quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Feliz 2009, novos editores!


Modeleiros das galáxias!
 
Chegou a hora de passar o bastão. Seis candidatos se apresentaram para as quatro vagas de editores do 
Representatives of the World. Após muita deliberação, cada um de nós votou nos quatro que achava mais preparados para a função, com base nos seus currículos e nos posts-exemplo que nos enviaram. Os quatro mais votados foram escolhidos. Duas decisões foram unânimes; as outras duas, mais disputadas.
 
Todos os quatro novos editores estão ainda em meados da faculdade. Representam, de fato, uma nova geração.
 
Eles são: 

Philip Hime, do Rio de Janeiro;  (Direito - PUC-Rio)
Pedro Nogueira, de Belo Horizonte;  (Jornalismo - UFMG)
André Dutra, de Brasília;  (REL - IESB)
João Pedro Sá Teles, também do Rio (RI - PUC-Rio).
 
Aos que não foram selecionados, só podemos torcer pra que isso não os desanime. A demora na resposta transparece como essa foi uma disputa acirrada. Tivemos seis excelentes candidatos, mas por uma questão de logística e organização, é bom que a administração seja restrita a poucas pessoas. Esperamos que vocês contribuam pro blog como se tivessem sido selecionados, e, talvez, aceitem fazer parte da próxima editoria quando os que agora a assumem julgarem que é hora de passar adiante esse mesmo bastão.
 
Enviaremos mais um e-mail aos novos editores  com algumas instruções e sugestões.
 
 
Parabéns a todos!  E vida longa ao RoTW!
 
Os primeiros editores 

Bacharel em RI (PUC-Minas)
Graduando em Jornalismo (UFMG)
28 modelos
Bacharel em Direito (PUC-SP)
Mestrando pela UnB
23 modelos
Bacharel em RI (PUC-SP) e Jornalismo (USP)
Atualmente um russófilo no MEC
32 modelos
Bacharel em Direito (UFRN)
Mestrando pela UFMG
18 modelos (incluindo 7 SOIs!)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Final da seleção

O prazo estipulado para o recebimento de CVs foi esgotado. Os editores analisarão as propostas enviadas e o resultado será postado aqui em breve.

Fica nosso obrigado desde já aos que deram esse importante passo adiante e se apresentaram em nome da Modelândia :)

E sim: tivemos mais de 4 candidatos, o blog Modeleiro, felizmente, continuará suas operações em 2009 ;D

abraços,
Os Editores

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Representatives’ Feelings

** O blog modeleiro permanece em fase de transição, selecionando novos editores. Mais informações, vide o post a respeito do tema. Lembrando que receberemos CVs até dia 10/12! **

Nota dos editores: É política do blog não escrever posts sobre modelos específicos. Porém, como se trata de um caso sui generis -os editores atuais não foram ou podem ser delegados do Global Classrooms - julgamos que as reflexões propostas pelo Jeff Agrella são válidas para falar algo mais do que o modelo em si, mas o impacto social a modelândia pode causar em nosso país.

Representatives’ Feelings


No final de semana dos dias 14, 15 e 16 de novembro aconteceu a terceira edição do Global Classrooms São Paulo. O evento, que contou com a participação de aproximadamente 300 pessoas, entre alunos, voluntários e professores, é o único Modelo Brasileiro voltado aos alunos da rede pública de ensino no Brasil.Dentre os alunos, certamente mais de 80% estavam “aprendendo a modelar”, e a imagem que passavam, durante a cerimônia de encerramento, era a de que lição foi bem compreendida. Entretanto, o Global Classrooms ensina um tanto mais que apenas modelar. Leciona muito mais do que técnicas de oratória, de pesquisa, compreensão, tolerância e todas as demais que observamos em nossas idas e vindas pelos modelos desse nosso querido e insano mundo paralelo.O Global Classrooms é um instrumento para inflar a auto-estima de nossos queridos alunos/delegados, muitos dos quais que até o dia da cerimônia de encerramento não acreditavam em si mesmo.

Nós, que passamos por um Global Classrooms (sim, tive o prazer de ter sido delegado deste magnífico projeto) saímos de lá dotados da certeza de que, a partir daquele momento, nossa existência ganha outro sentido. Exagero? As lágrimas derramadas por vários delegados durante tal cerimônia provam que não.




Ver estampado em outros rostos, pela segunda vez como organizador, o que este Modelo representa pra mim, me faz crer que todos aqueles que tiveram o prazer de, um dia, se declarar como representante de “Estado x”, mesmo que por alguns instantes, deveriam viver a experiência que qualquer edição do Global Classrooms propicia.É através de um Global Classrooms que percebemos que todos os valores que são tentados passar durante um Modelo podem sim chegar a seus destinatários. É o Global Classrooms que nos prova que, dentro deste “mundo modeleiro”, podemos sim acreditar que temos o poder de mudar aquilo que consideramos estar fora de seu sentido lógico.Eu sei que parece muita “babação-de-ovo”, e que deve estar sendo um saco ler este post que foge tanto à estilística bem-humorada representada por todos os outros abaixo. Mas, é necessário compartilhar com todos aqueles que nunca puderam sentar em uma cadeira do Global Classrooms, tanto como delegado, quanto como organizador, a lição metafisicamente ensinada durante os dias de qualquer edição de um Global, a de que além de todas as nossas horas e treinamentos com oratória, devemos levar aos modelos as nossas paixões.



Tenho pra mim que o projeto, que é organizado por nossa querida modeleira Raquel Mozzer, representa aquilo que de melhor podemos tirar de um modelo, a sensação de algumas horas investidas no aprimoramento de pessoas tão especiais, a começar por nós mesmos. E, investido desta sensação, fico feliz em perceber que tal projeto toca, cada vez mais, a essência de quem passa por um Global Classrooms. Senhores modeleiros, mais do que transmitir a nós, delegados, os preceitos e valores da Carta das Nações Unidas, o Global Classrooms sempre será um divisor de águas na vida de qualquer aluno que por ali passe. É a partir dele que saberemos dizer “Yes, We Can” (quem esteve presente esse ano entenderá).


Seja parte, modeleiro, dos momentos mais importantes, até então, da vida de um aluno que se sente importante pelo simples fato de aprender a aprender um pouco mais sobre si mesmo.



Jefferson Agrella, o Jeff, é aluno do 4º semestre do curso de Direito das Faculdades Integradas Rio Branco e iniciou suas participações em modelos na primeira edição do Global Classrooms São Paulo, em 2006.

sábado, 29 de novembro de 2008

Nações Unidas: Mais poder às novas gerações

Enquanto estamos nesse período de transição, o blog não vai parar. Um dos leitores, Bruno Sindicic, de 17 anos, nos enviou esse texto para que fosse compartilhado com os demais. Agradecemos sua disposição e lembramos que mesmo com a mudança dos editores, o blog permanecerá aberto para contribuições. Esperamos que isso não mude, e que tenhamos cada vez mais vozes - de preferência dos cantos mais remotos do Brasil - ajudando a compor a voz da modelândia brasileira. Então, levando em consideração o excelente timing do texto, o publicamos a seguir, espero que gostem! (ou desçam o cacete nos comentários, como bons dele-malas).

Nações Unidas: Mais poder às novas gerações

Por Daisaku Ikeda*

Tóquio, outubro/2008 – “Dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e moverei a Terra”, afirmou Arquimedes, segundo se diz, há cerca de 2.200 anos. As palavras do cientista grego vão além de uma explicação sobre o princípio da alavanca. Indicam também as potencialidades da humanidade e expressam a convicção de que, sejam quais forem as crises que devemos enfrentar, os seres humanos têm, sem dúvida, a sabedoria para encontrar uma solução.

