quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Global Model UN 2010 anunciado!



Quem acompanha o Representatives of the World sabe que eu e o camarada JP fomos ao GMUN 2009, o primeiro modelo oficialmente organizado pela ONU. Esta primeira edição ocorreu nas nababescas instalações do Palácio das Nações, em Genebra.

O Department of Public Information das Nações Unidas acaba de anunciar o Global Model UN 2010, que ocorrerá em Kuala Lumpur, na Malásia, do dia 9 a 13 de Agosto. O tema da conferência será "Towards an Alliance of Civilizations – Bridging Cultures to achieve Peace and Development". Ainda não há informações sobre comitês e tópicos de debate, mas espera-se mais do mesmo: comitês da Assembléia Geral e, talvez, outros do sistema ONU. O tema, todavia, promete.

Para se inscrever, você deve ser indicado por algum MUN no qual tenha participado. Não sabemos se inscrições individuais serão abertas depois, então comece a falar com os secretariados dos modelos reconhecidos pela ONU!

Vale lembrar que os delegados são responsáveis por pagar sua jornada e estadia na Malásia, mas a ONU pode tentar conseguir um patrocínio para vocês. Nosso camarada JP conseguiu patrocínio da Nestlé, então não deixem de tentar!

Caso ainda não tenham reparado, o RotW agora está no Twitter! Siga @modeleiro!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Duelo de Titãs!

Foram sorteados, nesta sexta-feira, os grupos da primeira fase da Copa do Mundo do ano que vem. “Não acredito que o RotW tá noticiando isso” deve ser o que está passando na cabeça de alguns de vocês agora, mas eu prometo que tenho um propósito ao falar disso.


Bingo!

Brasileiros que somos, sabemos que rivalidades em qualquer campo (político, econômico, tecnológico) têm reflexo nos outros, inclusive o esporte. Basta ver nossa animosidade com nuestros hermanos cá do sul: segunda maior nação do continente, chegou a iniciar estudos para o desenvolvimento de uma bomba atômica para ter poder de deterrence contra o Brasil (e o mesmo aconteceu deste lado da fronteira). Hoje em dia, a rivalidade é puramente econômica e desportiva.

O futebol, em geral, e a Copa do Mundo, em especial, não são exceções à transferência de rivalidades geopolíticas para dentro de campo. Inglaterra e Argentina (Ilhas Falkland/Malvinas, 1982) fazem verdadeiras batalhas quando se encontram. Cá pelas bandas da América do Sul, fora nossa rivalidade com a Argentina, Chile e Bolívia não vão muito com a cara um do outro desde que o Chile cortou o acesso ao mar dos bolivianos. El Salvador e Honduras lutaram a chamada "Guerra do Futebol" em 1969, cujo estopim foi uma partida das eliminatórias para a Copa de 1970.

Não apenas de amplificação de conflitos vive o futebol. Na Copa de 1998, houve um grande exemplo de aproveitamento geopolítico do esporte, como uma ferramenta de soft power (meios intangíveis de influenciar a política de um país, como cultura ou ideologias), embora pouco lembrado. Estados Unidos e Irã foram sorteados para o mesmo grupo, que ainda incluía Iugoslávia e Alemanha. No dia da partida, após a execução dos hinos nacionais, os jogadores iranianos presentearam os americanos com flores, e ambos os times posaram para a foto oficial juntos.


Final da partida: EUA 1:2 Irã

A ação não teve muito impacto real na política dos dois países, já que, dez anos mais tarde, ambos continuam com relações diplomáticas cortadas, mas é o exemplo mais evidente de que rivalidades políticas transbordam, sim, para o esporte, mas este também serve como uma ferramenta de influência na política.

Voltando a 2009, a partida de repescagem entre Argélia e Egito gerou sentimentos nacionalistas em ambos os lados da fronteira, levando a desentendimentos entre governos normalmente alinhados, mas o sorteio para a Copa, em si, não proporcionou grandes conflitos para a primeira fase. O pessoal do UN Dispatch apontou, acertadamente, que existem alguns conflitos entre ex-colônias e metrópoles, mas o único com mais notoriedade futebolística é Brasil vs. Portugal.

Talvez o mais interessante desta Copa seja a participação de ambas as Coréias, o que daria um conflito épico. Mas, como ambas estão em lados opostos da chave do mata-mata, a única possibilidade seria uma final ou semi-final coreana, o que é menos provável do que o candidato do PSTU ganhar as eleições presidenciais do ano que vem.

Concluindo, futebol é uma ferramenta de soft power interessante de ser utilizada, e, nesse sentido, o Brasil vem se saindo muito bem, obrigado. Além do Jogo pela Paz, realizado no Haiti em 2004, a "marca" do Brasil é muito bem difundida por todo o globo: o nome "Ronaldo" é imediatamente associado ao jogador do Corinthians em qualquer lugar, assim como Brasil é associado ao futebol bonito. Nosso presidente recentemente sugeriu uma partida entre Brasil e um combinado de Israel e Palestina. Trata-se de benevolência futebolística (afinal, segundo a notícia, Lula quer jogar de centro-avante) ou de mais um movimento para participar das grandes questões internacionais, visando a uma vaga permanente no UNSC? Que outras medidas poderiam ser tomadas nesse sentido? Fica a pergunta para os modeleiros.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

UPDATE - Novo chefe na casa

Lembra desse post, amiguinho modeleiro? Grave esse rosto, porque é ele que você vai ver ao lado da Presidenta nas viagens internacionais e até sozinho, liderando as atividades da nossa chancelaria. Os jornais brasileiros confirmaram hoje o nome de Antonio Patriota como o indicado de Dilma Rousseff para o Ministério das Relações Exteriores.

Sucessor do aclamado Celso Amorim (o sexto pensador global mais importante de 2010, de acordo com a Forbes), Patriota ainda não foi confirmado oficialmente pela equipe de transição. Neste artigo, o Estadão relata a reação de dois companheiros do Itamaraty à indicação de Patriota, os embaixadores Jerônimo Moscardo e Afonso Massot. Leia o post antigo abaixo, com alguns links interessantes. Boa sorte ao nosso futuro chefe, o Chanceler do Brasil, Embaixador Antônio Patriota!

O Ministro de 1a classe Antonio Patriota tomou posse no cargo de Secretário-Geral do Ministério das Relações Exteriores hoje à noite no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Ele substitui o Embaixador Samuel Guimarães, que deixou o cargo para assumir outro posto no Governo Federal, o de Ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Carioca, Antonio Patriota tem 55 anos e era, até a última semana, o Embaixador do Brasil junto aos Estados Unidos. Não precisa nem dizer que esse é um dos cargos mais importantes na diplomacia brasileira, né =D? Ele deixa esse grande posto pra assumir outro posto muito importante, ainda mais que o anterior. Como eu disse no Twitter, a imprensa gosta de chamar o cargo de Secretario Geral de "vice-chanceler" ou "número dois do Itamaraty", subordinado, dentro do ministério, apenas ao Ministyro Celso Amorim, hierarquicamente falando. Acho que, pra imaginar um pouco de que rumo o Ministério deve tomar, vale citar um pouco daquilo que ele fez na carreira diplomática.

Antes de Washington, onde ele esteve desde fevereiro de 2007, Patriota também serviu nas representações do Brasil na OMC; em Nova York, para as Nações Unidas; Venezuela, China e outras OIs em Genebra. Em Brasilia, ele foi chefe de gabinete do Celso Amorim, além de outros postos de chefia no Palácio. O cara é graduado em Filosofia pela Universidade de Genebra, boa né?

