segunda-feira, 31 de março de 2008

Entrevista: Guilherme Casarões

Ele foi Secretário-Geral do maior modelo do Brasil.

Ele é um dos fundadores do TEMAS.

Ele é o vendido número um.

Representantes do mundo, hoje, 1º de abril, este blog completa um ano.

E para celebrar, entrevistamos o homem, a lenda. Professor Guilherme Stolle Paixão e Casarões, aquele que desistiu de prestar Medicina por causa do MINI-ONU.

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Cedê Silva: Conte pra gente a história definitiva. Como surgiu o termo "vendido"?
Guilherme Casarões: É difícil traçar uma genealogia precisa da vendidagem, porque a memória de modelos é sempre muito difusa, mas acredito que o termo tenha nascido no AMUN 2003, dentro do comitê SpecPol, em que eu representava a Rússia. Havia, nesse comitê, um carioca de muita sapiência e igual proporção de malandragem, o Francisco Eduardo "Chico Dudu" Lemos de Matos. Ele representava a "Jamahiriya Árabe Socialista Popular da Líbia", uma potencial aliada, mas que resolveu radicalizar. E minhas críticas públicas aos seus discursos radicais começaram a incomodar a representação qaddafina, até que o delegado líbio se irritou e começou a bradar, aos quatro ventos, "aêa, tu é VENDIDO, tu só quer ganhar prêmio".

Como se modelos fossem sobre prêmios, e não sobre construção de consenso, diálogo e cooperação. Naturalmente, a altíssima qualidade da diplomacia russa naquele ambiente foi de fato consagrada com uma premiação no comitê, o que, sem querer, ajudou a reforçar a alegação desfundamentada do representante líbio, que em determinado momento do debate resolveu abandonar o comitê em protesto à vendidagem de Rússia e afins. Quando na verdade a briga toda girava em torno da radical postura da delegação carioca as a whole, e não da qualidade do trabalho diplomático de quem só queria chegar a um resultado positivo no comitê.

Cedê Silva: Então o termo surgiu dentro do comitê, e não numa festa, como diz outra versão?
Guilherme Casarões: Estou seguro de que foi no comitê. Não me lembro do dia exato, da sessão específica, mas foi no comitê. Qual a outra versão?

Cedê Silva: Li uma vez em algum comentario deste mesmo blog, creio, que foi na Festa Cultural desse mesmo AMUN. De qualquer forma: você acha que no Fantástico Mundo dos Modelos (tm) as pessoas são mais arrogantes, sensíveis ou ególatras que a média?
Guilherme Casarões: Definitivamente mais arrogantes, ególatras e sensíveis. Pode ser uma conjunção bizarra dos três, ou qualquer mistura dessas características, em qualquer proporção.

Arrogantes porque o próprio mundo dos modelos, e o seu insulamento do resto da realidade de RI (Empresas Juniores, setor privado, etc), leva-nos a crer que somos melhores, mais bem preparados, mais cultos, etc. É uma coisa que talvez acometa quem quer ser diplomata. Uma obsessão pela imagem, pela persuasão - que no fundo, nada tem a ver com o Itamaraty, e talvez nem seja tão diferente de outros "guetos" de RI ególatras porque, enfim, tudo gira em torno do maior (e melhor) país a se representar, do bom discurso, das palavras bem colocadas, do impressionismo.

Pro termo não ficar só no pejorativo, eu diria que a vaidade é uma das maiores características do estereótipo de modelista que se criou no Brasil (e não me tiro dessa, naturalmente). Não sei exatamente como a coisa é lá fora, mas pela minha pequena experiência internacional, com o WorldMUN, parece que a competição ego-driven é tão ou mais forte lá fora, em particular nos EUA.

E sensível porque, querendo ou não, há uma diferença entre quem participa de modelos (no universo mais amplo de RI) e quem não participa. Não é uma característica universal do modelista, ou do não-modelista. Mas quem vai a modelos costuma demonstrar maior interesse pelas questões internacionais, costuma ser gente aplicada, interessada e articulada; e, portanto, mais sensíveis ao "internacional", se podemos colocar assim.

De novo: não é denegrir quem não vai ou exaltar quem vai, mas me parece uma característica geral, que tem a sensibilidade como seu ponto bom, e com a vaidade - que pode degenerar para a arrogância, como já vi acontecer várias vezes - seu ponto potencialmente negativo.

CS: Entao é uma coisa do ambiente, que atrai essas pessoas?
GC: Modelos são um palco, acho que isso realmente atrai.

CS: Na sua geração, voces acreditavam num gap de gerações, ou já tinham ouvido falar de um? E como a geração anterior à sua comunicou com a de vocês?
GC: A minha geração veio depois de um gap, creio eu. Porque ela nasceu em decorrência do I MINI-ONU [2000], e sucedendo a geração de quem tinha organizado o evento. Mas perceba que, enquanto esses caras estavam no fim do curso, estávamos entrando no curso [Casarões entrou na faculdade em 2002]. Então é possível pensar que houve, aí, alguns semestres em que havia menos gente mobilizada para essa atividade particular. E aí, não sei se cabe levar o argumento pra esse lado, mas acho que essa geração se misturou com um processo de "profissionalização" do MINI-ONU, e muitos acabaram se perdendo.

