segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Quadro de medalhas: quem é a melhor delegação?

"Aí ele propôs uma emenda desse tamanho!"

Com os Jogos Olímpicos de Pequim acabando, a maioria deve ter se deslumbrado com o crescimento da China e a evolução de seu desempenho desde os últimos jogos. Enquanto nós brasileiros ficamos sonhando em ter um Phelps, a China conseguiu ser a terceira nação a superar as 50 medalhas de ouro, fato somente alcançado anteriormente pelos Estados Unidos e União Soviética/Rússia. E os seguidores de Mao não só entraram no clube como pegaram a mesa principal: A China fechou os jogos na primeiríssima posição, desbancando os norte-americanos e os russos. Ao menos é isso que eles acham. Nós também. Os americanos não. E o COI diz que não tem nada a ver com isso. Enquanto isso, o Comitê Olímpico Brasileiro esclarece: essa foi a melhor campanha da história olímpica do Brasil. "Como assim?", deve pensar o amigo modeleiro. E o que isso tem a ver com a Modelândia?

É tudo uma questão de contorcer os números e colocar em evidência o que é mais importante, o grupo ou o indivíduo.

O prêmio de Melhor Delegação existe na maioria dos modelos (com exceção do TEMAS ou outros modelos nos quais o conceito de "delegação" não se aplique), e busca, em tese, premiar a melhor delegação daquela conferência. O quê exatamente torna uma delegação a Melhor, é o que trataremos neste post. Na award policy do AMUN encontramos que:
"A 'Best Delegation' award will also be given during the Closing Ceremony. This choice will take into account several factors, including: cohesiveness of the delegations, delegates' individual performances, fidelity to the represented country's image and foreign policy, and member delegates' participation and behavior – individually and as a group – at all times during the five days of the conference."
Por sua vez, o UFRGSMUN afirma que:
"For delegations awards, the individual performances of the delegates will be analyzed from a collective perspective, with regard to the delegation's cohesion and coherence."
A SOI não possui uma política expressa de premiação em seu site desde 2005, quando dizia, de forma extremamente genérica que:
"Adicionalmente, é conferido à delegação que mais se destacou em todos os comitês o prêmio de Melhor Delegação, em uma escolha feita por decisão colegiada de toda a organização do evento."
Essas definições já bastam para aduzirmos algumas características das premiações de melhor delegação: Analisando os conceitos da SOI e do URFRGSMUN, vemos que é uma decisão tomada de forma coletiva ou colegiada. O AMUN não se pronuncia se adota prática semelhante, tampouco esses dois modelos explicitam como seria essa decisão coletiva (por todos os membros do Staff? membros do secretariado? somente diretores administrativos?). A definição da SOI (que eu acho que fui que que escrevi, então digo logo que é culpa minha) não traz muita informação sobre quais os atributos analisados, coisa que as definições do UFRGSMUN e AMUN elaboram melhor. Os gaúchos destacam a coesão e coerência, enquanto o AMUN ainda observa o comportamento dos delegados e seu desempenho individual ao longo de todo o evento.

Prêmios de Melhor Delegação podem ser extremamente contestados, mas gostaria de concentrar a discussão além da subjetividade inerente ao prêmio, muitas vezes considerado até político demais, mas na natureza dessa premiação. O que se busca realmente premiar, quando se confere a uma delegação esse título tão prodigioso? Na minha visão existem duas alternativas: Premia-se o conjunto de melhores delegados ou o melhor conjunto de delegados. A diferença é sutil, e vai bem além da semântica.

O primeiro caso acontece quando a escolha se dá contabilizando qual das delegações possui mais delegados com desempenho individual de destaque. É o que sugere parte da definição brasiliense: a delegação composta pelo maior número de Phelps é a melhor delegação, é o time com craques, que são premiados em seus respectivos comitês. Calcula-se então pelo número de medalhas de ouro. Quem tiver mais medalhas de ouro, leva o Best Delegation/Melhor delegação. É o sistema adotado na maior parte do Brasil atualmente.

A alternativa seria a premiação dada à melhor equipe, o melhor conjunto. Ser o melhor conjunto é justamente como em esportes de equipe como futebol ou vôlei, ter a maior estabilidade e confiabilidade. O futebol, por exemplo, é farto em exemplos de equipes estreladas que se transformam em um apagão. Cada um brilha por si, mas juntos não iluminam ninguém. Muitas vezes uma equipe mais modesta, mas mais coesa e constante pode conseguir um resultado bem mais satisfatório que seus oponentes. Este é, na minha opinião, o sistema que premia quem realmente merece.