Abaixo, listo alguns links de interesse pra quem quiser saber mais sobre as idéias e posições do novo Chanceler

* http://bit.ly/18rLH7 - Aqui, do portal R7 de notícias, íntegra do discurso do Embaixador na posse como SG, em 27 de outubro

* http://bit.ly/1Xmd5a - Estadao falando sobre a dança das cadeiras no Itamaraty ao fim do governo Lula. Interessante pra acompanhar a troca dos nomes.

* http://bit.ly/SngZg - "Quem é esse Patriota?", notinhas da Istoé Dinheiro em 2007, quando o Embaixador assumiu Washington. Notem que, de acordo com eles, a prioridade é o CSNU. Ele também já foi staff do Brasil no Conselho.

* http://bit.ly/4ufH4M - Também de 2007, Eliane Cantanhêde entrevista o Embaixador.

* http://bit.ly/35A0xF - Outra entrevista, com declarações sobre diversos tópicos.

Dessas notícias todas, comento brevemente só o discurso. Não conheço o Embaixador de ocasiões anteriores. No mais, ele me pareceu bastante leal à figura do Amorim, além de muito político, ao usar o nome do seu adversário na nomeação, se é que podemos chamá-lo assim, para cumprimentar aos embaixadores. Boa notícia aos wannabe-diplomats como eu, ele promete dar prosseguimento ao trabalho pela ampliação dos quadros no Ministério. Esperamos que sim, e espero chegar a tempo de tê-lo como chefe lá no alto da escadaria dos organogramas.

Boa sorte ao novo SG. OPA, ao novo Chanceler

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

É Deca!



Não, não estou falando da fabricante de acessórios de banheiro.

Mais importante que a Copa do Mundo de 2014, muito mais importante do que as Olimpíadas de 2016, o Brasil foi escolhido para uma das vagas não-permanentes do Conselho de Segurança 2010-2011!

Mais uma grande vitória da nossa nação/potência emergente, conquistada a sangue, suor e lágrimas no campo de batalha da Assembléia Geral da ONU, certo? Ahm... Not really, no.

Como grande parte das votações/eleições que acontecem no âmbito de variegadas organizações internacionais, esta também era um jogo de cartas marcadas. Os cinco canditados (Bósnia e Herzegovina, Brasil, Gabão, Líbano e Nigéria) não tiveram nenhum concorrente direto às suas respectivas vagas regionais, e todos foram eleitos com esmagadora maioria de votos (o mais votado foi Nigéria, com 186 votos, e o menos votado, Líbano, com 180).

Há de se convir que não é surpresa vermos o Brasil eleito para o UNSC mais uma vez. Junto com o Japão, nosso país é o que mais vezes foi eleito para o Conselho de Segurança (10 vezes, contando com essa). E, afinal de contas, pleiteamos uma vaga permanente desde a Conferência de São Francisco.

Além disso, caso nossos leitores tenham acompanhado a Abertura da 64ª AG aqui no Representatives of the World, notaram que 9 entre 10 discursos de chefes de Estado/governo – desde nosso estimado Líder da Revolução Coronel Muammar al-Qadhafi até o presidente Nicolas "tô pegando a Carla Bruni" Sarkozy – mencionavam a necessidade de reforma do Conselho de Segurança para se adequar aos novos tempos.

Isso não significa, é claro, que a eleição foi uma barbada. Com certeza essa "candidatura única" do Brasil, que entrará na vaga da Costa Rica, é o resultado de uma pesada negociação por trás dos panos, e nossos diplomatas merecem todo o crédito pela eleição. Já dizia Milton Friedman que não existe almoço grátis – e com certeza a comida na mesa do UNSC é mais cara.

sábado, 3 de outubro de 2009

So long, and thanks for all the fish

Car@s amig@s modeleir@s,

Confesso que demorei a vir escrever isto aqui, pois ainda pensava que teria alguma outra solução, que não a "aposentadoria". Porém, não havia outra solução. Eu pensei em escrever uma "carta-despedida" ou coisa do tipo, mas achei que seria extremamente brega. Então, darei um tchau (ou um até breve, que creio ser mais realista e também de maior vontade da minha parte) da forma proposta por esse blog: falando de uma simulação. E gostaria de falar sobre uma simulação um pouco mais específica do que as grandes MUN's, que podem ter de tudo.

Me despeço, até segunda ordem, do mundo modeleiro e deste blog, pois minhas prioridades deram uma guinada. A vida diplomática da simulação deu lugar à vida política da realidade. Entre outras coisas, meu tempo anda curto e no ano que vem serei candidato a vaga eletiva aqui em Brasília, o que tem tomado uma significativa parcela daquilo que é prioritário para mim. Mas quem sabe, um dia vocês verão em modelos Brasil afora, um deputado modeleiro! Por isso me despeço com o post que vem a seguir:

Seja um Deputado Federal por 3 dias. Diferentemente de outras MUN's que fazem comitês históricos, simulam Senado Romano e coisas do tipo, este modelo trata apenas dessa parte política. Esse é o grande atrativo do Projeto Politeia. Um projeto guiado por alunos do curso de Ciência Política da UnB que coloca alunos universitários de várias instiuições na pele de um Deputado Federal, propiciando treinamentos anteriores à simulação e mais três dias de trabalho duro. E acontece lá dentro da Câmara dos Deputados com toda a logística e o máximo de realidade!

Foram simulados 4 Comissões (Comissão de Educação e Cultura; Comissão de Direitos Humanos e Minorias; Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania; e Comissão Especial de Reforma Política) e 5 Partidos, proporcionalmente divididos entre 85 estudantes universitários de vários cursos da UnB, bem como da UFMT, UFRJ e do IESB (eu). Os partidos simulados foram: PMDB (30 deputados), PT (25 deputados), PSDB (10 deputados), Democratas (10 deputados) e PSB (5 deputados).

Foi uma experiência sensacional. Além de ficar nas comissões, onde pude defender meu projeto de Lei e peguei o trabalho mais pesado da simulação, sendo relator de 7 Projetos apensados (anexos, pois tinham conteúdos similares), pude respirar de fato, sentando nos mesmos lugares, usando os microfones, agindo como um legislador e recebendo o tratamendo devido.
E tenho uma coisa a dizer: é muito cansativo ser um deputado! Nesses três dias pude ver que, se a pessoa quer fazer a diferença, tem que ralar MUITO!

Talvez por isso que muitos trabalham pouco e pouquíssimos trabalham muito. Mesmo assim, foi um cansaço que deu gosto, pois as leis estavam sendo feitas, discutidas e todos estavam com o espírito de fazer alguma diferença, representar a sociedade e trabalhar para ela, por ela! Aprendi que não é necessário fortunas para fazer este trabalho, muito menos de roubalheira. O que falta é amor à coisa! Amor ao Brasil e vergonha na cara.

Lá pude fazer parte da Mesa Diretora, sendo 1° Secretário da Casa e abaixo foi um breve momento presidindo os trabalhos.

Ficaram muitas amizades e um profundo aprendizado sobre o processo legislativo. Aprendi muito e me apaixonei mais ainda por esta vida, que anda tão em baixa, por conta daqueles que não pensam no coletivo, mas no próprio umbigo, infelizmente. A seguir deixo a matéria da TV Câmara que cobriu do início ao fim o evento.