CS: O processo de "profissionalização" do MINI-ONU foi ruim, perdeu-se gente por causa dele?
GC: Então. Por mais que a máquina MINI-ONU (falo do meu contexto próprio) nunca tenha parado, cada vez mais gente participava do MINI como forma de (1) ascensão acadêmica, por causa da pesquisa, da bolsa de iniciação, e/ou (2) ascensão social, dentro do curso, porque havia uma coisa de legitimação daqueles que participavam do MINI (claro, acompanhado por um processo de marginalização dos modeleiros, ou "Ioscers", por quem não participava e não gostava).

Mas o importante é dizer que houve, durante um bom tempo - não sei se ainda há -, uma identidade ligada ao MINI, a quem participava dele e etc, que era interessante no contexto do curso. Mas vale notar que muitíssimas dessas pessoas não iam a modelos fora do MINI.

CS: Como era possível um processo de legitimação do MINI com marginalização dos modeleiros? Era porque iam pro MINI os profissionais, enquanto os modeleiros faziam porque gostavam?
GC: Aí é que tá a coisa.. a profissionalização, que substituiu em grande parte o diletantismo dos "founding fathers", fez com que o MINI se tornasse algo de reconhecimento institucional, construindo, de alguma forma, essa legitimidade. E, com a crescente mobilização de pessoas para o staff, e em função dos novos alunos pro curso, o MINI, o evento, acabou virando um mecanismo de inclusão social e socialização no curso. Claro que havia aqueles que achavam uma bobagem, mas em número muito menor à medida que o volume de participantes internos ao MINI aumentava.

CS: Mas a velha geração modeleira, que estava formando quando você entrou. não entrou em contato com vocês? A entrada no MINI foi só pelo lance profissional?
GC: Muitos saíram quando estávamos entrando. Houve um contato, mas não muito sistemático. Os "apaixonados" pelo MINI, claro, apoiavam uma nova geração, uma galera "mini-ônica".

Mas olha o dado interessante. Quando houve o AMUN 2002 - tinha acabado de entrar a primeira geração de ex-delegados do MINI na PUC - uma delegação de novatos pegou o principal país que a faculdade representou naquele ano: Reino Unido, um P-5.

Então foi como se não tivesse havido transição alguma. Já começamos como a nova esperança, na falta de um termo mais brando pro que estava acontecendo. E já começamos no lugar dos "medalhões" que haviam ganhado um AMUN, ido a diversos modelos, à Turquia, etc.

CS: Aliás, o AMUN 2002 foi o lendário 5º AMUN. Todo modeleiro que foi fala com muitas e ardentes saudades. Eu desconfio que foi um grande bacanal. Houve muito sexo no 5º AMUN?
GC: É possível e provável. Mas, se houve, eu não estava no meio pra contar em mais detalhes... (risos). Eu, feliz ou infelizmente, fazia parte do grupo que ia a modelos mais pelo comitê que pela festança... não que eu não me arrependa disso em alguns momentos... (risos). Mas, sem dúvida, foi um modelo interessante. Foi o "cabaço perdido" pra muita gente que havia entrado comigo, o pessoal da geração MINI que estava doido pra ir a um modelo universitário.

Eu já havia ido - meio que na surdina - ao MONU 2001 e ao WorldMUN 2002, em março, mas realmente o AMUN foi a experiência derradeira.

CS: Porquê?
GC: Porque lá foi a celebração da turma multiestadual de modelos que andou junta até a aposentadoria da maioria, em 2005. Eu não me lembro de haver esse tipo de sintonia no WorldMUN, por exemplo. Acho que o pessoal começou a interagir naquele AMUN. E, mais adiante, no MONU 2002, que também foi ótimo.

CS: Em qual comitê você foi? [no 5º AMUN]
GC: Representei UK no Security Council. Foi uma experiência muito bacana, queria mostrar serviço - nesse sentido, a "minha" vendidagem consolidou-se ali, no sotaque britânico forçado para conferir realidade à representação.

CS: O TEMAS foi responsável por colocar "inovação" no regime de modelos no Brasil. Como foi criar o TEMAS?
GC: Eu penso no TEMAS como um parto. Doeu muito, consumiu muita energia e muita paciência, trouxe toda a sorte de stress até o fim do evento, mas o produto foi incrível. Porque ele foi a consolidação de um projeto que já existia entre a "velha geração" - a geração que deu a luz ao MINI. Porque havia um descompasso com relação à particpação da PUC-Minas em modelos, né? A PUC estava em todas, sempre muito bem representada, trouxe o WorldMUN 2002, bombou até lá fora, mas nunca havia feito um modelo universitário por conta própria.

CS: Verdade. Preferiu ser a 1ª a fazer um de Ensino Médio. Você, Shênia, Flávio, eram os mais velhos? A geração que criou o MINI não participou da criação do TEMAS?
GC: Sim. Acho que foi uma questão de timing. Fizeram o MINI, tinham a expertise, eram pessoas academicamente e pessoalmente fantásticas, mas não sentiram - creio eu - que era viável criar um outro modelo universitário, que competisse com AMUN e MONU. Depois, com a proliferação dos modelos universitários, com a ampliação dos simpatizantes, ficou mais fácil.