A premiação através da coletânea dos melhores delegados é uma convenção preguiçosa que insistimos em manter, mas contradiz o próprio espírito das simulações. Nós, ao buscar a excelência acadêmica, devemos premiar aqueles que a atingem na representação da sua delegação. Em uma análise coletiva, é imperativo que se analise o que cada elemento do grupo conquistou. Como todos sabemos, relações internacionais não são formadas por eventos isolados, mas por uma realidade em que fatos convergem e influenciam diversas áreas ao mesmo tempo. Uma delegação que teve 75% de sua representação brilhante mas uma parcela irreconhecível jamais deveria ser premiada, não importando que o resto tenha feito um trabalho excelente. Aquele delegado que pisou na história e tradição de sua nação comprometeu seus esforços diplomáticos, aquele Estado saiu daquela conferência com uma representação irregular. Por mais que isso possa acontecer na vida real, lá não há prêmio. E, se houvesse, creio que deveria ser concedido às nações que avançaram menos, mas avançaram sempre. Passos pra frente, nenhum passo pra trás.

Deixando minha opinião de lado por um instante, o que existe é o mesmo dilema do quadro de medalhas das Olimpíadas. Vários veículos midiáticos norte-americanos colocaram os Estados Unidos no topo do ranking por ter um número maior de medalhas no geral. O resto do mundo, basicamente, colocou a China, considerando que o ranking é medido pelo número de medalhas de ouro. Qual a grande diferença, além do resultado? O primeiro critério considera que medalhas tem um valor aproximado, independente de suas cores. O segundo afirma que a melhor delegação olímpica é aquela formada pelo maior número de delegados campeões, esportistas em destaque.

A diferença entre o exemplo olímpico e a modelândia é que no caso esportivo não se exige coerência com a delegação. A competição olímpica é de caráter eminentemente individual (salvo no óbvio caso dos esportes coletivos). Nas olimpíadas o seu desempenho não tem rigorosamente nada a ver com o de um atleta de outra modalidade, e seu único vínculo são as cores de sua bandeira e, provavelmente, o bloco de carnaval que vocês desfilam na cerimônia de abertura e encerramento. Ao meu ver, é forte o argumento pelo qual os jogos olímpicos ressaltam a importância de se competir, não de ganhar. Logo, a delegação que participou de mais pódios competiu mais e melhor do que aquela que compareceu menos, mesmo que no lugar mais alto mais vezes. Mas na modelândia, esse argumento é incisivo e, ao meu ver, definitivo: a delegação possui um vínculo de coletividade que ultrapassa o bom desempenho individual. As cores da bandeira que enfeitam broches de lapela unem todos os delegados em um trabalho de equipe que deve ser estimulado, inclusive através dos prêmios. Precisamos avançar do método de premiação matemática que diz que a melhor delegação é aquela que ganhou mais prêmios. A melhor delegação é aquela que representou melhor os interesses do seu país em TODA a conferência. Onde esteve presente, foi bem representada.

Se essa meta é difícil de ser mensurada, aí são outros quinhentos. O que importa é repensar nossos conceitos e enfrentar a realidade que, se queremos formar boas delegações, e de fato estimular as habilidades de trabalho em equipe que buscamos, é o caminho a se seguir.

Uma das primeiras histórias que ouvi, na minha infância modeleira, foi sobre como dois delegados da UFRN conseguiram, certa vez, em um AMUN agora longínquo, fazer dois unmoderated caucuses em seus comitês ao mesmo tempo para negociar simultâneamente entre os dois comitês. Então dois comitês separados viraram comitês em dupla, por um breve espaço de tempo. Certas concessões e negociações foram feitas de forma conjunta, cedendo aqui pra ganhar ali. Como poderiamos favorecer essas práticas? Precisamos inventar novos instrumentos pra favorecer o verdadeiro trabalho de equipe? Ou será que caminhamos rumo ao domínio dos Galácticos?

Já dei minha opinião. E vocês, o que acham?