A metáfora de Arquimedes sobre a alavanca foi alvo de uma citação do presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy em seu discurso de 1963 perante a Assembléia Geral das Nações Unidas: “Estimados habitantes deste planeta: ocupemos nossos lugares aqui, nesta Assembléia das Nações Unidas, e vejamos se, em nosso tempo, podemos levar ao mundo uma paz justa e duradoura!”.

A ONU nos proporciona “um ponto de apoio” para o desafio de levar à Terra o bem-estar para toda a humanidade. Nosso mundo está atualmente esmagado por uma desconcertante série de assuntos globais que vão da mudança climática à crise economia, a pobreza e as disparidades em matéria de riqueza, até o terrorismo e as escassezes de alimentos. Como fazer para começar a desfazer este emaranhado de problemas entrelaçados entre si? Creio que o caminho para resolver estes desafios é o de maximizar as potencialidades da ONU, que é o contexto de solidariedade nascido da trágica experiência de duas guerras mundiais.

Por que qual outro lugar existe para juntar nossos recursos, transformar nosso modo de pensar e passar da busca de estreitas metas nacionais ao trabalho conjunto para toda a humanidade? Este planeta não existe para servir aos interesses de um Estado em particular. Mas cada Estado existe para contribuir para os interesses comuns do planeta. Há uma grande necessidade de que todas as nações reafirmem esta verdade manifesta. Naturalmente que a ONU enfrenta numerosos problemas. Mas, se desejamos que cumpra sua missão é necessário ser revitalizada.

Para funcionar no século XXI a ONU deve se sustentar sobre três pilares que transcendam as fronteiras nacionais: um sentido compartilhado sobre o rumo a seguir, um senso de responsabilidade e um acionar comum. Creio que o compromisso criativo e a capacidade inovadora dos jovens de todo o mundo são a chave para romper os moldes existentes e afirmar os princípios antes enunciados. A juventude tem cada vez mais um senso de identidade global. Os jovens estão unidos pro uma preocupação comum sobre o destino de nosso planeta e estão conectados através de novas tecnologias das comunicações.

As pessoas com menos de 24 anos, definidas pela ONU como “jovens” e “crianças”, agora constituem quase 50% da população mundial. Se descuidarmos da busca de soluções para as questões contemporâneas, a próxima geração deverá enfrentar as trágicas conseqüências. Portanto, ninguém tem mais direito do que os jovens a expressar sua opinião sobre os atuais. E é um privilegio especial da juventude o poder elevar-se mais além dos estreitos limites do ganho de curto prazo, bem com apaixonar-se pela justiça e pela obtenção de objetivos de longo prazo. Creio ser de vital importância estabelecer estruturas adicionais para a participação ativa dos jovens nas deliberações realizadas pelas agências especializadas da ONU.

A participação na tomada de decisões é uma das prioridades da agenda da ONU sobre a juventude. Este ano, 14 países incluíram representantes juvenis em suas delegações à Assembléia Geral. Tais iniciativas deveriam ser incentivadas e estendidas. Atualmente, existe um “ponto focal para a juventude” dentro do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (Desa) que maneja questões relacionadas com os jovens. Este departamento poderia ser potencializado e convertido em um Escritório para a Juventude. Outra sugestão seria a designação de um Representante Especial junto ao Secretário-Geral da ONU ou de um Alto Representante da ONU para a Juventude.

Também é desejável apoiar o fortalecimento da Assembléia da Juventude, que reúne anualmente representantes de jovens do mundo, de modo que suas deliberações alimentem diretamente as da Assembléia Geral da ONU. Além disso, devem ser criados canais para que os jovens levem suas preocupações à atenção dos líderes mundiais. Tenho fé nos jovens. Somente eles possuem o fogoso dinamismo, a energia e a inspiração criativa necessários para construir algo novo, para prever e construir um futuro melhor para eles próprios e para empreender ações que permitam superar as crises que enfrentamos. Devemos aproveitar este poder e esta sabedoria dos jovens. As pessoas jovens são a força condutora que pode superar qualquer ponto morto e abrir novas possibilidades para a humanidade, encaminhando o mundo para a paz. Todos ganharemos se permitirmos que usem a ONU como um “ponto de apoio”. (IPS/Envolverde)

* Daisaku Ikeda, filósofo budista japonês, é presidente da associação de base budista Soka Gakkai Internacional (SGI, http://www.sgi.org).
Espero que sirva de alguma coisa,

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sucessão no blog modeleiro

Amigos, vamos abrir o jogo.

O tempo passou. Os editores deste blog, que eram velhos modeleiros, viraram modeleiros velhos. Quase todos estamos formados e/ou pós-graduados e/ou trabalhando para valer. Nossas carreiras em simulações da ONU estão no crepúsculo, e desta vez não é blefe.

Chegou a hora de passar o blog para a frente.

Nesta última década, nós viajamos o país e o planeta para participar de MUNs. Organizamos modelos e comitês de todos os tipos possíveis e imagináveis. Somados, participamos de precisamente 101 simulações. Colecionamos histórias para contar e amigos para rever. Mas terminou. Todo carnaval tem seu fim.

Como a Modelândia continua, hoje e sempre, decidimos recrutar nossos sucessores. Eles terão a árdua mas fascinante tarefa de continuar estimulando o debate permanente sobre MUNs no Brasil.

Está aberto o processo de seleção para quatro novos editores de Representatives of the World. Participem!

Requisitos

I - Ser estudante universitário. Pode ser de graduação ou pós, em qualquer ano. Não importa a área de estudos. Também não importa a instituição - vale qualquer uma do Brasil ou do exterior.

II - Possuir pelo menos dois anos de experiência como modeleiro, incluindo necessariamente:
a) Experiência como delegado E como organizador (assistente, diretor de comitê, secretário-geral ou afins);
b) Participação em no mínimo dois modelos, de preferência em diferentes cidades ou estados.

III - Ter disponibilidade para escrever de forma regular no blog, isto é, no mínimo uma vez por mês.

Os candidatos deverão enviar seus currículos modeleiros, com a descrição detalhada de suas experiências em MUNs, além de um post de exemplo para o blog, para o email correiodiplomatico@gmail.com . A data-limite é 10 de dezembro de 2008.

Os quatro atuais editores permanecerão como colaboradores e poderão escrever posts ocasionais, mas abdicarão da editoria e do controle administrativo do blog.

Novos modeleiros, levantem-se! Que nós vamos descansar.

Frederico "Cedê" Silva
Guilherme Pereira
Thomaz Napoleão
Wagner Artur Cabral
Fundadores e editores de Representatives of the World

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Nada de novo no front diplomático


A festa da democracia não se limita aos municípios brasileiros e à Casa Branca. A ONU também vota. Votou hoje. O resultado? A Assembléia Geral perdeu mais uma excelente chance de tornar o Conselho de Segurança, se não mais eficaz ou democrático, pelo menos mais divertido.

Os cinco novos membros do CS, eleitos para ajudar a tomar conta da paz mundial entre 2009 e 2010, são Áustria, Turquia, Japão, México e Uganda.

Não há nenhum novato entre os membros rotativos recém-eleitos. O Japão vai ser conduzido para o Conselho pela décima vez, batendo um recorde que até agora era dividido com o Brasil. Turcos e mexicanos foram eleitos pela quarta vez. Austríacos e ugandenses entram no clube pela terceira vez.

Os cinco eleitos substituirão Itália, Bélgica, Indonésia, Panamá e África do Sul. Ou seja, o Conselho vai ficar ainda mais tranqüilo do que já era. Os sul-africanos são hoje os terceiro-mundistas mais barulhentos do CS, e não perdem uma chance de proteger Mianmar ou o Zimbábue dos reproches ocidentais. Já a Itália do Berlusconi, como se sabe, gosta de um bom factóide.

"Nosso zelador vai conduzir o senhor ao toalete!"


