam suas histórias e sua experiência de uma forma muito aberta com os alunos. Essa abertura, e a referência constante a histórias de delegados jurássicos (mesmo com a contribuição de alguns membros desse blog) fez com que essa grande turma de novos delegados se sentisse parte do mundo modelístico mesmo sem ter ainda participado de um MUN. A simples troca de histórias, e a própria criação de um role model simpático e acessível do bom delegado, conseguiram aproximar bastante bem essas gerações distintas. Mesmo sem a criação de laços mais profundos de amizade, a simples troca de experiências faz com que se consiga envolver as novas gerações de MUNers de maneira mais profunda, o que permite (assim esperamos) que o modelo tenha continuidade e que as novas gerações se espelhem nos acertos e desviem dos erros das gerações anteriores.
Essa conclusão pode levar à discussão do “tradicionalismo” e da inovação nos modelos, algo que temos discutido bastante por aqui. Quem sabe um próximo post?
Fico muito feliz em quebrar nosso silêncio e espero ter contribuído um pouco!