24 comentários:

  1. Ri alto da legenda da foto =D

    2. Excelente post: daqueles em que a idéia é boa E bem contada.

    3. Gostei do uso do termo "preguiçoso" para o critério "mais ouros, a melhor". Porque é isso mesmo. Soma-se os prêmios e pronto.

    4. Seu post responde à moçada que comentou no "Quadro de Medalhas XAMUN", que também se dividia.

    5. Como escolher melhor a Best? Não sei.

    a) A idéia de que Diretores de Comitê têm veto numa reunião do staff é boa. Cada Diretor pode vetar certo país, porque, no comitê dele, o delegado ou dupla fez (ou deixou de fazer) algo inaceitável;
    b) Não conheço mineiro que concorde comigo, mas no meu jurisdimento, se uma delegação fez algo na Festa Cultural e outra não fez nada, isso é critério de desempate. A delegação mais empolgada deve ser favorecida;
    c) Somam pontos também: position papers no mesmo formato, cartões de visita, buttons com a bandeira, expressões na língua do país, sotaque, trazer bandeira, saber cantar o hino e/ou canções típicas... uma boa dose de nacionalismo transferido.

    6. Já a interação entre comitês não é tão simples sempre. Tem comitê, mesmo não-histórico, que não pode interagir porque se passa em data ou ritmo diferente, por exemplo (sim, é "não-histórico" no sentido de "no ano corrente").

    Mas aceito que comitês em cidades diferentes (Genebra e NY) podem interagir sim, seria preciocismo dizer que não.

    A interação entre TODOS os comitês não-históricos de um mesmo modelo é um desafio inédito a ser superado no Brasil, e até certo ponto É realista... mas nem tanto. OMC e CDH dificilmente interagem com qualquer peso.

    Mas que é uma boa pedida mais interação entre comitês, é! O issue-linkage faz parte da vida, uai.

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  2. ótimo post!

    de fato vemos muita preguiça na premiação de delegação (e na individual também)!

    concordo em gênero, número e grau com o ponto 5 levantado pelo cedê. Aliás, é exatamente assim que se dá a premiação de melhor delegação no UFRGSMUN.

    Respondendo o que foi perguntado no post (como é a decisão coletiva do prêmio no UFRGSMUN): é uma reunião de todo o staff do modelo, onde cada comitê aponta os melhores delegados e se vê qual delegação foi melhor em mais comitês - com direito a "veto" por parte de qualquer comitê. Em seguida se pensa na coesão da delegação fora dos comitês (pins com a bandeira, PP no mesmo formato, saber o hino, fantasia na festa...).

    Na verdade, adianto em primeira mão neste blog amigo, aqueles que forem a Porto Alegre em novembro verão uma política de prêmios reformulada, que devemos "lançar" em breve...

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  3. Acho que considerar prmiar a melhor delegação considerando quem ganhou mais prêmios faz total sentido com o molde nos quais a maioria dos modelos (ou os mais tradicionais) funciona no Brasil. Ou seja, na maioria dos modelos não é construída ou pensada para que haja interação entre os comitês ou entre os delegados: é cada um no seu comitê (ou no seu quadrado =P) fazendo seu trabalho individualmente, ainda que essa pessoa faça parte de uma coletividade que é a delegação. Na medida em que os modelos passam a pensar na sua própria construção a interação e permeabilidade das discussões e comitês, aí sim faz total sentido essa idéia de premiação que você propõe e considera mais acerto. Enquanto for mantido esse molde tradicional de se pensar e construir os modelos, acho que fica difícil usar essa proposta diferente de avaliação de melhor delegação.

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  4. nossa, ficou mto mal escrito meu comentário... heuaheuaheuhea isso que dá fazer mil coisas na internet ao mesmo tempo... não se presta atenção direito em nenhuma delas... =P
    de qq modo, acho que deu pra entender meu ponto, né? =P

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  5. Sensacional o post. Concordo totalmente com o que o Cedê disse. Um delegado bom deve significar ponto para uma boa delegação, mas a regularidade é algo extremamente importante, ao meu ver.

    Em uma simulação, estamos representando um país, por isso creio que seja importante entrar na pele de uma pessoa daquele país. Aqui, entra o nacionalismo transferido.