Mas o realmente interessante é ver a lista dos Estados que perderam as eleições para o próximo biênio do CS. O Irã se candidatou pelo grupo dos países asiáticos, mas obteve apenas 32 votos, ante os 158 do Japão. Já a Islândia – que acaba de ser salva da bancarrota por um empréstimo bilionário de petrodólares russos – fez uma campanha longa, esforçada e inútil; recebeu 87 votos, contra os 151 da Turquia e os 133 da Áustria (havia duas vagas européias em disputa).

Tragicamente, entre os Estados latino-americanos o Brasil recebeu apenas UM sufrágio perante os 185 votos do México! Derrota fragorosa? Mais ou menos. O Brasil não era candidato.

O bottomline é que o Conselho de Segurança poderia ter entre seus membros um país proliferador e uma ilhota sem exército, mas isso não vai acontecer em 2009. Seria bom para o anedotário das relações internacionais, mas talvez atravancasse um pouco mais a pauta da segurança global.

PS: Se o leitor pensa que a Islândia não passa de um paiseco gelado, saiba que Reykjavík articulou uma espécie de anti-Santa Aliança entre os 24 membros da ONU que não possuem forças armadas permanentes. Quem conseguiria harmonizar os interesses divergentes de potências rivais como São Marino, Dominica e Micronésia? A Islândia conseguiu.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

IOSC lança "Projeto Memória"

Conforme divulgado pelo Diretor-Presidente Roberto Gama:

IOSC lança Projeto Memória, vinculado ao aniversário de 10 anos do Clube, a ser comemorado em 2009

O International Organizations Simulation Club convida seus (ex-)membros e (ex-)estudantes da PUC Minas que participaram de Modelos das Nações Unidas (MUNs - Models United Nations), bem como estudantes (em geral) que participaram de IOSCMUN, a prover informações de respectiva experiência.

Mais detalhes sobre o projeto e a chamada podem ser encontrados aqui.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Pela Profissionalização das Crises

  “Eu vou perguntar só uma vez... CADÊ A BABÁ?”

Tenho a leve impressão que uma lynching mob se dirigirá contra mim após esse post, mas não custa tentar...

Não sei se mais alguém tem percebido isso, mas, nos modelos brasileiros, eu vejo uma “banalização” das crises. Anteriormente, crises eram a exceção, agora são a norma. Em contraste com a época quando comecei a freqüentar modelos (em 2005-2006), quando, normalmente, só comitês de segurança tinham crises, hoje até mesmo comitês ambientais as planejam. Por quê? Eis minha humilde hipótese:

“Antigamente”, a crise tinha duas finalidades. Uma delas era mostrar que aquela simulação era uma coisa bem próxima da realidade. Ora, é claro que se o Conselho de Segurança estiver no meio de uma sessão sobre a renovação do mandato da UNIFIL e alguém abrir a porta de supetão e gritar: “A Geórgia tá metendo o pau nos ossetas!”, eles obviamente vão parar aquela sessão para discutir a questão na Geórgia. Talvez os mais experientes no mundo modelístico possam me desdizer, mas, no meu ver, as crises surgiram para dar aos delegados a sensação de instabilidade inerente a situações extremas ou tensas.

A segunda finalidade das crises era (e ainda é, se forem bem planejadas) ajudar os diretores a separar o joio do trigo. Na crise, você percebe quem realmente incorpora a postura do país (nacionalismo transferido na veia) e quem só sabe a posição do país em relação a um tema. Não estou pedindo que os delegados saibam da política externa inteira do país, o que seria absurdo, mas sim a postura, o que é algo mais difuso. Por exemplo: se estiver sendo discutida a influência das moscas da Patagônia na segurança dos campos de refugiados palestinos e houver uma crise envolvendo a Coréia do Norte, o delegado americano tem que ter o bom senso de tentar esculachar o Kim Jong-Il. Se a França for a linha dura do comitê e os EUA forem da turma do “deixa disso”, existe algo muito errado.

Hoje em dia, principalmente nos casos de uma mesa diretora inexperiente, a crise deixou de ser uma ferramenta de avaliação para ficar apenas como algo que leva o comitê mais próximo da realidade – ou mais longe, dependendo da qualidade da crise – ou até mesmo como “algo legal de se fazer”. Por incrível que pareça, existem pessoas que acham legal ficarem trancadas em uma sala para almoçar – coisa que, sinceramente, não entendo.

De similar maneira, a qualidade das crises também caiu. Claro que antes também existiam casos de crises loucas, como o paradigmático caso da babá egípcia. Mas a insanidade é mais freqüente hoje, muitas vezes por conta de crises mal preparadas. Por exemplo, se for feita uma crise envolvendo um porta-aviões americano, o mínimo que se pode fazer é acessar a página da Wikipédia do navio e verificar que a marinha americana utiliza o prefixo USS, e não HMS, como vi em uma crise por aí.

O problema da qualidade das crises me leva a outra idéia que tenho ventilado com alguns modeleiros: a figura do diretor de crise, que tem se popularizado, principalmente nos últimos anos.

Durante o modelo, é normal algum comitê “precisar de uma crise” por qualquer motivo e não conseguir planejá-la, por quaisquer motivos. Entra em cena aquela figura que existe em qualquer modelo: a do “cara que faz crises”. Essa pessoa normalmente é diretora de algum outro comitê, e acaba tendo que administrar, além das suas próprias crises, as de dois ou três outros comitês. Desnecessário afirmar que isso é prejudicial para o modelo em si, já que o “cara das crises” tem seu próprio comitê para conduzir, e fica com a atenção dividida demais. Além disso, em um espaço curtíssimo de tempo, ele tem que se informar de como o comitê está e quem ele pode influenciar lá dentro, além de fazer uma pesquisa básica sobre o tema, caso seja algo mais obscuro (e.g. influência das moscas da Patagônia na segurança dos campos de refugiados palestinos).

Caso os modelos tivessem três ou quatro diretores de crise “estatutários”, ou seja, selecionados através de edital ou application, alguns problemas poderiam ser solucionados:

1.      1. É possível peneirar as pessoas responsáveis pelas crises através de um processo mais objetivo (no caso de uma application), aumentando a qualidade das crises.

2.      2. A divisão de tarefas entre os diretores permite que cada um dedique mais do seu tempo e atenção a um número menor de comitês, resultando em crises mais detalhadas, bem pensadas e planejadas.

a.      Um pouco de brainstorming coletivo nunca prejudicou ninguém. Os diretores podem colaborar entre si para enriquecer uma crise. Quatro cabeças com certeza pensam melhor que uma.

3.     3. A imagem do modelo em si ganha, já que as crises em diferentes comitês terão um nível parecido, eliminando o argumento “meu diretor não sabe fazer crise”.

Já existe pelo menos um caso de sucesso seguindo uma versão reduzida desse modelo que apresentei. Durante o V ONU Jr, os delegados da Crise de Berlim, que se dividia em uma épica batalha entre OTAN e Pacto de Varsóvia, tomavam decisões que afetavam o outro comitê. Entretanto, a ligação não era direta. Existia uma “war room” para a coordenação de crises, a qual foi batizada de GRUCON – Grupo de Controle. O importante é que as pessoas do GRUCON tinham uma visão panorâmica (ou bird’s eye, a que você preferir) de ambos os comitês. Era lá onde as cartas para os governos eram respondidas, as ordens militares, executadas e as crises, desenvolvidas. Sempre consultando os diretores que estavam acompanhando o debate, claro.

Isso me lembra de fazer uma observação: não estou defendendo que um pequeno grupo tome as rédeas do rumo dos debates em todos os comitês de um modelo. Pelo contrário. A integração e o diálogo entre os diretores de crise e os diretores de comitê é fundamental e imprescindível ao sucesso do comitê e, por conseguinte, do modelo.

Estariam as crises fadadas a virarem meros acessórios de comitê? Diretores de crise e war rooms vão “pegar” no mundo modelístico? Aguarde os próximos capítulos.

