quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Global Model UN 2010 anunciado!



Quem acompanha o Representatives of the World sabe que eu e o camarada JP fomos ao GMUN 2009, o primeiro modelo oficialmente organizado pela ONU. Esta primeira edição ocorreu nas nababescas instalações do Palácio das Nações, em Genebra.

O Department of Public Information das Nações Unidas acaba de anunciar o Global Model UN 2010, que ocorrerá em Kuala Lumpur, na Malásia, do dia 9 a 13 de Agosto. O tema da conferência será "Towards an Alliance of Civilizations – Bridging Cultures to achieve Peace and Development". Ainda não há informações sobre comitês e tópicos de debate, mas espera-se mais do mesmo: comitês da Assembléia Geral e, talvez, outros do sistema ONU. O tema, todavia, promete.

Para se inscrever, você deve ser indicado por algum MUN no qual tenha participado. Não sabemos se inscrições individuais serão abertas depois, então comece a falar com os secretariados dos modelos reconhecidos pela ONU!

Vale lembrar que os delegados são responsáveis por pagar sua jornada e estadia na Malásia, mas a ONU pode tentar conseguir um patrocínio para vocês. Nosso camarada JP conseguiu patrocínio da Nestlé, então não deixem de tentar!

Caso ainda não tenham reparado, o RotW agora está no Twitter! Siga @modeleiro!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Duelo de Titãs!

Foram sorteados, nesta sexta-feira, os grupos da primeira fase da Copa do Mundo do ano que vem. “Não acredito que o RotW tá noticiando isso” deve ser o que está passando na cabeça de alguns de vocês agora, mas eu prometo que tenho um propósito ao falar disso.


Bingo!

Brasileiros que somos, sabemos que rivalidades em qualquer campo (político, econômico, tecnológico) têm reflexo nos outros, inclusive o esporte. Basta ver nossa animosidade com nuestros hermanos cá do sul: segunda maior nação do continente, chegou a iniciar estudos para o desenvolvimento de uma bomba atômica para ter poder de deterrence contra o Brasil (e o mesmo aconteceu deste lado da fronteira). Hoje em dia, a rivalidade é puramente econômica e desportiva.

O futebol, em geral, e a Copa do Mundo, em especial, não são exceções à transferência de rivalidades geopolíticas para dentro de campo. Inglaterra e Argentina (Ilhas Falkland/Malvinas, 1982) fazem verdadeiras batalhas quando se encontram. Cá pelas bandas da América do Sul, fora nossa rivalidade com a Argentina, Chile e Bolívia não vão muito com a cara um do outro desde que o Chile cortou o acesso ao mar dos bolivianos. El Salvador e Honduras lutaram a chamada "Guerra do Futebol" em 1969, cujo estopim foi uma partida das eliminatórias para a Copa de 1970.

Não apenas de amplificação de conflitos vive o futebol. Na Copa de 1998, houve um grande exemplo de aproveitamento geopolítico do esporte, como uma ferramenta de soft power (meios intangíveis de influenciar a política de um país, como cultura ou ideologias), embora pouco lembrado. Estados Unidos e Irã foram sorteados para o mesmo grupo, que ainda incluía Iugoslávia e Alemanha. No dia da partida, após a execução dos hinos nacionais, os jogadores iranianos presentearam os americanos com flores, e ambos os times posaram para a foto oficial juntos.


Final da partida: EUA 1:2 Irã

A ação não teve muito impacto real na política dos dois países, já que, dez anos mais tarde, ambos continuam com relações diplomáticas cortadas, mas é o exemplo mais evidente de que rivalidades políticas transbordam, sim, para o esporte, mas este também serve como uma ferramenta de influência na política.

Voltando a 2009, a partida de repescagem entre Argélia e Egito gerou sentimentos nacionalistas em ambos os lados da fronteira, levando a desentendimentos entre governos normalmente alinhados, mas o sorteio para a Copa, em si, não proporcionou grandes conflitos para a primeira fase. O pessoal do UN Dispatch apontou, acertadamente, que existem alguns conflitos entre ex-colônias e metrópoles, mas o único com mais notoriedade futebolística é Brasil vs. Portugal.

Talvez o mais interessante desta Copa seja a participação de ambas as Coréias, o que daria um conflito épico. Mas, como ambas estão em lados opostos da chave do mata-mata, a única possibilidade seria uma final ou semi-final coreana, o que é menos provável do que o candidato do PSTU ganhar as eleições presidenciais do ano que vem.

Concluindo, futebol é uma ferramenta de soft power interessante de ser utilizada, e, nesse sentido, o Brasil vem se saindo muito bem, obrigado. Além do Jogo pela Paz, realizado no Haiti em 2004, a "marca" do Brasil é muito bem difundida por todo o globo: o nome "Ronaldo" é imediatamente associado ao jogador do Corinthians em qualquer lugar, assim como Brasil é associado ao futebol bonito. Nosso presidente recentemente sugeriu uma partida entre Brasil e um combinado de Israel e Palestina. Trata-se de benevolência futebolística (afinal, segundo a notícia, Lula quer jogar de centro-avante) ou de mais um movimento para participar das grandes questões internacionais, visando a uma vaga permanente no UNSC? Que outras medidas poderiam ser tomadas nesse sentido? Fica a pergunta para os modeleiros.