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  6. Uma coisa que eu ainda não vi nenhum critério de premiação levar em conta expressamente é a experiência prévia do delegado e da delegação - uma delegação de dinossauros que vai bem deveria ser avaliada diferentemente de uma delegação de pessoas novas que vai bem; afinal de contas, alguém que entra de primeira viagem e faz boa impressão causa bem mais impacto do que alguém já experiente, e deveria ser mais "estimulada" com um prêmio do que um velho que já sabe como a coisa funciona.

    Mas aí isso também entra no mérito da finalidade que se tem para prêmios, se é estimular ou dar exemplo, o que dá outro grande papo...

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  7. Eu entendi, Lella ;)

    Mas não concordo. Acho que os moldes atuais já devem privilegiar o comportamento regular, em detrimento das estrelas. Claro que práticas inter-comitê seriam interessantes - o que o Cedê denominou como issue-linkage - mas não precisamos nos restringir a isso. A coerência deve começar JÁ, tirando alguns exemplos obviamente exclusivistas (como uma delegação com URSS e Fed. Rússia, que são politicamente bem diferentes), as delegações precisam ser uniformes em políticas e discurso. Mesmo que varie o tom, a voz precisa ser a mesma.

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  8. Artur, mas vc não acha que isso já acontece? Quer dizer, analisar se aquela delegação defende adequadamente o mesmo discurso e a mesma política externa não é a premissa básica de qualquer representação em modelo, independente de qual o metódo utilizado para avaliar? Uma boa delegação, precisa de discurso afinado e coerente, justamente pq defendem o mesmo país e a mesma política externa. Se cada delegado, em seu comitê faz uma coisa diferente, que não faz sentido com a política de seu país, ele provavelmente não será (ou não deveria ser premiado), assim como a sua delegação. Isso porque ele está no comitê para representar um país e seu ponto de vista e não as opiniões pessoais dele ou o quer vontade na hora. Se alguém ou alguma delegação é premiado por algo diferente de sua participação no comitê marcada pela defesa da política externa daquele país (dizendo de modo simplista), há algo realmente errado. E isso não tem nada a ver com o fato de se contar "medalhas de ouro" ou o número total de "medalhas".

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  9. "Uma coisa que eu ainda não vi nenhum critério de premiação levar em conta expressamente é a experiência prévia do delegado e da delegação (PEREIRA, 2008)".

    Pois eu sei que já aconteceu em comitê de premiar novatos mesmo com experientes tendo tido melhor desempenho. Não, eu não estava no comitê.

    2. "URSS e Fed. Rússia, que são politicamente bem diferentes (CABRAL, 2008)".

    Bem, eu não acho não, pelo menos em termos de PE, pelo menos a partir de Putin, e especialmente nos últimos dois ou três anos!

    3. E concordo com a Lella que o troço já acontece.

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  10. Supostamente já acontece, eu não tenho certeza que a prática concorda com esse discurso. De qualquer forma, o maior problema ainda é o critério - preguiçoso, insisto - de contabilizar a Best Delegation por prêmios ganhos.

    Esse pensamento gera situações bizarrissimas, como o último AMUN que teve 4 melhores delegações (incluindo um prêmio post-conference, só publicado no site). Dentre essas ainda foi escolhida uma Best Best. Como se explica isso?

    Perceba-se que esse post não aborda propositalmente um tema crucial pro entendimento da questão: a razi do problema das delegações bizarras sendo premiadas ainda é o diretor que não sabe avaliar o desempenho de seus delegados. Geralmente é ele que dá tanto o prêmio pro delegado que pisa na própria política externa como credencia (ou não veta, no sistema do UFRGSMUN e SOI) a delegação a como Best.

    A constatação de que diretores assim ainda existam, capazes de premiar delegados que fazem verdadeiras sandices, sobretudo em uma época de modelagem tão integrada, com tantos modelos Brasil afora, e canais de comunicação como a ModSim e este blog, é um argumento contundente contra a manutenção dos prêmios.

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  11. Antes de mais nada eu ressalto que continuo contra a existência do prêmio de Melhor Delegação, que na maioria das vezes é distribuido mediante critérios politiqueiros que abordamos naquele post com os 10 motivos para abolir a premiação nos modelos. Acho que a frase "se essa meta é difícil de ser mensurada, aí são outros quinhentos", escrita pelo WA no post, remete a isso. Não podemos fingir que esse problema não existe.

    Dito isto, eu concordo com a Lella: a tendência da maioria dos modeleiros é pensar os comitês separadamente. E isso não esta diminuindo, não. Muito pelo contrario.