Philip Hime é aluno do 4º período de Direito na PUC-Rio e diretor da Organização dos Estados Americanos do VI ONU Jr.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Sobre simulações como ferramenta educacional

Um argumento de autoridade a favor da prática simulada como ferramenta pedagógica:

A experimentação e o método científico pode, ser ensinados em muitas outras disciplinas além da ciência. Daniel Kunitz é um amigo dos meus tempos de universidade. Passou a vida fazendo um trabalho inovador como professor de ciências sociais nos dois últimos anos do curso secundário. Os alunos querem compreender a Constituição dos Estados Unidos? Podemos lhes dar a tarefa de ler a Constituição, artigopor artigo, e depois discutir em aula - mas, lamentavelmente, isso fará a maioria dos estudantes cair no sono. Ou podemos tentar o método Kunitz: proibimos os alunos de ler a Constituição. Em vez de leitura, determinamos que participem de uma assembléia constituinte, dois para cada estado. Damos informações detalhadas a cada um dos treze grupos sobre os interesses particulares do seu estado e região. A delegação da Carolina do Sul, por exemplo, seria informada da primazia do algodão, da necessidade e da moralidade do tráfico de escravos, do perigo representado pelo Norte industrial, e assim por diante. As treze delegações se reúnem e, com um pouco de ajuda dos professores, mas principalmente por sua própria conta, redigem uma constituição em algumas semanas. Só então lêem a Constituição real. Os estudantes reservaram os poderes de declarar guerra ao presidente. Os delegados de 1787 atribuíram esses poderes ao Congresso. Por quê? Os estudantes libertaram os escravos. A constituinte original não o fez. Por quê? Isso requer mais preparação da parte dos professores e mais trabalho da parte dos alunos, mas a experiência é inesquecível. É difícil não pensar que as nações da Terra estariam em melhor forma se todo cidadão passasse por algo semelhante.
- Carl Sagan, O mundo assombrado pelos demônios


O comentário em si já dá margem a várias análises modeleiras, não? Também pode ser útil naquele projeto que precisa ser apresentado pra coordenação de curso, pra pedir ajuda de custo pra viajar, ou até mesmo convencer seus pais que você não está perdendo tempo, está é salvando o mundo.

Mais outro post sobre Carl Sagan virá em breve! ;)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Quadro de medalhas: quem é a melhor delegação?

"Aí ele propôs uma emenda desse tamanho!"

Com os Jogos Olímpicos de Pequim acabando, a maioria deve ter se deslumbrado com o crescimento da China e a evolução de seu desempenho desde os últimos jogos. Enquanto nós brasileiros ficamos sonhando em ter um Phelps, a China conseguiu ser a terceira nação a superar as 50 medalhas de ouro, fato somente alcançado anteriormente pelos Estados Unidos e União Soviética/Rússia. E os seguidores de Mao não só entraram no clube como pegaram a mesa principal: A China fechou os jogos na primeiríssima posição, desbancando os norte-americanos e os russos. Ao menos é isso que eles acham. Nós também. Os americanos não. E o COI diz que não tem nada a ver com isso. Enquanto isso, o Comitê Olímpico Brasileiro esclarece: essa foi a melhor campanha da história olímpica do Brasil. "Como assim?", deve pensar o amigo modeleiro. E o que isso tem a ver com a Modelândia?

É tudo uma questão de contorcer os números e colocar em evidência o que é mais importante, o grupo ou o indivíduo.

O prêmio de Melhor Delegação existe na maioria dos modelos (com exceção do TEMAS ou outros modelos nos quais o conceito de "delegação" não se aplique), e busca, em tese, premiar a melhor delegação daquela conferência. O quê exatamente torna uma delegação a Melhor, é o que trataremos neste post. Na award policy do AMUN encontramos que:
"A 'Best Delegation' award will also be given during the Closing Ceremony. This choice will take into account several factors, including: cohesiveness of the delegations, delegates' individual performances, fidelity to the represented country's image and foreign policy, and member delegates' participation and behavior – individually and as a group – at all times during the five days of the conference."
Por sua vez, o UFRGSMUN afirma que:
"For delegations awards, the individual performances of the delegates will be analyzed from a collective perspective, with regard to the delegation's cohesion and coherence."
A SOI não possui uma política expressa de premiação em seu site desde 2005, quando dizia, de forma extremamente genérica que:
"Adicionalmente, é conferido à delegação que mais se destacou em todos os comitês o prêmio de Melhor Delegação, em uma escolha feita por decisão colegiada de toda a organização do evento."
Essas definições já bastam para aduzirmos algumas características das premiações de melhor delegação: Analisando os conceitos da SOI e do URFRGSMUN, vemos que é uma decisão tomada de forma coletiva ou colegiada. O AMUN não se pronuncia se adota prática semelhante, tampouco esses dois modelos explicitam como seria essa decisão coletiva (por todos os membros do Staff? membros do secretariado? somente diretores administrativos?). A definição da SOI (que eu acho que fui que que escrevi, então digo logo que é culpa minha) não traz muita informação sobre quais os atributos analisados, coisa que as definições do UFRGSMUN e AMUN elaboram melhor. Os gaúchos destacam a coesão e coerência, enquanto o AMUN ainda observa o comportamento dos delegados e seu desempenho individual ao longo de todo o evento.

Prêmios de Melhor Delegação podem ser extremamente contestados, mas gostaria de concentrar a discussão além da subjetividade inerente ao prêmio, muitas vezes considerado até político demais, mas na natureza dessa premiação. O que se busca realmente premiar, quando se confere a uma delegação esse título tão prodigioso? Na minha visão existem duas alternativas: Premia-se o conjunto de melhores delegados ou o melhor conjunto de delegados. A diferença é sutil, e vai bem além da semântica.

O primeiro caso acontece quando a escolha se dá contabilizando qual das delegações possui mais delegados com desempenho individual de destaque. É o que sugere parte da definição brasiliense: a delegação composta pelo maior número de Phelps é a melhor delegação, é o time com craques, que são premiados em seus respectivos comitês. Calcula-se então pelo número de medalhas de ouro. Quem tiver mais medalhas de ouro, leva o Best Delegation/Melhor delegação. É o sistema adotado na maior parte do Brasil atualmente.

A alternativa seria a premiação dada à melhor equipe, o melhor conjunto. Ser o melhor conjunto é justamente como em esportes de equipe como futebol ou vôlei, ter a maior estabilidade e confiabilidade. O futebol, por exemplo, é farto em exemplos de equipes estreladas que se transformam em um apagão. Cada um brilha por si, mas juntos não iluminam ninguém. Muitas vezes uma equipe mais modesta, mas mais coesa e constante pode conseguir um resultado bem mais satisfatório que seus oponentes. Este é, na minha opinião, o sistema que premia quem realmente merece.

A premiação através da coletânea dos melhores delegados é uma convenção preguiçosa que insistimos em manter, mas contradiz o próprio espírito das simulações. Nós, ao buscar a excelência acadêmica, devemos premiar aqueles que a atingem na representação da sua delegação. Em uma análise coletiva, é imperativo que se analise o que cada elemento do grupo conquistou. Como todos sabemos, relações internacionais não são formadas por eventos isolados, mas por uma realidade em que fatos convergem e influenciam diversas áreas ao mesmo tempo. Uma delegação que teve 75% de sua representação brilhante mas uma parcela irreconhecível jamais deveria ser premiada, não importando que o resto tenha feito um trabalho excelente. Aquele delegado que pisou na história e tradição de sua nação comprometeu seus esforços diplomáticos, aquele Estado saiu daquela conferência com uma representação irregular. Por mais que isso possa acontecer na vida real, lá não há prêmio. E, se houvesse, creio que deveria ser concedido às nações que avançaram menos, mas avançaram sempre. Passos pra frente, nenhum passo pra trás.