Espero que gostem e desculpem pela extensão do post! Mas não sei quando poderei fazer outro nestas searas. Foi com muito pesar e dificuldade que resolvi dar este tempo e seguir meu sonho de vida. Espero que cada leitor e leitora aqui, bem como meus amigos redatores, possam seguir e alcançar os seus próprios! Por isso não digo adeus e não saio desse meio para sempre.

Até logo, queridos e queridas modeleir@s e aos queridos amigos redatores: Cedê, Napoleão, Pereira e W.A.; JP, Nogueira e Phil. Espero voltar a postar aqui em breve! Grande abraço a vocês!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Lá e de volta outra vez, no Conselho de Segurança

Que eu fui ao GMUN vocês leitores do blog já sabem. O que vocês não sabem é como foi o modelo mais ONU possível. O Phil começou num post anterior a mostrar para vocês como foi essa experiência modelística única, e hoje eu vou tentar explicar mais um pouco. Se é que é possível.

Passei pelo mesmo problema de não ter como dizer às pessoas como foi o GMUN. Simplesmente não tem como. Pior ainda são as perguntas “ele foi melhor que os modelos brasileiros?”. Eu só consigo responder: “não sei!”. Parecem dois mundos completamente separados e incomparáveis.

Bom, para mim o GMUN começou efetivamente em Maio, quando rolaram as eleições para Official. Eu fui pré-selecionado e shortlisted para ser candidato, mas não votaram em mim e eu não fui eleito. Até então eu tinha desistido de ir, simplesmente não tinha grana para bancar uma viagem à Genebra. No meio do caminho, eu descobri que representaria a gloriosa Turquia no Primeiro Comitê da AG e no Conselho de Segurança, o que me deixou bem animado. No dia 13 de Julho, dois dias antes do meu aniversário, eu recebi a notícia (direto de New York) de que a Nestlé ia bancar minha passagem. E o melhor, nem pediram para eu passar a viagem inteira me entupindo de produtos da Nestlé!

Esse post é um oferecimento de Nestlé!

No mesmo dia 2 de Agosto eu embarcava feliz e sorridente para aquilo que seria a minha primeira viagem alhures. Quem me conhece sabe que eu tenho uma cara que lembra a de um membro pleno da Al Qaeda ou coisa parecida, por isso tratei de me vestir todo de US and A. Camisa dos Marines dos EUA, boné da NASA e no notebook um adesivo do Department of State. Funcionou XD

Meu vôo foi pela Tamancos Aéreos Portugueses, escala na cidade dos nossos descobridores: Lisboa. Vôo bem light, confortável, assistindo filme e voando de A330 na mesma rota em que, alguns meses antes, um A330 da AirFrance havia sumido, super supimpa. Depois de uma breve espera em solo lusitano, decolamos com atraso de 50 minutos rumo à Suíça.



E foi aí que a realidade me acertou na cara com um taco de baseball. Até então eu tinha saído do Brasil, num avião da TAP, com escala em Lisboa e fui até Genebra em um avião também da TAP. Ou seja? Só tinha lusofônicos ao meu redor. Ao desembarcar em Genebra eu lembrei que não falo francês e que estava finalmente fora do Brasil. Graças aos céus o controle alfandegário suíço é muito simples: você entra e ninguém ta nem aí pra isso. Como o Phil disse você tem que escolher entre duas portas. Uma vermelha que dá num corredor meio escuro; é a porta para quem tem algum bem a declarar. E uma porta verde que dava para o saguão do aeroporto. Eu, ressabiado, olhei e fiquei em dúvida: “porta com pessoas felizes no saguão ou a porta do corredor semi-escuro?”. Pessoas felizes.

Vamos ao GMUN. Como o Phil disse, primeiros dois dias foram de avisos, passeios pela ONU e uma passagem de regras bem muquirana. E é sobre as regras que eu queria falar um pouco. Eles REALMENTE simulam como a ONU funciona, ou seja, até as partes burocráticas e boring. Como a simulação era da Assembléia Geral, havia a sessão plenária com os discursos de abertura e votação de confirmação de agenda, assim como há na AG real. Convenhamos, ninguém vai vetar um tema que está sendo trabalhado o ano inteiro no modelo, até por que se ele for vetado simplesmente não vai haver tema para discutir. Achei mega desnecessário, mas foi bom para pegar o feel de como funciona a ONU for real.

O Comitê.

As regras de debate são simplesmente out of this world. Você só pode se pronunciar oficialmente UMA vez. O que a gente faz no Brasil é como se fosse um mega debate informal. Em uma comparação meio tosca, os nossos discursos iniciais são os únicos discursos oficiais que fazemos no organismo, tudo que vem depois é debate informal moderado de uma forma ou de outra. Foi muito estranho e difícil de se acostumar, já que NINGUÉM conseguia acreditar que só faria UM discurso. No fim conseguimos trabalhar com unmoderated infomal consultations e moderated informal consultations que funcionam exatamente como debate não-moderado e moderado, respectivamente. Outra coisa interessante, a lista de oradores é feita ANTES de começar a primeira sessão. Você se inscrevia diretamente com o Chairman, ou seja, ou tinha que parar o cara no corredor ou enviar um e-mail falando que queria se pronunciar.

O Conselho de Segurança.

Bom, eu não acerto na loteria por que não jogo. Sim, nós tivemos uma situação de crise com reunião do Conselho de Segurança. Em um determinado momento fomos TODOS chamados no meio da sessão do comitê para a sala da Assembléia Geral, onde a Secretária-Geral nos disse que havia uma situação se desenvolvendo na República Centro Africana, com direito a um vídeo filmado diretamente de Nova Iorque. E nesse ponto entra a minha maior crítica ao GMUN: os delegados deveriam ser os melhores do mundo. DEVERIAM, pois não são. Eu, em desespero fui correndo para a biblioteca da ONU e pesquisei TUDO que era possível sobre a República Centro Africana, TUDO. Deu tempo de imprimir, ler, fazer uma pesquisa gigante e voltar pro comitê antes do almoço.

Depois do almoço fomos chamados novamente para a sala da Assembléia Geral, onde assistimos a um novo filme, falando que a situação estava se deteriorando e havia a possibilidade de que rebeldes tomassem a capital do país. Nesse momento chamaram o Conselho de Segurança para uma reunião informal e preliminar. E aí a coisa começou a degringolar. Ninguém fazia idéia do que estava acontecendo, alguns não sabiam onde ficava a República Centro Africana, e eu me recusava a acreditar que fui o único que se preocupou em estudar o caso depois do primeiro vídeo. A reunião foi basicamente: “eu não sei nada sobre a RCA, então comofas?”. Até o ponto em que a Presidente, United Kingdom, teve que adiar a sessão para o fim da tarde, a fim de que as pessoas pudessem estudar alguma coisa. Aproveitei para conversar com alguns delegados, passando pra eles o que eu havia estudado, etc.

No fim da tarde na nossa reunião, parecia que tudo estava certo. As pessoas (de posse da pagina da Wikipedia sobre a RCA) conseguiram discutir alguma coisa e eu fui pro Hotel com a esperança de que as coisas saíssem do papel.