CS: E na época já tinha SOI, UFRGSMUN, e SiONU também.
GC: Mas ainda assim, o TEMAS foi restritíssimo em termos de delegados. Foram poucos participantes, menos do que esperávamos. Do TEMAS, só participou aquela geração. A geração mais velha, por razões óbvias - já eram profissionais, mestrandos, etc - já havia se afastado. E tem outra coisa. Tudo na PUC-Minas, pelo bem ou pelo mal, sempre foi muito concentrado na própria instituição. Então precisou uma geração nova para comprar a "briga" que foi o TEMAS - afinal, os benefícios institucionais de um modelo unviersitário, em comparação aos custos, não eram tão óbvios, ou não existiam em absoluto.

E, parece-me hoje, que o TEMAS só pôde nascer se ele servisse como um mecanismo de vazão das tensões do MINI, cada vez maior, cada vez mais demandado internamente, mas cada vez mais engessado institucionalmente. O MINI e o WorldMUN foram grandes propagandas institucionais. Foram ótimos para o curso de RI. O TEMAS não tinha essa característica. Ele era, simplesmente, a projeção de um desejo modelístico de um grupo. Não havia ganhos institucionais claros, então ele não surgiria sob argumentos fáceis.

CS: O TEMAS é a simulação-arte, moleque, não profissional. Este sábado mesmo o [Daniel] Queiroga me disse que o TEMAS não tem apelo comercial. Os comitês não atraem o público. O TEMAS é indie?
GC: De uma certa forma, sim. A diferença é que o indie virou mainstream, virou pop. O TEMAS não. A impressão que eu tenho é que ele só "fidelizou" aqueles que fizeram parte da minha geração e da imediatamente posterior. Mesmo com a emergência meio patética da "vendidagem" como uma forma de vida e como um objetivo a ser levado a sério - vide comunidade do MINI-ONU no orkut - o TEMAS não conseguiu captar essas pessoas. Exauriu-se em si próprio. Já estou há um bom tempo afastado do TEMAS, mas o número cada vez menor de delegados é sintomático.

Pode ser, obviamente, um fenômeno estrutural, um novo gap, uma entressafra fortíssima. Mas o TEMAS, por mais interessante que fossem os comitês, a temática, a concepção do evento, nunca conseguiu preencher todas as vagas, enquanto outros modelos - seja de médio ou grande porte - costumam conseguir até um certo excedente de participantes.

CS: O TEMAS teria mais gente se tivesse comitês mais normais? Se fosse mais hip-hop?
GC: Como espectador externo, penso que o TEMAS deve ser repensado, para não sair do indie e cair no emo, virar um "anti-modelo", ou mesmo sumir. Não acho que a coisas seja medida pela normalidade dos comitês. A concepção inicial pretendia pegar uma grande temática e desdobrá-la em coisas palatáveis para diversos públicos - temas de segurança, direito, estratégia, economia, direitos humanos, etc.

CS: E o que deu errado?
GC: Não sei se o TEMAS quis inovar demais, virar uma espécie de "freak show", com os comitês necessariamente mais loucos, mais inovadores, mais diferentes, enfatizando-se o fetiche dos diretores de comitê em detrimento de uma função pedagógica, de se trabalhar com a história e com um fio condutor específico das RI a cada ano. Mas eu realmente não sei se é isso que está acontecendo. É só uma impressão (distorcida) de quem está afastado do processo. Quando nós pensamos no TEMAS, lá em 2004, nunca passou pela minha cabeça vestir túnicas gregas e simular a ágora ateniense ou coisas do tipo. Acho que o TEMAS começou a se ligar muito na roupa, muito na forma, e tornar o conteúdo cada vez menos palatável. Não fomos capazes de encontrar um ponto ótimo para essa conjugação, que na teoria seria interessantíssima, mas não se reverteu em frutos para o futuro.

CS: No encerramento do TEMAS Da Guerra, fiz discurso em que sustentei um excepcionalismo da PUC-Minas, que venceu cinco das dez edições do AMUN e criou comitês incríveis. A PUC-Minas seria um Estados Unidos do Mundo dos Modelos, que ao mesmo tempo que tem qualidades e feitos, é arrogante e pode se isolar. E tem uma "campanha" de como devem ser os modelos. O que a PUC-Minas tem que as outras universidades modeleiras não tem?
GC: Não sei. Essa é uma pergunta difícil. Não sei se procede criar um "mito do excepcionalismo" em torno da história modelística da PUC, que foi boa, mas não foi, digamos, hegemônica. Salvo engano, nunca passamos nem perto de uma campanha fantástica no MONU, que é um modelo de peso. Acho que a PUC tem uma coisa, que são gerações sólidas. Numa metáfora futebolística, sempre tivemos grandes seleções. Talvez porque tivéssemos muita gente interessada e boa de serviço. Mas nunca fomos disciplinados, dedicados, sistemáticos. Falo por mim e pelo que eu sei da minha geração, dos meus contemporâneos. Nunca estudamos juntos para um modelo. A coisa era meio um "cada um por si" que dava certo.

