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Para facilitar o debate sobre as idéias propostas pelo autor do post e os ilustres comentaristas do blog, os comentários organizados por pontos que forem colocados aqui serão agregados ao próprio post pra facilitar a leitura comparada.
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Vou encarar de frente uma velha polêmica que o Pereira citou lateralmente há dois meses. Jogarei sal em certas feridas. Respirem fundo antes de ler.
Há algo de podre no Reino da Modelândia. São os prêmios. Quando eu era mais moço, idealista e via a modelagem com lentes rosas, achava que esses simpáticos diplomas e certificados eram uma coisa boa. Ledo engano. Vou sistematizar os dez principais argumentos contra essa prática nociva, inclusive os tabus.
Motivo 1 - Prêmios criam vendidos
Este é o problema mais conhecido. Logicamente, a distribuição de prêmios estimula a proliferação de delegados que os caçam - ainda que para isso eles precisem atropelar as regras, o bom-senso, a própria política externa e, às vezes, o comitê inteiro.
Pode-se argumentar, de boa fé, que a vendidagem existe independentemente da premiação, pois ocorre mesmo em modelos prizeless, como TEMAS e SiNUS. Isso é uma verdade parcial. O problema é que a vendidagem é filha da premiação. Nem mais, nem menos. Quando o termo "vendido" foi criado, em 2003, era uma crítica direta a um delegado que (na opinião de outro delegado) era um caça-prêmios. O vocábulo "vendido" não existiria em modelos se não houvesse prêmios.
Nos modelos sem prêmios também existem vendidos, mas a vendidagem nasce nos modelos com prêmios. Se a síndrome da vendidagem se alastra facilmente, é porque existem prêmios na maioria das simulações.
Pereira:Velho dilema do ovo e da galinha. Talvez seja mais correto que os prêmios CRIARAM os vendidos, mas hoje a vendidagem tomou vida própria. Não sei mais se apenas excluir os prêmios desestimulará a proliferação da vendidagem; talvez sim, mas é um processo extremamente lento.
Ortega:
Concordo com o que o Pereira disse sobre o motivo 1. O prêmio criou a vendidagem, mas ela cresceu, se formou em Relações Internacionais e Direito e se tornou independente. Pra matar a vendidagem é preciso muito mais que simplesmente eliminar o prêmio. É discutível, inclusive, se as premiações ainda são o maior estímulo para a vendidagem. Podem até ser nos modelos de Ensino Médio. Nos universitários, tenho minhas dúvidas.
Motivo 2 - Prêmios estimulam a desonestidade
Este é um pouco diferente do anterior. Como qualquer modeleiro sabe, uma das formas mais eficazes de obter prêmios é escrever os principais textos do comitê, sobretudo a resolução. Para alguns delegados de moral dúbia, isso justifica o plágio de documentos, o roubo de cláusulas e artigos, ou nos piores casos a sabotagem pura e simples do trabalho alheio - apagar arquivos, retirar laptops da tomada, esconder chaves USB e safadezas afins.
Infelizmente, nem todos os diretores percebem essas trapaças, e até o mais vil dos larápios tem chances consideráveis de levar um troféu pra casa, desde que seja discreto.
O que se deve fazer para evitar que seu banco seja assaltado? Basta não deixar nenhum tesouro no cofre - e avisar os bandidos disso com uma placa na porta. Na modelagem é parecido. Quando não houver mais prêmio em jogo, o crime modeleiro vai deixar de compensar.
Pereira:
True. Embora não saiba de nenhum caso em que um desonesto tenha ganhado um prêmio de fato.
Motivo 3 - Prêmios exageram as rivalidades
Uma certa competição é saudável em quase todos os setores da vida humana. Mas quando a disputa descamba para o desprezo coletivo justamente em uma atividade acadêmica e cooperativa, algo esta errado. Um modeleiro da USP que zomba outro da PUC-SP, um mineiro que tira sarro de um gaúcho, tudo isso é normal. Mas outras coisas não são normais.