No dia seguinte a catástrofe me esperava. Como sempre, em reuniões do CS, o objetivo final de uma crise desse tipo é uma missão de paz. O problema é: ninguém fazia idéia de como o CS trabalhava e criava uma missão de paz. O procedimento, o mandato, nada! Quando eu comecei a falar de SOFA eles então acharam que eu era um ET. Me irritei tanto com os delegados que em determinado momento eu simplesmente me levantei e fui embora. Peguei o computador e fui escrever uma resolução. Voltei para a próxima sessão, em silencio, enquanto as pessoas percebiam que não iam chegar a lugar nenhum, enquanto isso eu continuava a escrever uma resolução. Mais pro fim, quando as pessoas descobriram que a solução era realmente fazer a missão e que ela não podia ser feita nos moldes que eles estavam propondo alguém fez um comentário: “mas a gente não tem mais tempo para fazer uma resolução”, foi a minha deixa “mas eu já tenho uma aqui 95% pronta.” Eles amaram a resolução, estava tudo certo, até aparecer a Secretária Geral com a sugestão mais descabida possível.

Para explicar isso precisamos entender a RCA, ela faz fronteira com Darfur e lá o fluxo de refugiados é muito grande. Para piorar, o país é, segundo especialistas, menos que um Estado Falido: é um Estado na UTI. Há uma missão da ONU lá, a MINURCAT, que cuida dessa fronteira com o Sudão. O problema é que a MINURCAT não recebeu nem metade do contingente aprovado pelo CS, o que significa alguns 1000 homens. A idéia da SG era retirar parte do contingente da MINURCAT que fica na parte leste do país, e mandá-los sob um novo mandato para a região oeste (onde estavam sendo as revoltas). Isso simplesmente não faz sentido, enfraquecer uma missão já enfraquecida e criar uma nova missão em região de conflito, com o objetivo de usar a força contra insurgentes com somente uns 200 soldados. Os delegados, para variar, tomaram a sugestão da SG como uma verdade universal e eu fui obrigado a incluir uma clausula com essa coisa absurda. Pelo menos o tempo acabou antes que pudéssemos votar qualquer coisa. Na realidade o CS não teve nenhuma reunião oficial, não houve discurso oficial, só informal consultations com uma proposta de draft resolution (que não chegou a ser draft de verdade).

E esse foi o CS do GMUN. Algo meio bizarro, mas divertido anyway. Consegui escrever a mais bela resolução da minha vida modelística, pena que ela não foi usada. Se valeu a pena? Claro que valeu.

Mais detalhes, se é que há algum, em um futuro próximo nesse mesmo batcanal.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Live, from New York, it's UNGA!

Bem amigos, mais uma vez, o Representatives of the World traz a você, leitor, com (alguma) exclusividade, a cobertura dos discursos de abertura da 64ª Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas! Fique ligado e não perca, nossa cobertura e o evento começam às 10:00am, horário oficial de Brasília!

Update: Obrigado por acompanharem o primeiro dia da 64ª sessão da AGNU conosco, nosso webcast não seria a mesma coisa sem os comentários de vocês!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Lá e de volta outra vez

O Modeleiro Viajante é uma série de posts que tratam da incrível experiência da ida (e, quiçá, volta) a um modelo de fora do estado. Leia o primeiro post aqui.
Edição internacional extraordinária - Global Model UN


No shoe-banging allowed.
De uns tempos pra cá, uma cena vem se repetindo comigo nos coffee-breaks modelândia afora. Quando a pessoa que está conversando comigo olha para minha credencial e lê meu nome (convenhamos, ele não é lá muito comum em terras tupiniquins), a pergunta que se segue é "aaah, você estava naquele modelo em Genebra? Como foi?"
Vejam bem, não é por uma questão de antipatia, mas eu geralmente respondo com um curto e grosso "foi f*da". Afinal, a experiência toda iria demorar algum tempo para ser relatada, e a comida do coffee-break é finita. Mas, é claro, a viagem merece um pequeno relato.

Diplomata que é macho viaja de econômica. Por 11 horas. Seguidas.
Era a gloriosa manhã do dia 2 de agosto quando nosso possante 747-400 aerofrancofônico aterrou no Aeroporto Internacional Carlinhos da Gália, em Paris.

A burocracia imigratória foi impressionantemente... Rápida. Consistiu basicamente no jovial senhor guardião das fronteiras européias olhando minha cara, meu passaporte (brasileiro, diga-se de passagem) e resmungando algo do tipo bienvenu en France. Gostei, pelo menos o nome complicado serve para alguma coisa.
Após uma rápida ponte aérea até Genebra, fui mais uma vez vítima da (ausência de) burocracia aeroportuária. Vejam vocês que a seção de "nenhum bem a declarar" da alfândega suíça se constitui de uma porta. De saída. Para o terminal. Nada de guaritas, nada de formulários, nada de apertar botão e torcer pra luz verde acender. Bom brasileiro que sou, passei meio ressabiado - quando a esmola é grande, o santo desconfia.
Hotel com opcional dignidade
Pulando para o modelo, os dois primeiros dias foram dedicados a palestras e instruções do Secretariado. Logo após o credenciamento, tivemos uma visita guiada no Palácio das Nações e pudemos estar em salas que fazem parte da história dos MUNs. Tivemos também uma exposição com representantes de vários organismos multilaterais baseados em Genebra, como a OIT e até mesmo o CERN!

Sala do Conselho de Direitos Humanos

Reforma da ONU

Sala da Conference on Disarmament. Antiga sala do Conselho da Liga das Nações.
Maoi! Quem quer peacekeepers?
O Secretário Geral não pôde estar presente, mas gravou uma vídeo-mensagem para a cerimônia de abertura. Tivemos também a apresentação de um coral africano típico (não, não cantaram "Baba Yetu"), além dos vários discursos de praxe.

Disarmament and International Security - 1º Comitê da Assembléia Geral
Como dito em um post mais antigo, eu representei a Federação da Rússia no 1º Comitê da AG. Isso teve suas vantagens: por exemplo, os russos eram mais simpáticos comigo, dentro da medida de sua frieza característica. Mas a conseqüência mais importante disso foi que eu fui convidado a participar de uma reunião com o representante permanente russo em Genebra.
Junto com os russos, atravessei a rua que separa o Palácio das Nações da Missão Permanente da Federação da Rússia (sério, é só atravessar a rua mesmo). Enquanto éramos levados a uma enorme sala de reuniões, os russos fizeram o favor de me ensinar qualquer coisa em russo para falar com o embaixador (convenhamos que não é a melhor política iniciar o diálogo com o embaixador russo em inglês):
Dobry den! Uvazhaemyy gospodin posol. Eto bol'shaya chest' dlya menya, pzisutst vovat na etoy vstrech'e.
Pelo menos era isso que estava escrito no papel. Enfim, quando o embaixador chegou, ele começou uma palestra de uma hora sobre política externa russa. Em russo. Imaginem vocês que foi muito proveitoso. Uma das meninas que estava me ajudando, a Aneliya, disse a ele que eu era brasileiro e que estava representando a Rússia no GMUN. Eu juro que tentei falar a frase inteira, mas tudo o que saiu foi "Dobry den!", esqueci o resto. Ele, muito gentil, falou ok, you can speak in english.
No final das contas, a visita foi bastante interessante. Pude conversar com o embaixador russo na Conference on Disarmament e tirar umas dúvidas sobre política externa diretamente da fonte. Além disso, ainda ganhei dois presentes dos russos no final do modelo: um doce típico e uma colher decorativa (tá, eu sei, mas para mim tem valor sentimental).
Considerando tudo, foi uma ótima experiência. Vou deixar outros detalhes do MUN para futuros posts e para o camarada JP, que representou a Turquia no 1º Comitê e no Conselho de Segurança!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

XII AMUN: Leitor e Delegado

NÃO SABE o que é um Pogobol???