Deixando minha opinião de lado por um instante, o que existe é o mesmo dilema do quadro de medalhas das Olimpíadas. Vários veículos midiáticos norte-americanos colocaram os Estados Unidos no topo do ranking por ter um número maior de medalhas no geral. O resto do mundo, basicamente, colocou a China, considerando que o ranking é medido pelo número de medalhas de ouro. Qual a grande diferença, além do resultado? O primeiro critério considera que medalhas tem um valor aproximado, independente de suas cores. O segundo afirma que a melhor delegação olímpica é aquela formada pelo maior número de delegados campeões, esportistas em destaque.

A diferença entre o exemplo olímpico e a modelândia é que no caso esportivo não se exige coerência com a delegação. A competição olímpica é de caráter eminentemente individual (salvo no óbvio caso dos esportes coletivos). Nas olimpíadas o seu desempenho não tem rigorosamente nada a ver com o de um atleta de outra modalidade, e seu único vínculo são as cores de sua bandeira e, provavelmente, o bloco de carnaval que vocês desfilam na cerimônia de abertura e encerramento. Ao meu ver, é forte o argumento pelo qual os jogos olímpicos ressaltam a importância de se competir, não de ganhar. Logo, a delegação que participou de mais pódios competiu mais e melhor do que aquela que compareceu menos, mesmo que no lugar mais alto mais vezes. Mas na modelândia, esse argumento é incisivo e, ao meu ver, definitivo: a delegação possui um vínculo de coletividade que ultrapassa o bom desempenho individual. As cores da bandeira que enfeitam broches de lapela unem todos os delegados em um trabalho de equipe que deve ser estimulado, inclusive através dos prêmios. Precisamos avançar do método de premiação matemática que diz que a melhor delegação é aquela que ganhou mais prêmios. A melhor delegação é aquela que representou melhor os interesses do seu país em TODA a conferência. Onde esteve presente, foi bem representada.

Se essa meta é difícil de ser mensurada, aí são outros quinhentos. O que importa é repensar nossos conceitos e enfrentar a realidade que, se queremos formar boas delegações, e de fato estimular as habilidades de trabalho em equipe que buscamos, é o caminho a se seguir.

Uma das primeiras histórias que ouvi, na minha infância modeleira, foi sobre como dois delegados da UFRN conseguiram, certa vez, em um AMUN agora longínquo, fazer dois unmoderated caucuses em seus comitês ao mesmo tempo para negociar simultâneamente entre os dois comitês. Então dois comitês separados viraram comitês em dupla, por um breve espaço de tempo. Certas concessões e negociações foram feitas de forma conjunta, cedendo aqui pra ganhar ali. Como poderiamos favorecer essas práticas? Precisamos inventar novos instrumentos pra favorecer o verdadeiro trabalho de equipe? Ou será que caminhamos rumo ao domínio dos Galácticos?

Já dei minha opinião. E vocês, o que acham?

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Como (não) acabar com seu modelo

- This is the end. My only friend, the end...

Tendo em vista que que os encerramentos em modelos brasileiros têm sido verdadeiras epopéias - dá pra ler os Lusíadas inteiro durante um encerramento médio de modelo - resolvemos reunir algumas dicas para realmente ACABAR com seu modelo, pra não ficar nenhum delegado reclamando (nem presente). Afinal, um dos (muitos) lemas deste blog é "se for fazer, alopre!".

1 - Quem se importa com horário?
Que é isso gente, isso é Brasil. Ninguém faz nada na hora mesmo. Marque o encerramento pras 15 horas, mesmo sabendo que a metade dos comitês não vai acabar a tempo. É bom que força o povo a dar uma acelerada básica. E se atrasar um pouquinho, não tem problema nenhum, já que o Staff ainda vai estar fazendo os prêmios na hora, é bom que dá uma enrolada básica. Conscientize-se, isso é Brasil.

2 - Essas são suas 8 horas de fama, abra o seu coração!
Vamos lá, você passou meses trabalhando por esse modelo, gastando tempo, dinheiro, ignorando sua família, seu namoro, seus amigos, a Igreja, o Greenpeace, o clube de futebol, a África, a novela e tantos assuntos tão importantes! Nada mais justo que agora, tendo alcançado o cume, você possa olhar pra baixo e despejar torrentes de amargura que inundam seu coração. Fala que o auditório todo te escuta. Pode contar das pessoas que não acreditaram em você, da labuta diuturna incessantemente travada, daquele dia que vocês foram comer pizza e o pneu furou. Fique à vontade, tá todo mundo aí, assistindo, feliz da vida, só por causa do seu trabalho. Ilumine-os com a beleza do seu coração, todos te amarão ainda mais. Ah, e se sentir uma vontade incontrolável de chorar, chore. Chore muito. Todos se sensibilizarão com suas lágrimas e se juntarão a você em imenso abraço coletivo de congratulações mútuas e declarações pungentes. Não há vergonha em ser emo!

3 - A beleza das coisas está nos detalhes.
Você sabia que o papel da capa do guia de estudos tem gramatura 25? Você sabia que quase só colocou Eslováquia em vez de Eslovênia naquele comitê porquê a bandeira é mais bonita? Não sabia? Não acredito, como você vivou sem saber disso! Todo mundo sabe que delegados ADORAM saber detalhes, especialmente os administrativos. Organize uma agenda com todos os afazeres logísticos de todos os dias de simulação para, ao final, gloriosamente, declamá-los em redondilhas serenas. A galera irá ao delírio. Pessoal do acadêmico: fale sobre o intenso processo de correção dos guias! Vamos transformar o Grand Finale em um Very Best, Greatest Hits E Making Of ao mesmo tempo! Aproveite seu discurso bem para fazer os delegados se sentirem em casa, tenho certeza que será uma experiência extasiante.

4 - A retórica como uma arma de destruição em massa.
Prepare seu discurso de encerramento com meses de antecedência, só pra chegar no dia jogar tudo fora e dar vazão ao seu coração (vide tópico 2). Mas se mesmo assim você ainda lembrar de algo que originalmente iria dizer, aqui vão algumas sugestões: não esqueça de agradecer a todos os membros da organização um por um (afinal, como mais eles saberiam que você aprecia seu trabalho?) Cada discurso deve agradecer a todos os membros da (imensa) mesa, a Deus, a Xenu, ao Modeleiro Original e a todos os santos da Igreja Católica (nominalmente e em ordem cronológica, pelo dia do ano), não vamos fazer desfeita com ninguém. O discurso nunca poderá ser preso pelas amarras da contingência: se você tem algum ideal ou idéia que não seja diretamente vinculada ao modelo, não tem problema, todos vão entender. Mais uma razão pra você falar, ninguém tá nem aí pra isso mesmo, agora sim, todos vão mudar suas vidas! Aproveite o ensejo e difunda suas convicções políticas, sociais, sexuais e alimentares, só assim viveremos em uma sociedade mais aberta. Cada diretor de cada comitê deve falar, dando sua visão particular desse evento tão multi-facetado que é uma simulação das Nações Unidas. Garanto que após todos esses cuidados, ninguém vai resistir: a platéia estará aos seus pés.

5 - "O que é, o que é, vota com os Estados Unidos e só abstém se quiser?"
Todos adoram jogos, essa é uma verdade universal inquestionável. O ser humano tem uma necessidade inerente por atividades lúdicas. Assim, aproveite a hora dos prêmios pra fazer um joguinho adorável cujos participantes serão centenas de delegados empolgadíssimos! Funciona assim: Vai lá o diretor entregar o prêmio. Ele pega o certificado, faz uma cara de mistério e começa a descrever o delegado premiado: "Ele foi muito importante pro comitê, trabalhou com afinco na redação de documentos e cumpriu bem sua política externa". Aí rola aqueles 5 minutos pra galera conjecturar. Notavelmente, 10 delegados do comitê se acham presidenciáveis, a corrida é dura mas tá todo mundo no páreo. O diretor quebra a tensão se aproximando do microfone enquanto olha pro certificado pra tentar ler aquele nome completo tão estranho, diferente de "Suazilândia" pelo qual o delegado é conhecido. Silêncio sepulcral. Mais 5 minutos de consultas. Então o diretor fala o resultado, e todo mundo fica feliz! É só repetir isso com cada prêmio em cada comitê, assim teremos mais de 40 rodadas do jogo e todo mundo vai ter sua chance de ser presidenciável e conjecturado! O modelo vai quase-premiar quase todo mundo! Somos todos campeões! É quase um Amigo Secreto/Oculto, só que Amigo Premiado!

