terça-feira, 18 de setembro de 2007

As tribulações de ser um Secretário-Geral

(Ante scriptum: a idéia da abordagem neste post é fruto de uma conversa de MSN com nosso amigo Diego Canabarro, ex-Secretary-General do UFRGSMUN. Kudos!)

Há duas frases que podem resumir bem o que é o trabalho de um Secretário-Geral de um modelo brasileiro. A primeira frase é de quem o Cedê considera ser o maior filósofo da Humanidade, Ben Parker: With great power comes great responsibility. A segunda frase é quase tão velha quanto o tempo – no pain, no gain.

O caso prático em questão é o da minha aventura (e a dos outros integrantes deste blog) na SiEM 2007, modelo do qual eu fui o Secretário-Geral Acadêmico (posto ocupado ano passado pelo Napoleão). Não falarei especificamente do modelo em si aqui – quem quiser procurar em outros lugares mais apropriados irá achar. Quero dar uma breve visão sobre o que é ser um SG.

A melhor maneira de falar sobre o cargo e a responsabilidade de um SG é vê-lo como um maestro, um condutor. Organizar um modelo é lidar com uma miríade de pessoas de backgrounds parecidos mas diferenciados, todos trabalhando em prol de um bem comum. Essa é uma constatação potencializada, no caso específico da SiEM, por termos diretores do Brasil inteiro – algo único nos modelos daqui. Diretores e staff formam o corpo de músicos, cada qual se subdividindo em "mini-orquestras" - cada comitê sendo simulado e o staff administrativo que permeia todo o evento.

Como todo maestro, não somos nós que tocamos os instrumentos. Isso seria fisicamente impossível, é claro. Nosso maior trabalho como SG é balancear as forças e limitações de todo um grupo para que todos, sem exceção, façam seu melhor, garantindo não apenas o sucesso individual de Fulaninho como diretor ou staff (e, assim, incentivando-o a voltar para os modelos), mas também o sucesso coletivo de todo o modelo (que empolga nossa platéia participativa – os delegados – e cria nossa "clientela" de modelos).

Do lado acadêmico, que é o que focarei aqui dada minha posição, cada comitê é uma sinfonia com seus movimentos. Diretores e delegados fazem suas partes de modo a deixar a sinfonia mais ou menos sincronizada, de acordo com suas competências. Cabe a nós, pobres SGs, colocar ordem na casa para que a sinfonia saia bem ou não.

Algumas sinfonias têm mais movimentos, outras menos; mais instrumentos ou menos instrumentos; músicos mais capazes ou músicos menos capazes. A variedade de situações e problemas que temos que enfrentar pode ser estonteante, pois nunca há uma solução mágica única para todos os comitês. Por isso é importante que o maestro saiba de cor e salteado cada um dos movimentos previstos, obviamente um trabalho considerável.

É uma operação consideravelmente complexa, exigente e muito cansativa. Mas o alívio que se sente quando tudo acaba sem maiores problemas (ou com tudo sob controle) é apaixonante, e é o que faz lembrar o porquê de participarmos de modelos in the first place: é a convivência.

Mas repetir a posição de SG em um mesmo modelo não é algo bom. Primeiramente, a renovação faz parte da evolução da cultura. Segundamente (sic), não faria sentido que uma mesma pessoa fosse SG de novo por qualquer motivo - é algo cansativo demais para que alguém tope fazer pela segunda vez...

4 comentários:

  1. Um amigo uma vez me disse, citando um professor dele, que a vida poderia ser metaforicamente representada por uma m�sica de jazz.

    Se o modelo � uma sinfonia, �s vezes voc� tem que introduzir umas inconst�ncias e improvisos pra que ele saia ainda melhor. Voc� responde �s adversidades e aos imprevistos na mesma moeda, � moda de um jazzista, e isso � t�o importante quanto ter lido a sua partitura e treinado por horas a fio.

    Retomando um post mais antigo do Napole�o sobre a modelagem ser o talento nacional, eu cada vez mais me conven�o de que modelar n�o � hobby: � arte.

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  2. 1) =p pro comentário do Prince

    2) The hardest job in the world, they say. Ou ao menos, o Trygve Lie disse.

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  3. Reeleição de SG é de fato uma das piores coisas que podem acontecer a um modelo. Isso aprendemos com a Baba Egipcia e o Nursultan Nazarbayev, entre outros.

    Mas viva a metafora musical! E viva a metafora jazzistica em particular!

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