Uma experiência sociológica e antropológica. Só assim posso definir a minha semana em Brasília participando do XII AMUN depois de ter largado dessa vida de vício por quase um ano sem participar de modelos e depois de um ano e meio de formado. Mas não pude recusar o convite feito pela delegação gaúcha e lá fui eu para o Conselho de Segurança representar a Rússia...

A primeira (e chocante) impressão que tive foi a imensa diferença de idade. Sério, eu tava me sentindo o avô da galera! Um bando de delegados que não tinham visto a queda do Muro e que até pouco tempo atrás eram meus delegados na SiEM... até aí tudo bem, mas não saber o que é um pogobol... FRANCAMENTE! A modernização também chegou para ficar... Ao invés de bilhetinhos, todos os delegados se comunicam pelo MSN ou Twitter; no meu primeiro modelo, apenas dois delegados tinham computador (e a mesa, nenhum!).

Brincadeiras a parte, o age gap foi o que mais me marcou; grande parte do pessoal está no primeiro ou segundo ano de faculdade, com algumas participações em modelos de Ensino Médio nas costas. Uma senhora faca de dois gumes: por um lado, essa juventude é justamente o que o cenário modeleiro precisa para se renovar e enterrar once and for all certos fantasmas do passado; por outro, uma falta de experiência em certos assuntos acaba por engessar certas possibilidades que apenas deixam modelos mais interessantes de se participar.

Foi com um tanto de surpresa que vi um grupo de mais ou menos 15 delegados se reunir ao redor de mim que nem escoteiro ao redor da fogueira ao ouvir “Cara, ele tava na Babá Egípcia!”. Eles não faziam a menor idéia do que aquilo era, mas sabiam que significava algo definitivamente ruim; os ecos dos tropeços do passado ainda são ouvidos hoje, mesmo que bem apagados. Muita coisa já foi feita para evitar futuros erros, mas em alguns aspectos estão exagerando; não permitir Friendly Ammendments (ou nem saber o que elas são) já é um pouco xiita, fala sério... Eu sei que o Secretariado deve sempre se preparar para o pior, mas nem tanto, né?

Porém, esses são tropeços inevitáveis que são corrigidos facilmente numa próxima edição. O que me deixou realmente incomodado foi a permanência de dois pecados capitais na organização de modelos: a falta de intercâmbio e a política de prêmios.

A grande quantidade de novatos, aliada a parca participação de modelos fora do estado natal leva à uma estagnação de interpretação de regras de procedimento e de criatividade na hora de pensar temas de discussão e crises. Resultado: morosidade e reclamações de head delegates mais experientes.

Quanto aos prêmios, já sou da opinião que eles deveriam ser extintos há muito tempo. Mas já que alguns insistem em mantê-los, apenas peço: Um pouco de coerência, por favor! Dar prêmio a delegado que jogou a política externa no lixo ou que nem seria elegível segundo o award policy só faz diminuir a credibilidade acadêmica da organização.

Nem tudo está perdido, no entanto. Não escrevi esse artigo para ficar falando “no meu tempo era diferente...” nem ficar botando defeito em todo mundo. Há sim uma nova geração que está de parabéns em todos os modelos que ainda existem no Brasil e que podem continuar mandando muito bem; só precisam lembrar das coisas boas e ruins que foram feitas anteriormente e promover maior cooperação entre faculdades e alunos, porque a receita para o desastre nesses casos é fechar-se em si mesmo e achar que é suficiente (ou pior, achar que é melhor assim).

E é isso! Um abraço a todos e desejo muito boa sorte a todos que começam e continuam a modelar.


Colaboração do leitor e Modeleiro Bruno "Google" Almeida.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Comunicado Urgente



O Corpo de Editores deste blog vem informar que,

1. Dos 2 [dois] editores da primeira geração deste blog que prestaram o Concurso para Admissão à Carreira de Diplomata

DOIS PASSARAM! \o/

Parabéns, Pereira e Napoleão! Vitória Merecida! Desejamos muito sucesso e boa sorte para voocês nessa nova etapa.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

We are not Brazil


Acabaram de sair as representações e comitês dos delegados do principal modelo da ONU do mundo. Como os senhores devem ter lido aqui neste blog a nossa querida Organização das Nações Unidas criou um modelo, modelo este que antes de acontecer já se consolida como o melhor modelo da face da terra (os porquês serão matéria de um outro post). O mais legal é que, até onde minha experiência pode confirmar, este é o modelo internacional com a maior participação de delegados tupiniquins (dois editores deste amado blog, inclusive e quase todo o secretariado do ONU Jr). Pindorama não só está representada em número mas em qualidade. Não nos deram algo como o Lichtenstein do camarada Napoleão (se não me engano no World MUN), rolou até P5 (edit: agora são DOIS P5)!
Sem mais delongas:

João Pedro "JP" Sá Teles - Republic of Turkey, Head of Delegation, 1st Committee and Security Council
Philip "Phil" Hime - Russian Federation, 1st Committee
Natalye Gembatiuk - Republic of Angola, 3rd Committee
Giovanna Alevato - Kingdom of Belgium, 2nd Committee
Letícia Tostes - Canada, 2nd Comittee
Daniel Rio Tinto - Islamic Republic of Pakistan, 1st Committee
Ricardo Meneses - Republic of Kazakhstan, 1st Committee
Carolina Defino - Republic of Benin, 2nd Committee
Bia Albernaz - French Republic, 1st Committee

Sem contar ainda com o pessoal que está na organização do modelo, o mineiro Roberto "Beto" Gama, como Secretário do Primeiro Comitê e a carioca Barbara Bravo como Chairperson do Quarto Comitê.

Pra quem não entendeu o motivo de eu ter milhões de cargos, você não está sozinho. Eu também não entendi. Só sei que gentilmente pediram que eu me preparasse sobre a política externa da Turquia no Conselho de Segurança. A nossa teoria é de que haverá uma simulação de uma reunião de emergência do CS no meio do modelo, e não querem falar pra gente. Se for isso mesmo, vai ser deveras divertido.

Parabéns a todos, a modelândia brasileira está bem representada e agradece profundamente.

Ainda faltam algumas pessoas (e informações) nesta lista, nos ajudem a descobrir!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O aluno no centro do aprendizado


(Matéria originalmente publicada por Cedê Silva no site do Ceale, Faculdade de Educação, UFMG)

AS CARTEIRAS DA SALA DE AULA estão dispostas em círculo. Os alunos, trajando terno e gravata, falam um jargão próprio: “questões”, “moções”, “sanções”, “comitês”. Não se trata de um debate qualquer: o professor nem sempre está em sala. Na verdade, os alunos sequer defendem a própria opinião. Com entusiasmo, sustentam os pontos de vista de potências estrangeiras, teocracias islâmicas, ditaduras comunistas e até de países que não existem mais. Quem organiza os encontros é um aluno que, empunhando um martelo, concede a palavra aos debatedores, chamados de “delegados”.