6 - Uma só voz, um só coração, uma só mensagem
Finalmente, uma coisa que você jamais deve esquecer. Enfatize a cada instante possível, nem que seja entre dois espirros da pessoa que está discursando, que foi um prazer estar com todos, que os delegados são o máximo, que as discussões foram um sucesso, que Ronaldo está magro, que a economia vai bem, que a Rússia não tem intenções imperialistas, que espera ver todos de volta e que é muito bom mudar o mundo. Lembre-se, repetindo sempre, a cada instante, você fixará essas verdades universais no subconsciente do seu eleitorado modeleiro. Todos estarão de volta ano que vem, sedentos por mais pedaços de otimismo, em um mundo tão sombrio e entediante. Faça o teste!

Delegados DURANTE o encerramento do ModeleiroMUN

Por enquanto é só, pessoal. Essas foram apenas algumas dicas de como acabar BEM com o seu modelo. Terminar em alto estilo e fazer questão de não deixar pedra sobre pedra. Se você tiver mais sugestões, pode falar! Se você adorou as sugestões e quer ainda mais, veja os comentários! Ou simplesmente repita essas dicas. Pode ter certeza que seu modelo será lembrado por um bom tempo!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Os tipos da Modelândia

Após o último post do Artur sobre o que são erros e o que não são, conversamos um pouco pelo MSN sobre estilos de simular e modelar e como isso também leva a interpretações diferentes daquilo que é certo ou errado.


Conversa vai, conversa vem, chegamos a uma série de tipos weberianos de modeleiros, com comportamentos orientados de acordo com uma certa visão de mundo ou de trabalho e definidos de acordo com a nossa experiência coletiva em outros modelos. Provavelmente há outros tipos, e gostaríamos de ouvir de vocês leitores se acertamos na mosca, se erramos ou se falta algum tipo. Vale dizer também que um delegado nem sempre é de um único tipo, pois eles não são mutuamente excludentes (salvo pelos tipos Revisionista e Purista, que o são por questões lógicas).


Cada um dos tipos pode ser mais ou menos participativo, mais ou menos agressivo, mais ou menos negociador, mais ou menos tagarela. Os tipos estão principalmente relacionados aos objetivos que um indivíduo tem quando vai a uma simulação e não aos meios que ele usa (embora no último tipo, o Competidor, esta divisão seja bem tênue).



power_rangers 1.jpg


Tipo 1: Burocrata


Este é o tipo de delegado(a) que se preocupa em seguir à risca sua política externa e as formalidades da apresentação desta política, muitas vezes discutindo e se portando de forma mais próxima à de um burocrata, sem os theatricals costumeiros de alguns outros tipos de modeleiros. É, de certa maneira, o tipo mais conservador de delegado, talvez o mais comum (quem ainda não conhece os meandros da Modelândia preferirá manter as coisas simples, também).


Tipo 2: Bom-Mocista


O(A) delegado(a) bom-mocista se preocupa mais com o bem maior da coletividade em detrimento dos interesses individuais da nação representada. É um tipo bastante comum em comitês direcionados para questões de desenvolvimento ou direitos humanos. Sua atuação costuma uma das manifestações mais comuns de opiniões pessoais se sobrepondo aos interesses nacionais.


Tipo 3: Resolucionista


Abordado anteriormente neste blog, o resolucionista é o tipo de delegado que quer porque quer que uma resolução sobre o tópico seja aprovada a qualquer custo, mesmo que isto signifique sacrificar interesses importantes. É o único tipo que se aplica também a diretores.


Tipo 4: Materialista


O materialista é aquele que busca de alguma forma um resultado concreto ou material para os tópicos sendo discutidos. Declarações, resoluções e acordos de cavalheiros não bastam: tem que ter algum resultado real. O tipo inclui principalmente aqueles convictos em criar um fundo ou comissão ou grupo que deva analisar a questão sendo discutida. Também se incluem aqui aqueles delegados que querem fazer contribuições de tropas ou fundos para uma determinada missão. De certa forma é um resolucionista mais específico, mas nem sempre precisa ser.


Tipo 5: Sofista


O principal objetivo do delegado sofista é provar que ele e seus argumentos estão corretos. Não importa se isso significa aprovar algo ou travar o debate, ser agressivo ou ser pacifista; o objetivo do sofista é provar que o resultado que ele está propondo é o correto para seus interesses e para o dos demais. É um tipo complexo de delegado pois inicialmente ele pode ser qualquer dos outros tipos; sua característica principal é a persistência em conseguir o resultado desejado.


Tipo 6: Purista


Um tipo muito mais visível em simulações de situações históricas, o purista é o que se preocupa em repetir aquilo que acontece ou aconteceu na vida real por acreditar que qualquer outro resultado seria implausível e, portanto, descaracterizador de uma verdadeira simulação. Desta forma, ele resolve play by the book apenas, simulando em um sentido bastante estrito, por assim dizer.


Tipo 7: Revisionista


Da mesma forma, há também o tipo de delegado que quer tudo menos repetir a história. O delegado fará tudo ao alcance de sua representação para justificar decisões que foram diferentes do que aconteceu ou acontece na vida real, buscando manter-se ainda no campo da plausibilidade ao fazê-lo. Embora muitas vezes isso possa ser feito de maneira aceitável, o potencial para desvios muito grandes da realidade é considerável, fazendo de um revisionista descuidado um tipo perigoso para simulações históricas.


Tipo 8: Competidor(a)


Um tipo aplicável principalmente a modelos que possuam prêmios para conceder. O delegado competidor faz uso de truques e métodos que têm como único objetivo o ganhar um prêmio. Embora em muitas medidas se confunda com um vendido clássico, lembremos que o vendido não é necessariamente um tipo de delegado, mas sim um método ao alcance de qualquer dos tipos acima. O competidor, de certa forma, aperfeiçoou (ou incorporou) a vendidagem de tal maneira que ela se tornou um fim em si mesma, fazendo com que os objetivos tradicionais de uma simulação se percam em detrimento do desejo pelo prêmio.


Evidentemente, esta lista não é fechada, nem definitiva; queremos saber das suas opiniões também - se concordam ou discordam com as definições, se falta algum tipo... Mandem bala!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

A insondável arte do position paper

Modeleiro nenhum pode escapar do momento de redigir o position paper (vulgo PP, ou documento de posição oficial, DPO) de seu país, logo antes da simulação. Para a maioria dos delegados, escrever um PP é um tédio. Algo enfadonho e repetitivo, no máximo um mal necessário.

O que pouca gente sabe é que é possível ser criativo e até engraçado na produção destes documentos diplomáticos. Como Representatives of the World vai provar agora, a escrita de um position paper também pode ser divertida! Mostrarei dois exemplos.

O position paper genérico

O carioca Chico Dudu, que ao inventar o termo “vendido” em 2003 entrou automaticamente para o rol das lendas da Modelândia, também criou uma das mais úteis ferramentas para o modeleiro contemporâneo: o position paper genérico. Como o nome sugere, era um documento de posição absolutamente vago, que não dizia nem contradizia nada. Mais diplomático, impossível.