CS: Lembro disso na nossa delegação da Argentina. [8º AMUN, 2005].
GC: Mas são seleções egoístas, fechadas em si próprias. Nunca fomos um "time", mas sim um aglomerado de gente boa.

CS: Nesse sentido, acho que a delegação da Indonésia, que chefiei no XAMUN, foi um avanço - quatro das sete pessoas nunca tinham ido a modelo universitário, e tivemos pelo menos quatro encontros aqui em casa.
GC: (...)

CS: Hoje você é professor em duas faculdades. Voce poderia ensinar mais e melhor seus alunos usando modelos?
GC: Eu tive essa experiência no meu début como professor. Fui contratado, inclusive, muito em função disso. Acharam interessante minha experiência, bastante sistemática, com uma área que é muito difusa, pouco acadêmica, pouco vinculada à realidade institucional.

A disciplina que se oferece [no curso de RI da] na PUC Minas, "modelagem e simulação", ensinou bastante nesse sentido, de mostrar como modelos podem ser, de fato, ferramentas pedagógicas, para se trabalhar com teoria de RI ou temas internacionais. Por mais que os modelistas saibam disso, modelos raramente são utilizados com esse propósito.

Uma vez li que modelos sustentam-se em três pilares: competição, diversão e aprendizado.
No Brasil, costuma-se privilegiar os dois primeiros, muito em parte em função daquele perfil do modelista, que discutimos. Então, quando fui contratado, uma das matérias que ministrei utilizou a simulação como ferramenta pedagógica, coloquei os meninos numa situação de negociação de soma zero, que eles tinham que resolver. E foi muito proveitosa. Até hoje eles se lembram com gosto das aulas, o que me deixa bastante realizado. Mas a aplicação de simulações ainda é muito precária. Não temos uma estrutura curricular, em grande parte das instituições, que comporte isso. Sem dúvida - e li isso em algum lugar também - o grau de absorção de conteúdo pelos alunos, quando colocado em prática pela simulação, é altíssimo.

Resta haver pessoas dispostas a transformar experiências acadêmicas em simulações de situações teoricamente montadas ou mesmo da vida real. Professores que tenham conhecimento e disposição nesse sentido, e instituições dispostas a aceitar esse tipo de abordagem pedagógica. Porque dá trabalho, é arriscado, tem que ser maturado com carinho.

CS: Fale mais dessa simulação de soma zero. Como foi?
GC: Foi uma experiência rudimentar, mais interessante. A disciplina que ministrei é sobre projetos de pesquisa. Resolvi instrumentalizar a pesquisa para ver no que dava. Cada grupo tinha que trabalhar com um aspecto da política externa brasileira (desenvolvimento, integração, segurança, meio-ambiente, direitos humanos, comércio, etc), fazer uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto.

E, na segunda metade do semestre, eles faziam negociações representando supostas "secretarias" do MRE pleiteando um repasse de recursos para projetos patrocinados por elas. Tudo fictício, inclusive porque eu sei que não é assim que funciona o MRE. Mas fui obrigado a sacrificar a verossimilhança em prol da discussão orientada para o aprendizado. E deu muito certo, eles se divertiram, negociavam por baixo dos panos, faziam lobby, discursavam vigorosamente em defesa dos seus objetivos.

Nada muito diferente do que a política nos oferece. Mas, repito, foi um experimento rudimentar. Infelizmente, não teve continuidade. Mas quem sabe a coisa não pode ser pensada para uma outra geração que está vindo?

CS: É isso aí. Aliás, a UFRGS está rodando um projeto muito bacana, um curso de extensão que vai acabar atraindo novos modeleiros. Mas isso é tema de um próximo (para breve) post. Obrigado, Casarões!
GC: Eu que agradeço!!

quarta-feira, 26 de março de 2008

PORQUÊ ESTÁ FALTANDO GENTE EM MODELO

Rápido exercício: 1) fingi que sou um completo ignorante em modelos e 2) abri os sites dos principais modelos no Brasil, e identifiquei o PRIMEIRO TEXTO que você vai ler.

Com base nos resultados, dividi os sites em dois grupos. Vejam.

PRIMEIRO GRUPO

POLIONU

"Sejam bem vindos ao PoliONU 2008. Orgulhosamente apresentamos a terceira edição deste projeto, que, embora jovem, já se mostra um grande exemplo de dedicação e organização. Planejado por alunos do Colégio Poliedro, o PoliONU vêm alçando níveis de reconhecimento cada vez maiores, chegando a ser considerado o maior modelo de simulações interno do Brasil (...)"

(...) "deste projeto?" projeto de quê? modelo? simulações? interno?

" (...) Desejamos despertar a conscientização e ciência dos alunos na espera de que eventos com esse possam mudar o mundo tanto dentro dos comitês quanto fora, como reais formadores de opinião. O conhecimento adquirido, não só educacional, mas também social e ideológico, faz do PoliONU e de todos os modelos de simulação eventos notáveis (...)"