Esse é o cenário no CM Mundi, simulação política realizada semestralmente, desde 2006, no Colégio Militar de Belo Horizonte (CMBH). Segundo o professor Capitão Edmundo Alencar, o CM Mundi surgiu por iniciativa dos alunos: “eles tiveram experiência em simulações fora do colégio e nós acabamos comprando essa ideia, vendo o potencial que ela tem no aspecto educativo”.


Na Escola Estadual de Ensino Médio Baltazar Oliveira Garcia, em Porto Alegre (RS), foram estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que levaram a prática para o colégio. Em maio de 2008, catorze alunos do terceiro ano assumiram o papel de diplomatas e participaram de uma discussão, acompanhada pelo professor Jonas Oliveira, sobre aquecimento global e mudanças climáticas. “Decidimos que a simulação seria feita para o 3º ano porque eles demonstraram um alto interesse na atividade. Uma das estudantes da UFRGS chegou a comentar, inclusive, que nunca tinha visto um grupo tão politizado. Acabei aprendendo, com meus alunos, muitas coisas sobre política”, conta o professor, orgulhoso.


Como Funciona

As Simulações das Nações Unidas, também conhecidas como modelos ou simplesmente simulações, são uma ferramenta didática antiga. Precedem a própria ONU (na década de 1920, alunos de Harvard já simulavam a Liga das Nações, hoje extinta). No Brasil, só chegaram em 1998, com a criação do Americas Model United Nations (Modelo das Nações Unidas das Américas), da Universidade de Brasília. Voltado para universitários, o projeto é realizado em julho na capital federal e, neste ano, completa sua 12ª edição.

A prática das simulações é semelhante aos debates em sala de aula: as carteiras ficam dispostas em círculo e são os alunos que falam por todo – ou quase todo – o tempo. Mas há três diferenças cruciais: a primeira está no fato de que os estudantes não dizem necessariamente o que pensam, mas debatem os pontos de vista dos governos que representam. Para isso, cada um interpreta o papel de diplomata de um determinado país.


A segunda diferença é que eles não discutem apenas para trocar ideias. Em quase todos os casos, há o texto de uma resolução em jogo. É como se fosse uma redação em grupo, com vários interesses envolvidos. Os alunos devem não apenas debater tecnicamente o assunto, mas formar alianças, somar votos e neutralizar os argumentos adversários. E a terceira diferença é que os estudantes sempre simulam um órgão específico (o comitê), com suas próprias regras, funções e poderes.


Vantagens

Para o professor Edmundo Alencar, as vantagens das simulações em relação a uma aula expositiva comum são muitas. “Simulações motivam, fazem o aluno pesquisar. Ele procura aprender antes de simular, e durante a simulação também há um incentivo grande ao aprendizado porque ele volta no outro dia para a escola com novos conhecimentos.” O professor acredita, ainda, que esta prática estimula o aluno a estudar por conta própria e a “andar com as próprias pernas”.


Jonas Oliveira complementa: “essa aprendizagem contextualizada tem outro valor porque o aluno teve de estudar história, política, geografia, dados matemáticos e físicos para compor sua argumentação”.


A prática das simulações parece alcançar um antigo objetivo: colocar os alunos no centro do aprendizado. “Cabe aos professores complementar, em termos de informação, dar suporte e ajudá-los a tirar dúvidas”, diz Edmundo Alencar. No caso do CMBH, o professor acrescenta que os docentes apoiam, também, organizando a estrutura física, possibilitando o acesso a salas de aula e fornecendo o suporte, a segurança e os materiais necessários para que o evento aconteça.


Como Fazer

Criar uma simulação requer passos simples e há farto material gratuito disponível na internet que pode contribuir com o trabalho. Basicamente, o organizador deve decidir três elementos: o assunto, o comitê, e os países que vão participar da discussão. Uma vez decididos o comitê e o assunto, o organizador informa aos interessados a lista de países disponíveis, que podem ser distribuídos entre os alunos das mais variadas formas. Na última simulação do Colégio Militar, por exemplo, realizada em março de 2009, essa lista de atores internacionais era definida pelo próprio assunto – os países que realmente participaram do Congresso de Viena (1815). Já na E.E. Baltazar Oliveira Garcia foram os alunos que escolheram seus países, de acordo com seus interesses culturais e familiares.


A estudante Maria Luísa Pereira, do 3º ano do Colégio Militar, foi organizadora dessa sétima edição do CM Mundi, em março. Ela estreou nos modelos em 2007, na segunda edição do evento. De delegada, passou a chefe da delegação de seu colégio na SiNUS (Simulação das Nações Unidas para Secundaristas), da UnB; e, em seguida, tornou-se diretora do CM Mundi. “Eu simplesmente me apaixonei por simulação. Pela forma como as reuniões são conduzidas, como você é obrigado a se portar. É uma sensação indescritível estar no meio de uma sala, participando de ‘reuniões internacionais’, tentando defender um ponto de vista. É incrivelmente envolvente,” diz.


Para quem não pode organizar uma simulação no próprio colégio ou quer conhecer melhor a prática antes de adotá-la, existem as simulações intercolegiais, promovidas por universidades e frequentadas por dezenas de escolas diferentes - muitas vezes num contexto competitivo.


Nas Escolas

Quase todas as simulações da ONU no Brasil são organizadas por estudantes universitários, a grande maioria vindo dos cursos de direito e de relações internacionais. O fato de serem promovidas por graduandos, contudo, não implica que sejam eles o único público. O maior evento do tipo no país, que reúne cerca de mil “delegados” do ensino médio, todos os anos, é o MINI-ONU (Modelo Intercolegial da ONU), promovido pela PUC-Minas. Criado em 2000, o evento é o mais antigo modelo voltado para o ensino médio no Brasil e, em outubro, completa sua décima edição. Dezenas de eventos do tipo são realizados a cada ano no Brasil, quase todos em capitais.


Todos os modelos listados abaixo aceitam estudantes de ensino médio de todo o Brasil. As inscrições são feitas pela internet e é cobrada uma taxa por delegado. Alguns modelos isentam desse pagamento os alunos de escolas públicas e há um, em São Paulo (o Global Classrooms), exclusivo para escolas públicas. Geralmente, um professor responsável pode ser inscrito de graça – em alguns casos, esta presença é obrigatória. A maior parte das simulações é conduzida inteiramente em português. Porém, alguns modelos oferecem “comitês” (organizações simuladas) em inglês ou espanhol.

Distrito Federal
8ª SiNUS -
www.sinus.org.br

Minas Gerais
10º MINI-ONU -
www.pucminas.br/mini-onu

Rio de Janeiro
6º MIRIN - www.mirin-puc.com
7º ONU JR. -
www.onujr.com

São Paulo
5º Fórum FAAP - www.faap.br/forum_2009
Global Classroomswww.gcsp.org.br (Exclusivo para a rede pública de São Paulo)
4º PoliONU -
www.sistemapoliedro.com.br/polionu/polionu.html
4ª SiEM -
www.siem.org.br

Autor: Cedê Silva

quinta-feira, 18 de junho de 2009

XII AMUN - Countries Assignment release

DESIGNAÇÃO DE PAÍSES

MODELEIROS WORLDWIDE,

Faltando 30 dias para o XII AMUN,
o Representatives of the World vem, mais uma vez, compartilhar com os senhores a tão esperada designação de países!

Como o Nogueira falou anteriormente, começaremos aqui a cobertura e divulgação dos países para a XII AMUN!