Creio que o position paper genérico do Chico Dudu se perdeu no pântano da aposentadoria modeleira, mas eu li a versão original há alguns anos e resolvi escrever algo parecido. Se você quer estar pronto para representar qualquer país, em qualquer comitê, com qualquer agenda, seu position paper deve ser mais ou menos assim: (cliquem para ler)

Position paper genérico

O position paper arcano

Uma solução menos picareta do que o position paper genérico, mas igualmente divertida, é o PP arcano. Se você não quer que os outros delegados entendam a posição do seu país, basta inundar o documento de adjetivos e citações incompreensíveis e supérfluas em latim, francês ou inglês arcaico.

Exemplo: no WorldMUN do ano passado, ao receber a incumbência de representar um país inerentemente absurdo (ie, Liechtenstein), decidi radicalizar e escrever um PP indecifrável que imita a linguagem diplomática medieval e um humor no estilo Monty Python. Estou com preguiça de traduzir o texto, e em português ele perderia parte da graça, então vai o original em inglês mesmo. Vejam aqui:


Position paper arcano 1
Página 1

Position paper arcano 2Página 2

Existem muitos outros tipos de position paper que fogem do óbvio e tornam a vida dos diretores um pouco mais alegre. Alguém pode citar algum? Respondam pelos comentários.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Os erros que não julgamos ser


A prática modeleira é carregada de juízos de valor. Na argumentação, você deve submeter toda informação apresentada ao crivo do bom-senso e da verdade fática - ou simplesmente ignorá-los, se esta for sua política externa. Você - salvo na exceção que mencionei - deve estar atento pra discernir as falácias das afirmações dignas de crédito, assim como precisa avaliar estratégias e os seus opbjetivos. Tudo faz parte do imenso pacotão analítico que faz parte da rotina do modeleiro. É uma das maiores vantagens do hobby: com algum tempo você supostamente não consegue mais ouvir balela à toa. Supostamente. E nem sempre é à toa.

No meio desse jogo dialético de informação e retórica, às vezes podem acontecer erros. Nós podemos falhar na nossa triagem de argumentos e deixar passar alguma bobagem discreta - ou até flagrante, só habilmente disfarçada - no projeto de resolução. Mesmo que modeleiros sejam econômicos em mea culpas, todos sabem que isso acontece SEMPRE, em qualquer atividade profissional. Ninguém acerta sempre, e quando você é submetido a 50 argumentos numa tarde, é normal que não dê a devida atenção a um ou dois. O motivo pelo qual modeleiros muitas vezes se mostram indispostos admitir o erro não podemos dizer com certeza, mas eu mesmo tenho algumas teorias.

I - "Esconde e Reza" - O delegado não deseja chamar a atenção pra um erro que os outros podem ainda não ter notado.
II - "Tá comigo tá com Deus" - O delegado não deseja macular sua aparência de correição, julgando que um erro poderia afastar apoiadores e suas idéias no futuro da simulação.
III - "Dele-Goebbels" - Uma bobagem repetida eventualmente vai fazer sentido pra alguém.
IV - "Tudo pelo Prêmio" - O delegado sabe que se a Mesa descobrir que ele errou seu Prêmio fica mais difícil. Como ela raramente percebe sozinha, não é ele que vai dizer.
V - "Simplesmente ego" - Simplesmente ego.

São todas opções possíveis e, claro, questionáveis. Não é melhor você simplesmente dizer: "fiz bobagem" e passar logo adiante? Bom, há pelo menos cinco tipos posições contrárias, devem haver ainda mais outras tantas. Mas eu queria destacar nesse tópico outra possibilidade que julgo ser bem mais interessant ee cuja análise pode trazer mais frutos pra nossa prática modeleira: os erros que sustentamos por acreditarmos não constituirem erro algum. Podemos até estar errados, mas em algumas situações somos simplesmente incapazes de perceber isso.

Às vezes é muito difícil pra nós identificarmos nossos erros. Seria necessário algum distanciamento ou um observador desinteressado que pudesse nos informar das nossas trapalhadas. Mesas diretoras não vão - nem devem - corrigir nossos deslizes, a não ser posteriormente, talvez por meio de uma avaliação de desempenho, como faz a SiEM. Modeleiros nem sempre se mostram solícitos para aconselhar seus colegas de simulação, especialmente durante o modelo. Muitos se vêem como competidores, seja pela consecução do objetivo da sua política externa, seja pelo - nesse caso, maldito, - Prêmio. Em condições normais, o delegado precisa se cercar de cuidados incansáveis pra garantir que seu desempenho seja satisfatório. Não se trata de embarcar numa neurose em busca de uma apresentação perfeita, mas sim tomar todas as atitudes necessárias pra mitigar as chances de falhas, e reduzir a influência do acaso sobre o seu trabalho, diminuindo as chances objetivas que você vá fazer qualquer bobagem.

Também há uma situação que eu considero ainda mais interessante. e a melhor forma de eu explicá-la é descrevendo algo que aconteceu comigo certa vez.

Em um determinado modelo eu representei um país muito importante discutindo o tema único do comitê. Talvez pela natureza do país e sua relação com o tema, em pouco tempo me encontrei numa situação de oposição com o restante do comitê. Quando digo restante, eu digo TODO MUNDO. Bom, aí seguimos na simulação: eu apanhava, batia, apanhava, batia. Quando chegou ao fim, tivemos uma resolução, todos comemoraram. Pra 90% do comitê eu saí derrotado. Pra mim, eu tinha absoluta certeza que eu saí com uma vitória incrível, especialmente dado o fato que eu brigava com o comitê INTEIRO. A mesma situação teve uma leitura totalmente diferente pelos dois pólos da negociação. Essa pra mim é a situação mais interessante nesse tema, pois temos fundamentações distintas argumentando que o mesmo fato tem consequências diferentes. Pra mim, eu ganhei de goleada. Mas, pro resto do comitê, compreensivelmente, eu sofri uma derrota considerável.

Não é raro que os dois lados do comitê saiam achando que saíram ganhando. Na verdade, raro é ambos acharem que saíram perdendo, justamente pela já mencionada indisposição de modeleiros pra admitir que erraram. Às vezes, porém, essa diferença de interpretação é justificada. No caso, a questão passa a ser o juízo que você faz da posição do outro que, apesar da sua opinião, pode ter saindo ganhando tanto quanto você.

Um exemplo pra tornar as coisas mais claras: neste último AMUN, quase todos os editores deste blog estiveram no mesmo comitê, em posições antagônicas. A resolução final continha elementos suficientes que deram aos dois blocos (no caso, Comunistas e Ocidentais) certeza que estariam aprovando um bom documento. As concepções que fundamentaram essa posição são várias: política externa dos países, dificuldade de outra medida concreta, background acadêmico. Um observador alheio ao debate perceberia que ambos os lados tem argumentos convincentes que seus interesses foram prestigiados.

O que isso quer dizer afinal? Podem ter acontecido duas coisas: a primeira possibilidade é a de uma autocomposição aparente, em que as duas partes aparentam ter conseguido seus objetivos, mas somente uma, na prática, saiu vitoriosa. A outra seria uma genuína composição de interesses, em que todos, buscando o melhor para si, conseguem um termo médio que agrada e desagrada a todos na mesma medida.

Qualquer que seja a verdade, ela é difícil de se distinguir. Precisamos evitar julgamentos apressados e tentar entender todas as complicações de uma situação assim, pra calcular de fato se as visões defendidas pelos participantes encontrariam suporte na vida real, ou seu impacto a curto, médio e longo prazo. De qualquer forma, é importante destacar que nas simulações não nos esquivamos das complicações que permeiam a vida, e aquele erro crasso naquela derrota retumbante pode muito bem ser uma vitória disfarçada num plano muito mais interessante.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Bem amigos representantes do mundo...



MODELEIROS DO MEU BRASIL,

último udpate: segunda, 30. finalmente, Reino Unido! mais Argélia e Sudão.

Assim como ano passado, o Representatives of the World traz pra você, AO VIVO, a designação dos países do mais antigo, mais tradicional e mais cosmopolita modelo brasileiro!

