segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Venda sua alma

Estou aqui preparando um long overdue texto sobre o conceito acadêmico e fenômeno cultural que é a vendidagem nos MUNs brasileiros.

Mas antes, eu quero ouvir um pouco dos leitores qual é a perspectiva deles sobre vendidagem. Sejam sinceros: digam o que acham que é, se ajuda ou atrapalha, se tem cura, ou mesmo se não têm a menor idéia do que seja. Quero juntar estas opiniões ao texto que publicaremos em alguns dias.


7 comentários:

  1. Bem, se considerarmos vendidagem o ato de ir a modelos pura e simplesmente para ganhar o prêmio, ela é extremamente prejudicial.

    Mas, recentemente, o termo vem se degenerando, ao ponto de qualquer discurso mais inflamado ou jogar a carta da ONU no chão serem considerados "atos de vendidagem". Há de se considerar a intenção do delegado: se for somente aparecer, é vendido. Mas se for um ato espontâneo, tentando chamar a atenção do comitê para a burrada que o delegado acredita estar sendo feita, creio eu não haver problema. Em um mundo no qual sessões da Assembléia Geral da ONU já viram um doido batendo o sapato na mesa para tentar demonstrar seu... hã... "ponto de vista", há de se tolerar arremessamento de Declarações dos Direitos Humanos e discursos emocionados acerca da precária condição dos refugiados em Darfur. (como dito acima, tudo depende da intenção do delegado)

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  2. É importante reconhecermos que a "vendidagem" está fora de moda.
    Ainda temos alguns prestigiosos representantes das "grandes escolas" (como os digníssimos blogueiros, Helena Jornada, Frederico Bartels) participando de modelos pelo Brasil afora. Mas cada vez menos escutamos a agradável e divertida acusação de que algum delegado foi comercializado a preço dentro de um comitê.
    O próprio termo, agora em desuso, já teve uma conotação mais negativa do que a empregada mais recentemente.
    Eu pessoalmente gosto da idéia do vendido. O cara que estuda, que está lá para aprender, crescer, convencer todo mundo. Ele vende a alma, ou dá o sangue, para o modelo. Esse vendido que vimos com alguma freqüência a uns 3 anos, é bicho em extinção em 2008.
    Uma coisa que tem causado problema para todos os modelos do Brasil é um crescente desinteresse dos estudantes por essas atividades.
    Pior ainda que o desinteressado que não vai, é aquele que comparece no modelo, está lá para ter o certificado e as horas no currículo.
    Num ambiente como esse acabam não se sobressaindo os vendidos no sentido amigável que temos empregado nos últimos anos, aparece um novo qualquer coisa que usa de sua criatividade torpe para causar problemas nos trabalhos do comitê.

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  3. Gostei bastante do ponto do Sentelhas, vendido como uma coisa boa, um model-freak. É algo a se pensar, de fato.

    Algo que eu acho que deve ser levado em consideração em uma análise desse tipo é a relação entre prêmio-vendidagem, que eu não acredito ser intrínseca. pra mim você pode ter vendidagem (no sentido prejudicial do termo) sem prêmio, e vice-e-versa. Achar que eliminando prêmio elimina o problema é uma simplificação boba, que pode chegar a absurdos como dizer que o TEMAS, por nunca ter prêmio, nunca teve vendidagem (no mau sentido).

    Boa sorte com o post, quem sabe assim eu me motivo a terminar o também ultra-postergado post sobre secretariados ;P

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  4. A vendidagem p/ ganhar prêmios pode até ser resolvida c/ a eliminação da premiação, mas creio que depende tb da maturidade da mesa saber separar o que é um exagero "de emoção à flor da pele" (como o que o Phil citou, uma reação espontânea de decepção ou um pedido de atenção mais "chamativo") e o ato ensaiado p/ impressionar. A premiação acaba sendo uma forma de estímulo bem interessante, então acho que existe uma parcela de culpa das mesas que acabam se impressionando por certos exageros improdutivos.

    A postura dos 'vendidos negativos' deve mudar a partir do momento que as mesas diretoras ñ premiarem ou derem qualquer outro tipo de suporte a eles (a partir do momento que ñ conseguirem o que querem só por "fazer acontecer", o pessoal se manca e passa a ser mais produtivo). As mesas precisam amadurecer com a colaboração dos modelistas/modeleiros mais experientes, afinal as dobradinhas novatos & veteranos nas mesas tem sido uma constante nos últimos tempos. Vale a pena passar essas dicas adiante.

    E como o Sentelhas disse, além desse desinteresse crescente, existe tb esse pessoal que vai apenas p/ receber o certificado pq precisa das horas de atividades extracurriculares - eu tenho lidado muito c/ isso nos últimos simulados por aqui e é bastante desestimulante ver que esse (ainda) é o principal público-alvo p/ manter o modelo vivo (enquanto isso mantenho o mantra "um dia isso muda, um dia isso muda").
    Existe alguma atividade, fora o modelo em si, que estimule a curiosidade das pessoas participarem sem precisar vincular a notas de disciplinas? Ando quebrando a cabeça c/ isso ...

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  5. Ah, Wagner, acho que mais postergado que esse seu post sobre secretariados é o meu sobre os simulados online (mas já adianto o pq da minha falta de coragem de escrever sobre o tema - a hipótese que eu tinha, de que é possível, falhou).

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  6. 1. Só podemos discutir algo uma vez que exista uma definição do objeto.

    2. Não existe isso no caso da vendidagem. Não há um conceito universalmente aceito, não tivemos um Clausewitz da teoria da vendidagem - é claro que o Pereira pode ser ele em breve =)

    3. No meu jurisdimento, vendidagem é um comportamento competitivo que visa ganhar o prêmio de alguma forma que é RUIM para o comitê - aparecer fora de hora, show off, elogiar a Mesa sem necessidade, fazer umas questões de informação malandras, etc.

    4. Nem todo comportamento ruim ou anti-ético, mesmo que competitivo, é vendidagem. Prometer algo prum delegado e não cumprir não é vendidagem. Furtar working paper não é vendidagem. Etc.

    5. Muitas pessoas me chamam de vendido - inda que sempre de forma bem-humorada - mas tenho a consciência limpa de que nunca fiz as coisas no parágrafo 3. Confesso, sim, que me "vendo" para OS DELEGADOS - daí a necessidade de considerar também, na conceituação teórica, O ALVO da vendidagem. Quem se vende pra Mesa certamente é vendido. Mas quem se vende pros delegados? Também?

    6. Faço discursos empolados, chamo as pessoas pelo nome deste blog, sempre começo com "Madame Presidente", agradeço por vezes na língua do país que tou representando ou simplesmente em francês, mas nunca, jamais, elogiei a mesa antes dos prêmios serem entregues, mesmo quando ela merecia. Na simulação, evito a Mesa. Isso é vendidagem?

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  7. 7. Discordo em absoluto que a vendidagem esteja fora de moda. Com a nova geração aqui em BH, it's all the rage; e na comú do orkut do MINI-ONU a vendidagem está sempre lá.

    8. Outra coisa. Nenhum artigo sobre o termo estará completo sem análise da raiz da vendidagem: a primeira vez em que o primeiro vendido (Casarões) foi assim chamado.

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