Comitês?

MINI-ONU

"Informações em breve."

Uau. Bem, tem um "FAQ". Se eu clicar no FAQ, a primeira pergunta é:

"Em que data será realizado o MINI ONU este ano, e quando será (sic) as inscrições?".

E a data é de 2007. A segunda pergunta do FAQ é:

"Qual o mínimo de pessoas necessário para formar uma delegação?"

E assim por diante. NENHUMA pergunta sobre o que é o evento. Aliás, o que diabos é uma delegação?

MIRIN

"Entre os dias 21 e 25 de julho a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro será, mais uma vez, a sede do Modelo Intercolegial de Relações Internacionais, o MIRIN. Em 2008, esperamos cerca de 350 delegados e mais de 60 professores de inúmeros colégios do país. Para recebê-los da melhor maneira possível, contaremos com uma equipe de 70 alunos do curso de graduação em Relações Internacionais e o apoio e dedicação dos diversos funcionários da Universidade."

Delegados? Professores? Pra quê? Modelo? Receber? Equipe? Para fazer o quê?

ONU JR.

Um modelo para crescer.

Equipe do VI ONU Jr. (segue lista)

SiEM

"Em construção!

A terceira edição da Simulação para o Ensino Médio ocorrerá na cidade de São Paulo, entre os dias 2 e 6 de julho." (seguem comitês, e não muito mais)

SIMNU

"Senhores delegados, foi um enorme prazer para nós realizar a SIMNU 2007, agradecemos a participação de todos. O evento não seria possível sem o empenho e a dedicação de vocês."

OK. O evento foi bacana. Mas não sei o que é. Mas opa, tem um link "O que é a SIMNU". Clico nele e... fora do ar.

SIONU-FIB

"Novo ano inicia e a organização da sétima edição do SIONU-FIB dá seus primeiros passos. Estamos em processo de escolha de comitês, temas, datas e equipe de organização. Em breve disponibilizaremos mais informações."

Arrã. Mas o que é a SIONU-FIB, e porquê ela chegou à sétima edição? E o que diabos são comitês?

TEMAS

"O TEMAS é um modelo para universitários que prima pela excelência acadêmica e inovação em seus comitês, sempre pautado por uma área temática específica.".

Modelo para universitários? Como assim modelo - é um exemplo a ser seguido? Comitês? De novo: que diacho é isso?

Modelo? Modelo de quê?

AMUN

"Dear students, alumni, professors and AMUN enthusiasts,

I feel deeply honored to invite you to the commemorative 2008 edition of the Americas Model United Nations, to be held in Brasília, Brazil, from July 21st to the 25th.

One decade ago, a small group of International Relations students from the Universidade de Brasília put their efforts together to organize the first UN simulation conference in Brazil. "

A última frase (UN simulation conference) quase salva, mas tudo o que entendi é que tem uma edição comemorativa de alguma conferência.

SEGUNDO GRUPO

SINEI

CARTA DO SECRETÁRIO-GERAL

Prezados Estudantes (...)

Vixe, outro com carta. Mas espera, tem um link "o que são simulações". Se você clicar nele, vai ver

"Os Modelos de Simulação tiveram seu início anteriormente à ONU (...) Trata-se (sic) de atividades acadêmicas que possibilitam os (sic) participantes compreenderem princípios, normas e procedimentos vigentes nas diversas organizações internacionais (...)"

Depois dessa introdução construtivista, segue uma introdução aos modelos.

FÓRUM FAAP

Processo de Inscrição
O número limite de inscrições por instituição* é de 16 delegados, incluindo jornalistas.

Uau! Um começo bastante incisivo. Mas logo ali tem o link "o que é". E se eu clicar "o que é", vejo

"A Fundação Armando Alvares Penteado promove anualmente o Fórum FAAP de Discussão Estudantil, projeto que segue o alto padrão de qualidade da instituição.

O Fórum FAAP consiste em uma simulação de organizações internacionais destinada aos alunos do Ensino Médio de diversas escolas do Brasil. Cada grupo de alunos constitui uma delegação, que representa um país nos diversos comitês. Durante os cinco dias de evento, cada participante atua como um diplomata e debate temas da agenda internacional de extrema relevância para a comunidade internacional."

Ah, much better!


SiNUS

APRESENTAÇÃO (click)

O que são modelos? (click)
"Modelos são conferências realizadas a fim de simular as negociações e processos decisórios
do sistema das Nações Unidas e de outros fóruns multilaterais de organização".

Vapt vupt.

PAX

"Seja bem vindo ao site da Simulação Diplomática interna da Universidade de São Paulo, a PAX.

Organizada em conjunto por alunos do Instituto de Relações Internacionais e da Faculdade de Direito da USP, a PAX busca trazer para dentro da Universidade a oportunidade acadêmica única de conscientização, aprimoramento acadêmico, profissional e pessoal que uma simulação diplomática oferece.