Este ano em sua primeira edição xiita - o XI'AMUN!

Vamos lá dizendo o que já sabemos. E depois iremos updatando este post à medida em que as novas informações vão chegando.

Quem quiser contribuir através dos comentários, clicando logo abaixo, é mais que bem-vindo!

Então vamos lá...

China: USP, como em 2006
Estados Unidos: UFRGS, como em 2005
Federação Russa: Universidade MGIMO de Moscou + Paulistas aleatórios
França: UnB, pelo 2º ano consecutivo
Reino Unido: University of Cambridge!

domingo, 06 - adicionada Ucrânia.
segunda, 30 - finalmente, Reino Unido!
sábado, 28 - adicionados Guiana, Panamá, Jamaica, Haiti, Canadá e Dinamarca.
terça, 17, 16:48 - adicionados Turquia,Honduras, Eslovênia e Estônia
segunda, 16, 01:21 - adicionado Senegal. Ainda falta o UK...
domingo, 15, 18:30 - adicionados: China, Venezuela, México, Líbia, Noruega, Burkina Faso e Iraque - todos USP
sexta, 13, 20:37 - adicionados: França, Costa Rica, Antígua e Barbuda, África do Sul, e boato do UK
sexta, 13, 14:22 - adicionados Argentina, Uruguai, Suíça, Índia, Zimbábue
sexta, 13, 11:25 - adicionados Chile, Finlândia e Irã
quinta, 12, 19:51 - corrigida universidade de Bahamas
quinta, 12, 19:48 - colocados uma porrada de países




Afeganistão: Universidade MGIMO de Moscou
África do Sul: FACAMP
Alemanha: UnB
Angola: UFRGS
Antígua e Barbuda: FACAMP
Arábia Saudita: UnB
Argélia: Sciences Po, Paris (segunda, 30)
Argentina: Universidad de Buenos Aires
Austrália: UFRGS
Bahamas: Unilasalle (RS) (e não UFRGS, como antes publicado)
Bolívia: UnB
Brasil: UnB
Burkina Faso: USP
Canadá: UnB
Costa Rica: FACAMP
Croácia: UnB
Chile: UnB
Cuba: UnB
Dinamarca: UFRGS
Eslovênia: UnB + Webster University, Viena
Estônia: UNAMA, Belém
Espanha: UnB
Índia: ESPM (RS) (não confundir com ESPN)
Irã: UFC (Ceará)
Iraque: USP
Islândia: UnB
Itália: UFRGS
Finlândia: UnB
Guiana: University of Guyana
Haiti: University of Guyana
Honduras: UnB
Jamaica: University of Guyana
Líbano: UnB
Líbia: USP
México: USP
Nicarágua: UnB
Noruega: USP
Países Baixos: UFRN
Pana: University of Guyana
Santa Sé: UnB
Senegal: UFRGS
Sudão: Sciences Po, Paris (segunda, 30)
Suíça: Lebanese American University, Beirute
Turquia: UnBUcrânia: UnB
Uruguai: Universidad Abierta Interamericana, Buenos Aires
Venezuela: USP (vai bombar na OEA!)
Zimbábue: UFRGS

sábado, 31 de maio de 2008

A Escola Gaúcha de Modelagem e Vendidagem

Antes de dar espaço pro Gustavo, um adendo meu: parece que o desafiu surtiu efeito, então eu aproveito a deixa e pergunto CADÊ OS MODELEIROS DA REGIÃO NORTE? E VOCÊS DO CENTRO-OESTE? VÃO DEIXAR O POVO DE BRASÍLIA FALAR POR VOCÊS? HEIN, HEIN? Era só isso, obrigado =)

Pra quebrar o silêncio, uma experiência nova vinda do Sul...

Gustavo Meira Carneiro

Finalmente! Imagino que muitos dirão isso... O último post do Sr. Wagner Arthur finalmente conseguiu me fazer vencer a preguiça e escrever algo para o Representatives em nome do povo modeleiro da UFRGS, tão citado e ao mesmo tempo tão calado nesse blog. Mais integração entre os modelos brasileiros é essencial, e acho que escrever no Representatives é a ferramenta perfeita para melhorar isso (além das festas de modelo, claro). Como uma comunidade modelística fisicamente distante do centro do país, nós da UFRGS acabamos por desenvolver idéias e conceitos um pouco diferentes sobre Modelos, então acho que podemos contribuir e ganhar bastante discutindo mais por aqui.

Passemos ao assunto principal do post, então.

Em muitos posts do blog se vêem menções aos problemas na passagem de gerações de modeleiros, à queda de participação e às dificuldades de integração de pessoas novas nesse mundinho fechado dos MUNs brasileiros. Como parte de toda uma filosofia modelística que não cabe nesse post, o UFRGSMUN de 2008 tomou algumas medidas que, acredito, ajudaram bastante na diminuição dessas dificuldades todas. Uma primeira medida foi a “abertura” do staff (acadêmico e administrativo) do UFRGSMUN para pessoas de todos os cursos da nossa Universidade, que têm contribuído muito para o crescimento do modelo.

Mas o assunto principal desse post é outra idéia que tivemos, e que acredito que possa ser importante para o futuro dos modelos (não é pretensão...): o nosso Curso de Simulações - a “Escola de vendidagem” (sim, nós acreditamos na boa vendidagem, mas essa polêmica fica pra outro post). Montamos um curso de extensão na UFRGS aos sábados pela manhã, aberto a estudantes de todas as áreas e Universidades, para ensinar sobre o que são e como participar de MUNs. Nós mesmos não esperávamos o sucesso que tivemos: foram quase 70 inscritos, na maioria alunos de 1° e 2° semestres. As aulas abordam os temas essenciais para o delegado aproveitar bem um MUN, desde o funcionamento da ONU até a maneira de se dirigir ao chair.

Fazendo uma avaliação posterior (o curso está quase no fim), vejo que ele acabou sendo importante não só pela melhora no nível geral dos delegados, mas também porque despertou em muitos calouros uma grande empolgação pelos modelos que talvez eles não desenvolvessem participando “crus” de um MUN. Outra contribuição importante do curso diz respeito justamente ao tal “conflito de gerações”. Acho que o distanciamento de gerações acontece, em linhas gerais, porque os velhos modeleiros acabam não compartilhando suas histórias e sua experiência, às vezes por arrogância mesmo, às vezes simplesmente por não estarem mais “entre nós”. A existência de um grupo fechado de modeleiros velhos (mesmo que só na aparência) afasta uma parte dos novos delegados e acaba criando um gap.

O que aconteceu no nosso curso foi mais ou menos o oposto disso. Os nossos principais professores eram os velhos vendidos Diego Canabarro, Fernando Bordin e Thomaz Santos, que fazem parte da primeira geração do UFRGSMUN e compartilharam suas histórias e sua experiência de uma forma muito aberta com os alunos. Essa abertura, e a referência constante a histórias de delegados jurássicos (mesmo com a contribuição de alguns membros desse blog) fez com que essa grande turma de novos delegados se sentisse parte do mundo modelístico mesmo sem ter ainda participado de um MUN. A simples troca de histórias, e a própria criação de um role model simpático e acessível do bom delegado, conseguiram aproximar bastante bem essas gerações distintas. Mesmo sem a criação de laços mais profundos de amizade, a simples troca de experiências faz com que se consiga envolver as novas gerações de MUNers de maneira mais profunda, o que permite (assim esperamos) que o modelo tenha continuidade e que as novas gerações se espelhem nos acertos e desviem dos erros das gerações anteriores.

Essa conclusão pode levar à discussão do “tradicionalismo” e da inovação nos modelos, algo que temos discutido bastante por aqui. Quem sabe um próximo post?

Fico muito feliz em quebrar nosso silêncio e espero ter contribuído um pouco!