    Nestes tempos de serissimo generation gap (provavel fim do MONU, rareamento dos delegados mineiros, cariocas e brasilienses fora de seus respectivos estados, etc), a grande tendência é a delegação Frankenstein, reunindo gente de diferentes universidades e regiões do Brasil, ou mesmo do mundo, para representar o mesmo pais. Eu ja estive em umas cinco Frankensteins, das quais duas levaram Best Delegation. Pode funcionar bem, mas obviamente a coerência sai perdendo, pois reuniões de delegação pré-modelo são quase impossiveis.

    Acho que reforçar o issue-linkage entre os comitês seria genial, mas, no contexto atual, fica bastante dificil.

    Numa Modelândia ideal, não haveria prêmios. Num second-best scenario, seria possivel entregar prêmio de Melhor Delegação conforme a coerência geral, que é o critério defendido pelo Artur. Porém, com o estado atual da Modelândia, acho que o critério do total de medalhas de ouro é o unico realmente viavel.

    Para critério de desempate, concordo com a empolgação e o nacionalismo transferido, como disseram Cedê e Gustavo.

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  12. "Esse pensamento gera situações bizarrissimas, como o último AMUN que teve 4 melhores delegações (incluindo um prêmio post-conference, só publicado no site). Dentre essas ainda foi escolhida uma Best Best. Como se explica isso?"

    Camarada Cabral, vamos dar nomes aos bois, shall we? A "best best" delegation do AMUN ganhou porque era estrangeira, de Cambridge. Eles não ficaram em primeiro na quantidade de medalhas de ouro nem no total de medalhas.

    Não foi um caso de premiação preguiçosa. Foi um caso de premiação politiqueira. Acontece assim na maioria dos modelos, no Brasil inteiro. Isso não é segredo nenhum; é pratica antiga.

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  13. Só para corrigir o comentário acima: a delegação de Cambridge, no AMUN, levou 4 prêmios de melhor delegado (medalhas de ouro): UNSC, Histórico, e duas no HRC, como UK e Malásia.

    E isso que eles eram apenas seis delegados.

    As outras duas "outstanding", da Rússia e dos EUA, que tinham 8 delegados cada uma, só levaram 2"best delegates" cada.

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  14. Esse post é interessante porque levanta uma questão anterior: pra que serve o prêmio de delegação?

    Supondo que o prêmio individual seja realmente um estímulo ao delegado (com o que eu tendo a concordar), e que os bons delegados serão de fato premiados em seus respectivos comitês, o prêmio de delegação, em seus critérios atuais (dado à delegação com mais menções individuais), nada mais faz que servir de consolação aos maus delegados de uma delegação.

    Como os bons delegados já foram premiados individualmente, o prêmio de delegação só serve para dizer aos demais: "Sinta-se aliviado! Seu mau desempenho não atrapalhou sua delegação". Para o delegado premiado no comitê, o prêmio de delegação não acrescenta muita coisa. Para os demais, também não é grande estímulo, já que o prêmio não foi responsabilidade dele.

    Dito isso, acho que o WA tem toda a razão no ponto central do seu argumento. O prêmio de melhor delegação só tem serventia se avaliar algo diferente da soma de performances individuais dos delegados, como a coesão e a interação da delegação. O problema é que, como bem disse a Lella, os modelos atuais não têm um formato adequado para uma avaliação desse tipo. Os comitês pouco têm a ver uns com os outros e, via de regra, os próprios diretores têm contato limitado com seus colegas de outros comitês. Cada um se isola numa bolha, faz seu trabalho, e só descobre como os outros se saíram na tradicional reunião de lavação de roupa suja pós-modelo.

    Por tudo isso, acho que os prêmios de delegação, como são hoje, são meramente redundantes. Talvez, num modelo mais integrado o prêmio coletivo possa até substituir as menções individuais. Quem sabe algum jovem SG não se empolga com o desafio e supera a fronteira do isolamento intra-modelo?!

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  15. E, posso falar ainda pelo comitê em que eu fui delegado: pelo menos no HRC, os dois delegados de Cambridge simplesmente dominaram todas as discussões, durante todos os dias, e tiveram de longe a melhor "conduta diplomática", dentro e fora do comitê.