Ao participar do evento os alunos atuarão como diplomatas ou especialistas de diversos países, debatendo e decidindo temas da agenda internacional no âmbito de diferentes Organizações. "

Demorou até o 3º parágrafo, mas tá ótimo. Acho que todo mundo entendeu. Tem a vantagem de ser uma definição ampla, não tem "ONU" no meio.

MONU

"O MONU (Modelo da Organização das Nações Unidas) é um projeto desenvolvido anualmente por alunos universitários do Estado de São Paulo." (click)

O evento constitui-se em uma simulação dos debates que ocorrem nos diversos comitês da Organização das Nações Unidas (ONU) e em outras organizações internacionais como Organização Mundial do Comércio (OMC), Liga dos Estados Árabes (LEA), Organização dos Povos Não-Representados (UNPO), entre outros. Durante o evento, o universitário assume o papel de um embaixador de determinado país, organização internacional ou ONG – dependendo do comitê - devendo sempre defender sua política externa no tema em pauta. "

Ah, agora entendi!

UFRGSMUN

ufrgsmun is an academic simulation where the participants act as delegates representing a specific country in one of the organs of the United Nations to be simulated. It aims at the pursuit of innovative formulas for reinvigorating the UN and the principles enshrined in the UN Charter. Its main purpose is the achievement of new patterns for day-by-day acting in real life.

Good enough?

SOI

"Os Modelos de Organizações Internacionais têm se expandido por todo o mundo, tornando as atividades desses fóruns de debate cada vez mais conhecidas pela sociedade.

Nesse tipo de atividade acadêmica, os alunos, divididos em comitês temáticos, debatem assuntos centrais da agenda internacional, como direitos humanos, segurança, economia e meio-ambiente. Os participantes agem como se fossem diplomatas, representantes de países-membros de organizações, juízes ou especialistas independentes, simulando os processos de negociação e decisão que acontecem nas organizações ou tribunais internacionais, como a Organização das Nações Unidas e a Corte Interamericana de Direitos Humanos."

Não dói explicar, como vemos.
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Moçada, talvez esteja aí parte da resposta porque modelos estão mais vazios ou porque não conseguem novas pessoas. Com sites obscuros, que falam somente para os iniciados e/ou para o público do modelo anterior, não vai rolar de atrair as novas gerações.

domingo, 23 de março de 2008

O Delegado Radioativo


- Gwaaaaaaar!

Imaginem a cena: começo de modelo, todo mundo bem vestido, os diretores organizam as coisas na mesa, os delegados começam a puxar aquelas conversas laterais com ou sem segundas intenções, aquele ritual de praxe. O diretor dá dois toques no microfone e anuncia o começo da sessão. Mas antes de mais nada, a apresentação. Um a um os delegados falam seu nome, de onde vem e sua experiência em modelos. É o famoso comitê dos novatos, a maioria começando no magnífico mundo da modelagem. Eis que lá pras tantas, cai a bomba: Fulaninho, vindo de tal lugar, 25 modelos nas costas. Silêncio sepulcral no ambiente. É assim que geralmente começa o dia do delegado radioativo.

Delegados radioativos são uma sub-espécie de delegados experientes: aqueles cuja presença simplesmente contamina o comitê. Há outros que conseguem manter o low-profile, mas não este. O delegado radioativo é famoso por, bastando existir naquele lugar, ser um incrível vetor de confusão.

Delegados experientes são uma faca de dois gumes. Eles podem levar um comitê nas costas - o que é indesejável, mas em último caso pode ser proveitoso - ou destruir uma simulação forçando aos outros representantes situações que eles não estão preparados/capacitados a lidar. Todo mundo conhece uma história de algo parecido, e nestes tempos em que as mesas estão ficando cada vez pior preparadas, o fenômeno fica mais e mais preocupante.

Ser radioativo não é fazer bobagem no comitê, e é isso que o distingue de um dele-sem-noção. Ser radioativo é fazer as coisas que estão AO ALCANCE e SOB AS REGRAS, e ainda assim ter capacidade de implodir um comitê. Ou seja, você segue as regras mas por uma razão ou outra o comitê está especialmente frágil, e descamba sem razão aparente. Quando menos se espera, o dele-césio já montou no comitê só fazendo seu trabalho, sem absurdos.

Ser radioativo não é motivo de orgulho nem vergonha, conheço algumas pessoas em especial que simplesmente o são e não tem como evitar. É só entrar pela porta do comitê pra ver o holofote do caos e olhares temerosos da mesa. Mas apesar do potencial para confusão, um delegado experiente pode se tornar o melhor amigo da mesa (sem vendidagem), e servir de norte pra toda a simulação. Mais uma vez, é uma situação cheia de exemplos práticos. A questão é: como domar o monstro radioativo e impedir que ele esmague toda a simulação tão cuidadosamente planejada?

Primeiro ponto: Faça um projeto de comitê à prova de falhas. Na verdade você não tem como garantir que não haverá falhas, mas se esforce pra chegar o mais perto disso segundo seus conhecimentos. Peça conselhos e ajuda de outros modeleiros, estude como comitês semelhantes foram feitos em outros lugares. Veja quais foram os problemas. Falhas de design são a principal causa de implosão de comitês e de supremacia dos delegados radioativos. Com um comitê bem amarrado, esses delegados tem menos margem pra usar de suas técnicas e táticas - corretas, frise-se - para desequilibrar o comitê.