Até agora, temos alguns nomes, que serão atualizados pela nossa equipe de acordo com que as informações forem constatadas pelos editores e enviadas por vocês, nobres delegados! Não deixe de enviar para correiodiplomatico@gmail.com o país e sua Faculdade (e local, se necessário), ou aqui nos comentários!

Lá vamos nós!

(As primeiras atualizações foram tiradas, mas continuamos atualizando! Mandem suas delegações!!)
19/06 - Atualizado às 00:54
24/06 - Atualizado às 18:05: Áustria, Croácia, Sérvia e Uganda.


Os π-5 !!!
China + Chade: PUC-Minas + UFMG
Estados Unidos: UnB
Federação Russa: UFRGS!
França: USP
Reino Unido + Israel: UnB

Outros países apurados (em ordem de alfabética):

Alemanha: IESB (DF)
Argentina+Irã: UnB
Áustria: UFRN
lgica: USP
Colômbia + Etiópia + Índia:
USP
Croácia:
USP
Japão
+ Canadá: UnB
Líbia: PUC-SP
México + Brasil: UnB
Sérvia: USP
Uganda: UFRN
Vietnã: FGV-SP

quarta-feira, 17 de junho de 2009

O Modeleiro Viajante, parte II

O Modeleiro Viajante é uma série de posts que tratam da incrível experiência da ida (e, quiçá, volta) a um modelo de fora do estado. Leia o primeiro post aqui.

Eu odeio viajar de ônibus. Até mesmo dentro no Rio de Janeiro, prefiro usar o metrô e seus R$ 2,80 de passagem – na minha época de calouro (2007.1), R$ 2,25 – a pegar um ônibus. Não me compreendam mal, com a exceção de algumas companhias, a grande maioria dos coletivos cariocas está em bom estado de conservação. Todavia, nunca fui muito fã do transporte coletivo rodoviário em geral.

A grande maioria dos modeleiros que viajam para fora de seu estado escolhe a rodoviária como ponto de partida de sua jornada, muitas vezes por conta do preço convidativo das passagens. Mas, convenhamos, o transporte rodoviário interestadual no Brasil é a maneira menos eficiente para se locomover num território destas dimensões. Deixando de lado as preocupações ambientais com gasto de combustíveis fósseis, as estradas são ruins, os ônibus, lerdos e a infraestrutura viária, péssima.

Todavia, não existia muita opção para nós, modeleiros de orçamento limitado. Até hoje lembro que, para conseguir uma passagem com preço razoável, era necessário comprar com alguns meses de antecedência, e ainda assim era caro. As opções de empresas aéreas também não eram lá grandes coisas: depois da falência da Vasp e Transbrasil, ficamos por algum tempo apenas com Varig e TAM de grandes empresas, e apenas após o estabelecimento da Gol com 100% de sua operacionalidade tivemos esperança de uma concorrência séria. No auge da crise variguiana, em 2006, fui de Varig para a SiNUS, em Brasília, sem saber se ia conseguir voltar.

Mas, graças a Kelsen, isto vem mudando. Desde o início do ano, com a entrada no mercado brasileiro da Azul (com o mesmo fundador da JetBlue americana, David Neeleman), uma companhia low-cost, low-fare utilizando jatos Embraer (pra frente Brasil!), nota-se distintamente uma boa redução no preço das passagens. Para ir ao TEMAS Oriente Médio, de Belo Horizonte, paguei pouco mais de R$ 150 pela passagem ida e volta na Gol/Varig (e ainda fiz couch-surfing modelístico). Ainda que eu tenha aproveitado uma das promoções “o chefe ficou maluco” que eles fazem de vez em quando, essas oportunidades têm ficado cada vez mais freqüentes e generosas em seus termos e preços. Isto ao ponto da Azul oferecer o trecho Rio-SiEM por míseros R$ 79.

Boeing 737-800 Short Field Performance, especialmente adaptado para operar no Santos Dumont.

Além disso, temos no Rio de Janeiro uma concorrência entre aeroportos. Para os que ainda não tiveram o privilégio de visitar a Cidade Maravilhosa (o ONU Jr está chegado, aproveitem!), saibam que temos dois aeroportos – o Santos Dumont, localizado no centro da cidade, e o Galeão (Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim), na Ilha do Governador. Com a recente liberação de outros vôos além da ponte aérea no Santos Dumont, houve uma redução das taxas cobradas no Galeão, de modo a compensar a distância do centro da cidade.

Em suma, com a queda dos preços e a concorrência entre empresas aéreas, o custo-benefício das passagens aéreas é infinitamente maior do que o das passagens de ônibus. Afinal, eu prefiro mil vezes mais pagar R$ 79 e passar uma hora dentro do avião do que pagar R$49 e apodrecer 6 horas dentro de um ônibus.

Camaradas modeleiros, o que é mais importante: custo-benefício ou puramente o preço? Com a queda das passagens, aumentará a vinda de modeleiros do norte/nordeste/sul a modelos do eixo Rio-SP-BH-BSB? Inversamente, aumentará a ida de modeleiros destes estados para outras regiões?

Acompanhem os próximos capítulos da série. No próximo post: chegamos, e agora?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Cobertura Especial

ATENÇÃO MODELEIRO:

Este blog vai fazer uma emocionante cobertura das designações de países do XII AMUN e VOCÊ pode contribuir!!! [OK, quase civic journalism =D]. Assim que você receber seu email contando que nação vai representar, envie-nos uma mensagem para o correiodiplomatico@gmail.com e conte qual FACULDADE você sabe que foi designada e com qual país, para que possamos acompanhar. Estejam atentos e contem também as representações dos seus amigos. É uma tradicional atividade jornalística deste blog, que pode ser vista aqui e aqui .

Por favor, sua colaboração é muito importante! E não se esqueçam de acompanhar aqui!

Abraços!

Crescei e reproduzi-vos!

Hoje o número de delegados vem crescendo muito. Os modelos têm ganhado grande importância como ferramenta de ensino e têm atraído interesse do setor privado, dos professores e instituições de educação e de demais colaboradores. Vide os grandes modelos brasileiros, sua abrangência de público, número de participantes e seus patrocinadores. Até a ONU organizou seu próprio modelo, o GMUN, já citado aqui no blog!

Há muitas dificuldades em se montar um modelo e fazê-lo crescer e se manter, mesmo em âmbito local ou, ainda, pequenas simulações institucionais fechadas. Não precisa ser pretensioso a ponto de querer fazer o maior do mundo, mas pelo menos algo que seja sustentável, rico e interessante.
Staffs e delegados diferenciam-se demais. Para quem não teve muitas experiências, ser staff acaba parecendo algo menos "glamouroso" e muito trabalhoso. Há aqueles que acabam se aventurando nessas searas, há aqueles que preferem seguir modelos sempre como delegados, há aqueles que tentam ser staff e acabam descontinuando a experiência, bem como existem pessoas que só gostam e só participam sempre numa função específica... e por aí vai.
Também existem dificuldades institucionais, seja de âmbito particular ou público, secundarista ou universitário.

Do desinteresse dos próprios alunos de uma determinada escola, até as condicionalidades absurdas que possam ser impostas para que o evento aconteça, passando pela incompreensão daqueles que podem bancar o evento e pelo eventual cansaço e "aposentadoria" de modeleiros, fica uma conclusão difícil de discordar: é sempre difícil implementar e continuar novos modelos. Muitos acabam existindo por um ou dois anos e caem no ostracismo.


