sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Nada de novo no front diplomático


A festa da democracia não se limita aos municípios brasileiros e à Casa Branca. A ONU também vota. Votou hoje. O resultado? A Assembléia Geral perdeu mais uma excelente chance de tornar o Conselho de Segurança, se não mais eficaz ou democrático, pelo menos mais divertido.

Os cinco novos membros do CS, eleitos para ajudar a tomar conta da paz mundial entre 2009 e 2010, são Áustria, Turquia, Japão, México e Uganda.

Não há nenhum novato entre os membros rotativos recém-eleitos. O Japão vai ser conduzido para o Conselho pela décima vez, batendo um recorde que até agora era dividido com o Brasil. Turcos e mexicanos foram eleitos pela quarta vez. Austríacos e ugandenses entram no clube pela terceira vez.

Os cinco eleitos substituirão Itália, Bélgica, Indonésia, Panamá e África do Sul. Ou seja, o Conselho vai ficar ainda mais tranqüilo do que já era. Os sul-africanos são hoje os terceiro-mundistas mais barulhentos do CS, e não perdem uma chance de proteger Mianmar ou o Zimbábue dos reproches ocidentais. Já a Itália do Berlusconi, como se sabe, gosta de um bom factóide.

"Nosso zelador vai conduzir o senhor ao toalete!"


Mas o realmente interessante é ver a lista dos Estados que perderam as eleições para o próximo biênio do CS. O Irã se candidatou pelo grupo dos países asiáticos, mas obteve apenas 32 votos, ante os 158 do Japão. Já a Islândia – que acaba de ser salva da bancarrota por um empréstimo bilionário de petrodólares russos – fez uma campanha longa, esforçada e inútil; recebeu 87 votos, contra os 151 da Turquia e os 133 da Áustria (havia duas vagas européias em disputa).

Tragicamente, entre os Estados latino-americanos o Brasil recebeu apenas UM sufrágio perante os 185 votos do México! Derrota fragorosa? Mais ou menos. O Brasil não era candidato.

O bottomline é que o Conselho de Segurança poderia ter entre seus membros um país proliferador e uma ilhota sem exército, mas isso não vai acontecer em 2009. Seria bom para o anedotário das relações internacionais, mas talvez atravancasse um pouco mais a pauta da segurança global.

PS: Se o leitor pensa que a Islândia não passa de um paiseco gelado, saiba que Reykjavík articulou uma espécie de anti-Santa Aliança entre os 24 membros da ONU que não possuem forças armadas permanentes. Quem conseguiria harmonizar os interesses divergentes de potências rivais como São Marino, Dominica e Micronésia? A Islândia conseguiu.

7 comentários:

  1. Minha gloriosa Indonésia vai embora!

    2. Boa crônica da coisa toda, não me ocorria o nº de votos nem essa aliança da Islândia.

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  2. Ótimo post! Eleições para o UNSC não parecem ter mais cobertura da mídia do que elas realmente deveriam ter...

    Como irrecuperável jurista que sou, eleger a Islândia para o UNSC não estaria em contradição com o artigo da Carta da ONU que diz que os eleitos para o UNSC deverão ser países que efetivamente contribuem para a segurança internacional? Como um país sem exército (e, portanto, sem hard power) faria isso?

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  3. Pensando com mais calma, a Costa Rica, que ainda esta no UNSC, também não tem exército permanente. E agora, José?

    Na realidade, os paises que mais contribuem com as missões de paz da ONU, como India, Bangladesh, Nigéria e até o Uruguai, raramente conseguem vaga no Conselho. Se me perguntar, é mais uma das esquizofrenias da nossa querida organização universal.

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  4. A Carta diz que os países não-permanentes devem contribuir "para a manutenção da paz e da seguran;ca internacionais".

    Quer contribuição maior para a paz e para a segurança internacionais que não ter exército permanente? Afinal, quem não tem exército, não trava guerras convencionais.

    É a realização prática do velho e sábio dito popular: muito ajuda quem não atrapalha.

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  5. Hahaha, ri muito do comentário do camarada Ortega!

    Mas esses países podem colaborar de forma não-bélica ao esforço de paz, através de mediação e cooperação internacional, ao mesmo tempo em que pode ajudar com logística operações de paz, e etc etc.

    Esse trecho da carta da ONU é mais ou menos uma forma rúsitva de dizer: "participa quem tiver a fim e tiver costas largas".

    Democracy UN style.

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  6. saudações rapaziada. quero participar desse mundo de voces. nao sou tão gabaritado quanto os senhores mas quero evoluir tambem, oras. como faço? é pago? eu sou de londrina-pr, faz diferença? tem um site pra eu obter essas respostas? tem vagas pro nível universitário? muito obrigado

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  7. ATUALIZA AÍ!! Nadinha sobre a UFRGSMUN... =)

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