    Sem dúvidas o prêmio foi merecido -até porque praticamente nenhum dos vários estrangeiros de outras delegações menos preparadas ganhou prêmio nenhum.

    Abraços!

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  16. Henrique, infelizmente não se pode dizer o mesmo do delegado britânico do HUNSC. Otimo sujeito, sem duvida, mas que terminou o modelo trabalhando a favor da União Soviética (!) e do Afeganistão satélite da URSS, traindo completamente sua politica externa, como os outros editores deste blog poderão confirmar. Veja ainda que sete dos oito membros da delegação Russia/Afeganistão foram medalhados, o que é mais do que quatro sobre seis.

    Não estou dizendo isso por dor de cotovelo, muito pelo contrario: a politicagem das premiações ja me ajudou algumas vezes, assim como me atrapalhou em outras situações. Eu sou contra a existência de prêmios e pronto. Para todos. Sem double standards.

    Gostei do desafio do Ortega! Algum SG topa?

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  17. "Sete dos oito membros da delegação Russia/Afeganistão foram medalhados, o que é mais do que quatro sobre seis."

    Aí você está usando a abordagem olímpica norte-americana de que pratas ("honorable mentions") valem tanto quanto ouros ("best delegates") :P

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  18. Para evitar mais discussões sobre quem realmente foi a "melhor delegação" do XI AMUN, ao menos em número de premiações, por que os relatores deste blog não postam aqui o "quadro de medalhas" do AMUN, como ano passado?

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  19. Não sei se alguém anotou todas as menções, prêmios e oral commendations no encerramento. Alguém fez isso?

    De qualquer modo, acho que esse debate é totalmente estéril. Que diferença faz saber quem levou a Melhor Delegação, ou quem foi "mais best" do que os outros? Isso vai mudar a vida de alguém? Acho que não. Parece-me mais interessante focar no tema do post e, melhor ainda, na discussão não encerrada sobre o mérito geral dos prêmios nos modelos da ONU.

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  20. Esquecerem o CANADÁ, que foi a Segunda Melhor do AMUN, foi MAIOR absurdo que eu já vi.

    De fato, foi política a decisão de Best Delegation esse ano, embora, segundo o site do AMUN eles realmente tenham tido mais best delegate awards.

    Mas, um dos delegados simplesmente FALTOU! Além disso, vários prêmios foram duramente contestados, especialmente no CS e no Historical.

    Excelente POST!

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  21. Não lembro exatamente, mas acho que Cambridge teve 4 Best Delegates + 1 ou 2 Mentions.

    DO SITE DO AMUN:

    AMUN 2008 had delegations and delegates coming from a great number of countries and from all parts of Brazil. AMUN participants have shown a high level of preparation and hard work, and for that reason the choice of this year's Best Delegation has been a tough one.

    Nonetheless, with four individual "Best Delegate" awards, the six-member delegation coming from Cambridge University has definitely deserved the "Best Delegation" award this year. All members of the delegation, which represented the United Kingdom and Malaysia, have had a perfectly diplomatic performance throughout the entire conference, both inside and outside the committees. Congratulations to them!

    The Canada + Syria delegation, headed by Dimas Fazio and composed of six Economics students from UnB, has received three "best delegate" awards and a honorable mention, and for that reason they have been awarded with an "Outstanding delegation" special prize.

    Both the UFRGS delegation, headed by Ufrgsmun's Secretary-General Helena Jornada and representing the United States of America (see below), as well as the mixed delegation headed by Thomaz Napoleão (MGIMO University), which represented the Russian Federation + Afghanistan, received two best delegate awards and two honorable mentions each, and for that reason have also received "Outstanding delegation" awards.

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  22. Anônimo: como disse o Napô, o quadro de medalhas só é possível quando alguém anota todas os prêmios e menções nominais; eu fui no XAMUN e fiz isso =), no XIAMUN eu não fui.

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  23. Um modo ideal de premiação para delegações ainda é utopia, ao meu ver. É possível o estabelecimento de um modo "menos injusto e mais sensato", como por exemplo, a premiação da maneira que o Ortega citou. Ainda assim, é complicado haver uma total coerência nessa premiação, tendo em vista a pouca interação entre os comitês e os próprios delegados da mesma delegação.
    Sou a favor da extinção dos prêmios. Creio que o modo mais correto é a auto-avaliação; mais coerente, dura e realista.

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