Segundo ponto: Uma mesa bem treinada estará apta não só pra de fato moderar o debate como, se for necessário, chamar o dele-plutônio pra uma conversa no canto e pedir pra ele pegar leve. Isso pode não ter resultado, mas geralmente já ajuda pra que ele se contenha um pouco, e delegados experientes em geral valorizam a camaradagem na modelândia e conseguem se colocar na posição de um diretor em apuros vendo seu barquinho ir à pique.

Terceiro ponto: Faça uma designação de países bem-feita. Esse é um tópico que ainda não abordamos de forma satisfatória aqui, mas a designação de países é crucial pro equilíbrio do comitê. Se o cara tem trinta simulações, pede EUA e você dá pra ele Zâmbia, você cria um problema TERRÍVEL. Você provavelmente terá um EUA contestado a cada cinco minutos e um delegado da Zâmbia preparado pra espancar Condolezza Rice até ela aprender suahili. Nesse caso a melhor saída pra você é o delegado experiente se desmotivar e ficar num canto, melancólico - desnecessário dizer, é um desperdício de experiência que poderia ser empregada no comitê. O pior que pode acontecer? O pior que pode acontecer? Imagine o pior desastre diplomático da história e multiplique por vinte, e você vai ter um vislumbre do caos em potencial representado por um delegado radioativo, que pode pisar e humilhar os países principais, destroçando as chances que o comitê possuia de chegar a algum lugar. E se isso acontecer, a culpa vai ser exclusivamente da mesa, que não soube fazer seu trabalho.

Essa inclusive é a grande lição sobre os delegados radioativos. Se a mesa fizer seu trabalho direito, eles não vão incomodar. Os diretores do Brasil precisam ter em mente que ter delegado experiente não é só bônus, mas também ônus. Significa estudar mais e mais, pois se você precisa saber mais do assunto que seus delegados, este é um delegado que muito provavelmente já começa sabendo muito mais que você. É claro que os delegados experientes sempre podem ter um surto imprevisível - mas os novatos também podem. A diferença é que no caso dos participantes tarimbados, o estrago pode ser muito, muito maior.

O delegado radioativo é uma força da natureza que pode e deve ser respeitada e usada para o bem do comitê. Caso a mesa falhe em dimensionar os riscos, seu modelo pode ter seu futuro arriscado: depois de uma catástrofe dessas só o que resta são os destroços e o fracasso que afastará as pessoas durante muito tempo. Vocês sabem, mesmo com todos os riscos, ainda acontecem desastres assim o tempo todo.

segunda-feira, 10 de março de 2008

A MODERAÇÃO GREGA É LINDA

Novembro de 2006. Eu e meu colega de trabalho, Emb. Guilherme Marques, fomos a Nova Iorque (Porto Alegre) para representar a Grécia no Conselho de Segurança.

Era o ano em que o AMUN e o UFRGSMUN inauguravam a prática de regras comuns. Todos os comitês usariam as mesmas regras, e os respectivos CSs adotariam os mesmo procedimentos especiais.

Incluindo a melhor terceirização que já aconteceu no Fantástico Mundo dos Modelos: os delegados moderam.

A moderação por delegados tem vários méritos. Primeiro, é uma terceirização não-tucana (olha meu lado Zé Simão). Segundo, libera braços. São pelo menos dois braços a mais para a Mesa fazer crises, redigir cartas, cuidar de zicas diversas. Mas fica melhor ainda. Não tem lista de discursos. Menos dois braços administrando flip-chart e riscando nome de país em papel kraft.

E foi o que aconteceu naquele UFRGSMUN e outros CSs. Uma enxurrada de notícias da CNN, cartas de nossos chefes, notas da mais recente 'teligença sobre este ou aquele evento. Tudo preparado e redigido pela Mesa, que podia fazer isso porque, ora, não estava moderando.

A segunda sessão do CSNU seria moderada pela Grécia. Foi aqui que decidi usar a oportunidade para mostrar a Nova Iorque um fantástico sistema de moderação. Na minha opinião, o melhor.

O ARROZ À GREGA - Todo mundo sabe que o UFRGSMUN é o arroz com feijão da vovó. Só simula o básico, mas é uma delícia. Pra lá de caprichada. Mas a partir dali, pelo menos durante aquele CS, o arroz seria à grega.

Cheguei pra Mesa e perguntei se poderia, na Presidência do CS, apresentar um novo sistema de moderação. A Mesa consentiu e disse que, não dando certo, reverteria ao velho sistema. Ufa. Até hoje agradeço aos Diretores, por terem aceito pelo menos conhecer uma idéia nova.

