sábado, 15 de setembro de 2007

Separating for Peace

Dizem que a evolução leva à especialização. As Ciências Naturais um dia se cindiram em Física, Química, Astronomia, Geologia e afins. Os Modelos da ONU deveriam seguir o mesmo caminho?

Isso é o que tem acontecido no exterior. Na Europa e no Oriente Médio, nem toda simulação se chama Model United Nations: algumas conferências se denominam Model European Union, Model G-8 ou Model Arab League, por exemplo. Ou o Model OAS, mais perto do Brasil. As regras e a dinâmica são quase iguais, mas a idéia é concentrar tanto o trabalho acadêmico (pesquisa) como a labuta administrativa (fundraising) em torno de uma única organização internacional que não necessariamente seja a ONU.

Pensem no que já existe no Brasil. Três exemplos. Na SIMUN, os comitês propriamente onusianos foram apenas 55% neste ano (5 comitês em 9), e no ano que vem serão 37% (3 em 8). O TEMAS teve 40% de ONU neste ano (2 comitês em 5) e na próxima edição vai ter meros 20% (1 em 5). A ONU representou 50% da SiEM em 2006 (3 comitês em 6) e, pasmem!, somente 14% dos comitês deste ano (1 em 7).

SIMUN, TEMAS e SiEM são realmente Modelos da ONU? Com exceção da SIMUN, que tem "Nações Unidas" em seu nome, eles oficialmente preferem se chamar Simulações de Organizações (ou Negociações) Internacionais (ou Nacionais). Será este o primeiro passo rumo à separação entre MUNs e não-MUNs? Entre Modelos da ONU e Modelos Bizarros?

Acho que não. Estes modelos, e os outros que os estão imitando, não se especializaram em alguma organização internacional. Não haveria nada a ganhar com uma cisão. Enquanto um Model European Union pode tentar o patrocínio da própria Comissão Européia e atrair estudantes interessados em trabalhar para a UE, quais seriam os ganhos de um Modelo da ONU que decidisse se tornar simplesmente um "Modelo Não-ONU"?

Entretanto, é impossível garantir que a atual diversificação dos MUNs brasileiros não leve, algum dia, à criação de outras atividades/conferências estudantis e paralelas, mais ou menos como o Jessup, para os alunos de Direito, a Simulação do Congresso que existe em Brasília, para os politólogos, ou os Debating Clubs que são muito populares na América do Norte.

Concordam? A árvore da modelagem ainda vai dar frutos com novos sabores?

10 comentários:

  1. Na minha humilde opinião, o aparecimento de "comitês bizarros" - como é o Conselho de Segurança Nacional dos EUA do SIMUN, do qual serei diretor - é meramente um reflexo da exaustão dos temas "pop" que podem ser discutidos no âmbito dos comitês da ONU.

    I mean, a velocidade de surgimento de novas "questões internacionais" é demasiada lenta para que os comitês dos trocentos modelos espalhados pelo Brasil se supram de temas diversos uns dos outros.

    Ademais, a carreira dos delegados/diretores na modelística moderna é relativamente longeva: alguém que entre para o mundo das simulações no 1º ano e resolva fazer Direito, por exemplo, teria uma carreira de, no mínimo, 8 anos pela frente. É difícil não haver temas repetidos.

    (um pequeno comentário em off: saberei que estou velho quando aparecer um comitê histórico com um tema que simulei na época do acontecimento, em um comitê "não-histórico")

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  2. Na verdade quando a SOI entrou no grand slam já falavamos sobre isso, o próprio nome do modelo já diz: Não somos só ONU.

    Esse ano a SOI só possui o UNSC de main body da ONU, e fora isso quem chega mais perto é a ILC, que é subsidiária, mas em um órgão bem especializado. No resto tem OEA, OTAN, até Interpol.

    Fora essas, já simulamos a própria OEA, TPI, Nuremberg, entre outros. Não é um fenômeno exatamente novo.

    Acho importante descatar que alguns modelos como o UFRGSMUN se mantém em sua inspiração onusiana, o queé bem bacana. Quem diria que a exceção no Brasil seria achar um SPECPOL ou uma AG?

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  3. Modelos especializados em uma organização não-ONU não apenas podem, como certamente irão surgir.

    Trabalhei recentemente na primeira edição de dois modelos: um de Comissões da Câmara dos Deputados (Colégio Pitágoras, BH) e outro da Conferência Nacional de Saúde (Enfermagem UFMG). Ambos devem continuar e ter mais edições.

    Como simulam exclusivamente essas coisas (Comissões da Câmara, CNS), podem arrumar patrocínios e contatos dos organizadores de verdade.

    E porque nao um MERCOSUR MODEL? Arranjar rios de dinheiro pra faze rum desses deve ser fácil, inda mais se a Venezuela entrar.

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  4. Na verdade a idéia do post era ressaltar o surgimento de MODELOS bizarros, e não apenas de comitês bizarros, que - como bem disse WA - não são assim tão novos.

    Acho que um Model MERCOSUR é uma questão de tempo. Temos que fazer a revolução antes que o povo a faça, quer dizer, temos que criar o Modelo do Mercosul antes que o Chavez o faça!

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  5. Por isso é que acredito que "Simulação Diplomática" é um termo muito mais amplo e que hoje cobre bem o que acontece na modelagem brasileira. SiEM e TEMAS não são modelos de OIs, são simulações diplomáticas, que nem sempre simulam a ONU ou outra OI. Por isso, quando fomos batizar a PAX, demos o nome de "PAX - Simulação Diplomática", para deixa-la aberta a futuras guinadas rumo à bizarrice.

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  6. Enquanto isso, aqui em BH, temos um modelo interno no Colégio Loyola que vai pra sua 5ª edição, que SÓ SIMULA ONU... and yet, chama "Conferência Diplomática"!

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  7. A idéia de um modelo MERCOSUL me anima... Mas como seria o nome? XD

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  8. MERCOMUN?

    SURMUN?

    Modelo Comun del Sur?

    CHAVEZMUN?

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  9. Também pensei em MERCOMUN, mas o objetivo todo não é ser uma simulação "não-ONU"? Então, nada de MUN no nome :P

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  10. MercoMod? :P

    Concordo que simulações de outras organizações que não a ONU vão aparecer, mas duvido que chegem ao mesmo ponto de maturidade tão cedo. Nós já temos muito trabalho para divulgar e fazer funcionar modelos da ONU, que é a mais água-com-açúcar OI que nós conhecemos; partir para outros mares por enquanto se restringe a ambientes pequenos (como simulações internas).

    Tanto é que, fora do mundo modeleiro nosso, ninguém conhece o MOAS. E mesmo dentro do nosso mundinho poucas pessoas foram em um MOAS (um modelo trilíngue NAS DISCUSSÕES? Aqui as pessoas mal falam português direito, imaginem juntar com espanhol e inglês!).

    But we can still hope. Passos lentos e pequenos, mas algum dia chegamos lá. Acho que entre as conferências maiores nacionais ficaremos principalmente com o foco ONU, mas mais alguns anos de maturidade e podemos nos arriscar com algo diferente.

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