O que pouca gente sabe é que é possível ser criativo e até engraçado na produção destes documentos diplomáticos. Como Representatives of the World vai provar agora, a escrita de um position paper também pode ser divertida! Mostrarei dois exemplos.
O position paper genérico
O carioca Chico Dudu, que ao inventar o termo “vendido” em 2003 entrou automaticamente para o rol das lendas da Modelândia, também criou uma das mais úteis ferramentas para o modeleiro contemporâneo: o position paper genérico. Como o nome sugere, era um documento de posição absolutamente vago, que não dizia nem contradizia nada. Mais diplomático, impossível.
Creio que o position paper genérico do Chico Dudu se perdeu no pântano da aposentadoria modeleira, mas eu li a versão original há alguns anos e resolvi escrever algo parecido. Se você quer estar pronto para representar qualquer país, em qualquer comitê, com qualquer agenda, seu position paper deve ser mais ou menos assim: (cliquem para ler)
O position paper arcano
Uma solução menos picareta do que o position paper genérico, mas igualmente divertida, é o PP arcano. Se você não quer que os outros delegados entendam a posição do seu país, basta inundar o documento de adjetivos e citações incompreensíveis e supérfluas em latim, francês ou inglês arcaico.
Exemplo: no WorldMUN do ano passado, ao receber a incumbência de representar um país inerentemente absurdo (ie, Liechtenstein), decidi radicalizar e escrever um PP indecifrável que imita a linguagem diplomática medieval e um humor no estilo Monty Python. Estou com preguiça de traduzir o texto, e em português ele perderia parte da graça, então vai o original em inglês mesmo. Vejam aqui:
Página 1
Página 2Existem muitos outros tipos de position paper que fogem do óbvio e tornam a vida dos diretores um pouco mais alegre. Alguém pode citar algum? Respondam pelos comentários.
Ri alto com todas as saborosas três páginas. Há menção a Vetusto Douto no PP genérico, e os de Liechenstein são absurdos e com ótimas aliterações.
ResponderExcluir2. Nunca fiz PPs tão saborosos, mas já me diverti com eles. Já fiz um PP iraniano atacando Israel e lendo o israelense vi que era a mesma coisa ao contrário. Fiz PPs brasileiros no mesmo formato das declarações do Itamaraty à imprensa. Gosto também de citar discursos do governo e de diplomatas.
Eu gosto de ser bem específico. Faço em forma de tópicos.
ResponderExcluir=)
"a pedibus usque ad caput" = dos pés à cabeça?
ResponderExcluirEstudar Direito tem suas vantagens XD
Mas gostei do toque pessoal do "pacta sunt servanda", embora eu goste mais do "pacta sunt cerveja".
Adoreeeei os PPs de Linchenstein!! Definitivamente se eles fossem a regra, os diretores se divertiriam tanto quanto os delegados...
ResponderExcluirPS: Góes Vendido!! ;P
Meus PPs costumam ser bem água com açúcar, quase uma dissertação mesmo. Não tenho a criatividade do Napoleão pra fazer esses PPs elaborados... :P
ResponderExcluirAgora, uma coisa: será que os PPs influenciam tanto assim na pesquisa? Um dos motivos para manter os PPs na rotina modeleira é que eles seriam uma forma de fazer com que a pessoa estude com mais antecedência o assunto a ser discutido, mas será que isso é verdade mesmo?
Ué, Luiza...
ResponderExcluirVocê já foi minha diretora... =) Não gostou não?
Eu gostei, teu PP estava bom, para ambos os tópicos!!
ResponderExcluirAliás, foi uma das razões de ter te dado prêmio! ;D
BTW, Pereira, acho que o Position Paper é parte da simulação como é da vida real, algo mais ou menos água com açúcar, em que cada país sempre afirma a mesma coisa, mas que a intenção final é apresentar as idéias iniciais para um debate sobre o tema.
Claro que ajuda um pouco a se preparar com alguma antecedência maior para o modelo, entrar em sintonia com a forma (principalmente) de um país se pronunciar, antes de partir pra simulação, contribuindo para a melhor compreensão da PE de um país.
Napô, quando eu crescer vou ser igual a você e fazer PPs divertidos =P
Esse de do Sereno Principado, aliás, está sensacional!
ResponderExcluirO genérico é pra quem é beeeeem preguicoso. Aliás, ter postado aqui foi um adianto. Se algum futuro delegado clona-lo, temos a fonte pra provar o plágio!
Acertou, Phil, dos pés à cabeça.
ResponderExcluirRespondendo ao Pereira, acho que PPs são, em tese, bastante importantes para estimular a pesquisa individual do delegado. Porém, eles nem sempre funcionam bem, e por vezes delegados escrevem qualquer coisa, apressadamente, apenas para escapar às criticas dos diretores.
Acho que o formato dos PPs deveria se adaptar à natureza do comitê, assim como as regras e a dinâmica da moderação. Explico: para uma Assembléia Geral, position papers funcionam bem; para um gabinete de crise, pode ser mais interessante substitui-los por textos mais especificos, contendo sugestões concretas de resposta para o problema que estiver na pauta. Como já disse antes, creio que draft resolutions individuais poderiam substituir, em certos casos, os documentos de posição.
Goes, veja que o position paper genérico inclui uma referência ao/propaganda do blog modeleiro. Se alguém quiser usa-lo, que pague royalties! :p
Falando sério agora...
ResponderExcluirRealmente, PPs (ou DPOs, depende do gosto do freguês) estimulam um mínimo estudo da posição do país do delegado acerca do tema tratado no comitê. No entanto, canso de ver, em todas as simulações que vou, delegados de primeira viagem que nem sabem o que é um DPO, muito menos que tinham que fazê-lo.
Ora, um modeleiro com, no mínimo, uma simulação nas costas sabe que tem que estudar a posição de seu país para debater minimamente bem. Então, essa ferramenta é voltada justamente para aqueles que ignoram sua existência/obrigatoriedade.
Mas, como sempre, eu posso estar errado...
Além disso, eu gosto muito de folhear os DPOs do meu comitê. É um exercício divertido achar o que foi feito de última hora, o sem noção, o que coloca a bandeira da ONU no Conselho Europeu...
Talvez fosse uma ferramenta mais efetiva se nós nos esforçássemos um pouco mais em mostrar aos delegados o que é um bom DPO e o que não é. Na minha época (já posso falar isso?), a maioria dos modelos tinha, além dos guias de estudo e do guia de regras, um guia de preparação... Não sei como anda essa prática Brasil afora, mas talvez seja uma maneira de amenizar o "fechamento" do mundo modelístico em si mesmo, como foi comentado em algum post mais antigo.
HAHAHA! NÃO ACREDITO QUE VIREI MODELO DE MODELO!!!
ResponderExcluirBONS TEMPOS QUE NÃO VOLTAM MAIS!!!
ABS
Adorei esses DPOs! ri alto!
ResponderExcluirVo toma o generico como base pra faze o da minionu. kkkkkk