O que ficaria conhecido como moderação grega não tem nada de novo. É usada desde os começos da sociedade internacional como a conhecemos: usei-a ainda em 1648, no TEMAS Soberania. Fiz isso porque dias antes eu visitei reunião do BID aqui em BH e vi como delegados de verdade debatem. Por meio de algum misterioso e silencioso mecanismo, eles conseguiam comunicar ao Presidente da mesa que queriam falar, e este os reconhecia numa ordem que eu não conseguia decifrar, mas tudo transcorria de forma ordeira. O que diabos eles faziam para sinalizar ao Presidente que queriam falar? E isso sem necessidade do Presidente ficar repetindo aquele ladainha: "delegados que queiram se pronunciar..."

Então veio o estalo. As plaquinhas. Eles levantavam as plaquinhas. Mas não como nos debates moderados de modelos - ao pedido do Presidente, e várias vezes até ser reconhecido. Eles levantavam as plaquinhas e deixavam-nas de pé. Então, aguardavam sua vez.

É isto a moderação grega - um debate moderado permanente, como pretendem as regras unificadas BSB-POA; mas em vez da Mesa perguntar quem quer falar entre um discurso e outro, os delegados deixam as placas de pé e a Mesa vai reconhecendo.

Usei essa moderação em Vestfália. Repeti em Munique, na SiEM. Usei de nova na minha OTAN, no MINI-ONU. A experiência no UFRGS seria a quarta vez.

PORQUE É MELHOR - A moderação grega é melhor que o debate moderado por uma simples constatação: tem todas as vantagens e nenhuma das desvantagens. É matemático.

Vamos analisar debate moderado normal x moderação grega.

VANTAGENS DAS DUAS

Maior fluidez - em vez de chamar delegações com base numa ordem fixa, pré-programada e cujo único critério de ordenamento é a decisão arbitrária de quem está com a caneta hidrocor na mão (qual placa ele vê primeiro?), no debate moderado apenas quem tem algo a falar sobre o assunto em pauta/quente será reconhecido. Na grega também.

Maior relevância - o delegado que pôs o nome na lista na sessão anterior e já se esqueceu do porquê não será reconhecido. Nem no moderado normal, nem na grega.

Mais responsividade - um delegado que acusou outro ou faz uma insinuação pode ser respondido na hora, dependendo se a Presidência achar relevante e se não achar que ao fazer isso está "deixando-se levar". De novo, ponto pro moderado normal e pra grega.

Mais falas - na lista de discursos, você só pode falar de novo colocando-se ao final da lista. Mas às vezes isso é distorção porque seu país está no centro do debate. No moderado pode ser que você fale de novo depois de apenas dois ou três discursos. Ponto pra ambos.

VANTAGENS EXCLUSIVAS DA GREGA

Conforto - somente a grega tem a vantagem do conforto: você não precisa ficar com a placa na mão e no aguardo, igual você faz com o câmbio de marcha do seu carro quando o sinal está vermelho. Basta deixar ela de pé, quieta. Vantagem relacionada: tocando menos na placa, você destrói ela menos.

Saliva - Já é muito chata a ladainha "algumaquestaooumoçao?". Corte pelo menos a outra, "delegadosquequeremsepronunciarporfavorlevantemasplacas", logo substituído pelo "delegadosquequeremsepronunciar..." e já vi até mesmo um simples: "países...!"

DESVANTAGEM DA NORMAL

Irrealismo - embaixadores de verdade e Chefes de Estado não passam pela situação, um tanto humilhante, de levantar plaquinha e não serem reconhecidos. Nem de ficarem levantando plaquinha um monte de vezes, um gesto meio infantil que mais lembra aulinha de ginasial, tentando chamar atenção da professora. Diplomatas não são Hermione Granger para ficar levantando mãozinha. Ponto para a grega, que não tem isso; já o moderado perde.

DESVANTAGEM ALEGADA DA GREGA, MAS FALSA

"É como lista de discursos" - existe a alegação de que a moderação grega é uma lista de discursos disfarçada, porque a Presidência pode anotar quem levantou placa no momento em que o fez, criando uma lista cronológica de quem pediu a palavra primeiro. Isso contudo, é simplesmente não entender todo o propósito da moderação grega, que é justamente dar liberdade pra Mesa escolher, das plaquinhas levantadas, quem deve falar agora. Há também um princípio parlamentar simples, e comum a zilhões de congressos e Congressos mundo afora, segundo o qual quem ainda não se pronunciou tem precedência sobre quem já falou. O que permite vários fura-filas, se bem que não existe fila.

CONCLUSÃO - A moderação grega é não apenas linda, mas foi um sucesso. Depois da segunda sessão, todas as outras adotaram o mesmo sistema. No meu entendimento, isso quer dizer que não apenas a Mesa, mas também nossas delegações-colegas, testaram e aprovaram.

Adote uma grega você também.

(foto: Dora Bakoyannis, a charmosíssima Ministra das Relações Exteriores da Grécia)

quinta-feira, 6 de março de 2008

WorldMUN 2008 urgente!

Modelândia,

Se alguém tiver interesse em ir ao WorldMUN 2008, a delegação da UnB tem uma vaga sobrando e está precisando de gente. O evento será realizado em três semanas na cidade de Puebla, México, por isso o regime de urgência. Interessados favor contatar Maria Beatriz Campedelli (pelo orkut ou pelo blog, ela não deixou e-mail ;P),