Uhuuuul!

Como tartaruguinhas marinhas, poucos são os modelos que conseguem sair da praia, ganhar o mar, crescer e se desenvolver dentro de suas possibilidades. E uma rede de modelos (pequenos, médios e grandes) é importante para se manter, desenvolver e diversificar/enriquecer a cultura modeleira brasileira e regional.

O que acham? Sugestões, críticas, adendos etc? Seria possível criarmos um "Projeto Tamar" para os MUN´s? Como dito no post anterior, já deixo no ar algo que não pode faltar: integração, em todas suas nuances, esferas e possibilidades. É difícil, mas será impossível?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Modeleiro Viajante, parte I

O Modeleiro Viajante é uma série de posts que tratam da incrível experiência da ida (e, quiçá, volta) a um modelo de fora do estado.

O site CouchSurfing tem um objetivo muito nobre: ajudar nós, pobres mortais, a percorrer o mundo, "um sofá de cada vez". Agrupa pessoas que oferecem seus "sofás" para outros usuários do site, bem como procuram sofás alheios para si próprias. Não é nem necessário se dispor a receber pessoas estranhas em vossa nobre residência para se cadastrar.
É meu, eu vi primeiro.

Na verdade, qualquer modeleiro que já pensou em participar de um MUN fora de seu estado (ou mesmo cidade) já procurou asilo diplomático nas casas de seus conhecidos (ou nem tão conhecidos assim). Convenhamos, somos pessoas de gostos simples. Precisamos apenas de um teto, uma cama (ou sofá) e um chuveiro para uma confortável estadia em modelos forâneos, e a altíssima diária dos hotéis costuma ser o fator determinante na tomada de decisão da jornada, seguida de perto pelo preço da passagem.

Sendo realista, ficar em hotel só vale a pena se você for dividir o quarto com algumas pessoas. São poucos os casos que justificam o pagamento das absurdas diárias praticadas por hotéis brasileiros. Sinceramente, qual modeleiro vai à piscina, academia, sauna, massagem, piano bar e ainda tem tempo para as sessões e festas? Não estamos na cidade para férias e normalmente nossa estadia não se estende por mais de cinco dias. Pagamos pela mera disponibilidade do que não usufruimos.

Claro que não estou falando aqui dos hotéis que não incluem o opcional “dignidade” na diária. Existe uma maneira muito fácil de mensurar a existência deste benefício: existe porta separando o banheiro do resto do cômodo? Caso afirmativo, verifica-se a existência do opcional dignidade. Pessoalmente, eu prefiro praticar algum couch-surfing a ficar sem o opcional dignidade. Claro, a diária sem dignidade é bem mais barata, mas eu ainda possuo grande apego ao meu direito constitucional à privacidade. Todavia, se a situação é periclitante e o risco de não ir é grande, vale a pena arriscar. Sem dignidade.

Na minha época de ensino médio (falou o velho), ensaiou-se a criação de uma rede modelística nacional de "sofás". Não lembro por que a idéia não vingou, mas continua sendo uma boa idéia. Afinal, para falarmos em integração modelística nacional, é preciso antes falar de integração dos modeleiros ;)

Uma pesquisa para os leitores: vocês já fizeram couch-surfing modelístico? Já receberam ou receberiam alguém em sua casa? O povo quer saber!

Acompanhem os próximos capítulos da série. No próximo post: a farra das passagens aéreas!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Crise Crack Pipe

Corram para as montanhas!


Para os que não sabem eu sou um proponente da profissionalização das crises. É um termo infeliz, mas a idéia é a de que se for pra fazer crise, faça direito. Não tem NADA pior do que uma crise mal feita, comitês já faliram graças a elas. Mais sobre este tópico pode ser encontrado em postagens mais antigas neste mesmo blog.

A proposta agora é identificar os tipos de crise bizarras que existem na fauna modelística brasileira. Puxei de memória causos que vivenciei e que ouvi, alguns dos exemplos abaixo são reais, e tentei separar os tipos recorrentes. Cheguei a cinco tipos diferentes de crises aos quais dediquei algum tempo para batizá-los de modo adequado (e divertido). O resultado foi o seguinte:

Crise “Jack Bauer”

É a crise onde os acontecimentos são tão detalhados e pouco relacionados à esfera política que o comitê, para não perder a viagem, se transforma num grande jogo de “Detetive”. Quando você começa a discutir coisas como o tempo de vôo de um avião de transporte que vai resgatar aquele oficial da ONU seqüestrado no meio do Sudão, você sabe que está numa crise Jack Bauer. É ótima para comitês de gabinete; as vezes funciona em comitês normais, mas isso só acontece quando os delegados tem a mente (muito) aberta, já que, convenhamos, não tem NADA de verossímil nessas discussões.

Crise “História Sem Fim”

É na realidade um pacotão de crises, do tipo, compre 1 e leve 12. Ela começa e não acaba nunca. Quando os delegados estão apresentando um projeto de resolução para resolver a questão A, acontece uma situação B que invalida aquela resolução e assim por diante. Os delegados NUNCA vão conseguir resolver a situação porque o desenrolar dos acontecimentos é inumanamente rápido. Dependendo de como for feito pode ser interessante, os delegados podem ficar 100% do tempo em discussões boas e interessantes. Mas se os eventos forem chatos corre-se o risco de a situação cansar rapidamente e os delegados perderem o interesse pelo comitê.

Crise “Whatever”


É aquela que, quando acontece, ninguém percebe. Ou se perceber, ficam se perguntando: “estamos em crise?”. É aquela situação que chega até você, com um pronunciamento do Secretário-Geral da ONU, mas que não justificaria nem mesmo uma reunião no CS. Um exemplo? A população de Porto Príncipe sai ás ruas para fazer uma manifestação pacífica contra a MINUSTAH. Convenhamos, a melhor definição para esse acontecimento é: “whatever”...

Crise “Bomba”


É aquela que, quando acontece, faz você se sentir em um episódio de “Além da Imaginação”. Pode ser chamada alternativamente de Crise “Crack pipe”. Nem os livros do Tom Clancy são tão descolados da realidade política mundial. Algo do tipo: Hugo Chávez e Fidel Castro financiam uma milícia rebelde para criar a República Socialista (Soviética, por que não?) do Haiti. Lembram da folclórica Babá Egípcia? Nada mais a declarar.

Crise “Armageddon”


Sabe quando o mundo está acabando? Ou que, na realidade era pra ter acabado mas não acabou, ninguém sabe como (nem mesmo o diretor)? É aquela situação worst case scenario que não está nem mesmo nos treinamentos de crise do NORAD. Algo como uma guerra entre Irã e Israel, com o Iraque ocupado no meio. Adicione armas nucleares (pros iranianos) e PIMBA! Temos um cenário perto do apocalíptico. Cenários que beiram o apocalipse são interessantes, mas não quando você ultrapassa a linha do remotamente plausível.


Algumas palavras finais são necessárias. Primeiro de tudo, esses tipos de crise não são necessariamente ruins. Alguns funcionam muito bem em gabinetes (como o Armageddon e o Jack Bauer), outros não. Alguns são simplesmente perigosos e precisam de MUITO cuidado - e de uma boa dose de sorte - para funcionar; como o tipo “História Sem Fim” (que funcionou no CS do TEMAS deste ano). Por enquanto é só pessoal.