Em bom português, algumas universidades têm relações muito ruins com certos modelos. Isso não é culpa exclusiva dos prêmios, mas em muitos casos eles foram o fermento das inimizades.
Os ressentimentos acumulados por premiações injustas podem suscitar boicotes (alunos da Unitrotsky se recusam a ir ao modelo da Unistalin e vice-versa) ou, pior, preconceitos que levarão anos para desaparecer. Outra conseqüência possível: em boa parte por culpa dos prêmios, faculdades inteiras abandonaram a modelagem. Paulistas talvez saibam de quem estou falando.
Com os secundaristas é ainda mais grave. Certos diretores de escolas, que precisam de prestígio para compensar alguma coisa (Freud explica), gostam de colecionar troféus, medalhas, diplomas e outros badulaques. Quando enviam seus alunos para modelos, às vezes pagando a inscrição, eles exigem uma contrapartida, paga em prêmios. Isso alimenta algumas guerras não-declaradas entre "clãs escolares" que existem em modelos Brasil afora.
Tudo isso é uma afronta ao aprendizado coletivo que as simulações oferecem. Modelos da ONU não são os Jogos Jurídicos ou as Engenharíadas! Prêmios alimentam uma luta fratricida entre as faculdades e escolas. Eles são um grande fator de desunião da Modelândia inteira. Eles semeiam a cizânia!
Pereira:
Aí não sei. Acho que isso é mais uma questão de personalidade de quem ganha o prêmio do que um problema do prêmio em si. E, também, é um caso que se aplica em muito maior escala às escolas paulistas (PUC e USP, principalmente), talvez no RJ (Estácio e PUC-RJ). Ainda é um fenômeno meio localizado.
Ortega:
O motivo 3 realmente foi um problema sério em um caso específico em SP. Mas mesmo esse caso - se for o que estou pensando - teve um ponto final no ano passado. Pra falar claramente, o Mackenzie voltou ao MONU, não? Eu não conheço outras rixas tão sérias envolvendo universidades inteiras, mas posso estar enganado...
Motivo 4 - Prêmios causam rixas pessoais
Não confundir com o item acima; aqui estou falando de indivíduos e não de grupos. Quantas amizades já foram feridas, quantas turmas rachadas, até mesmo namoros arruinados, por causa de vaidades e egos envolvidos em uma premiação de modelo? Os seres humanos são suficientemente fúteis para levar essas coisas a sério.
Esse problema tende a ser pior entre os secundaristas, que estão em uma fase mais delicada do desenvolvimento psicossocial (olha a tucanagem!), mas ocorre entre universitários também. O tempo todo.
Pereira:
Faz sentido. Eu pessoalmente nunca presenciei esse fenômeno nos comitês em que fui, mas ocorre.
Motivo 5 - Prêmios são uma camisa-de-força para os diretores
Sabem aquela hora, durante a cerimônia de encerramento, em que os diretores chorosos dizem que "foi muito difícil escolher os delegados que receberiam os prêmios"? A frase soa demagógica, mas geralmente é sincera.
Acontece assim. Quase todos os modelos fazem muitas reuniões internas durante o evento. E o último ou penúltimo desses encontros, invariavelmente, é a Hora H dos prêmios: os diretores devem anunciar os vencedores ao secretariado, que vai imprimir os diplomas antes do encerramento. Esse é um momento de tensão entre o SG, que exige um numero unificado de prêmios por comitê (geralmente três ou quatro) e os diretores, que querem premiar 8 ou 10 delegados se o comitê foi bom, ou 1 ou 2 delegados se o comitê foi ruim.
Algumas simulações até permitem que os diretores decidam quantos delegados serão premiados. Mas pouquíssimos modelos toleram que os diretores escolham se haverá prêmio ou não em seus respectivos comitês - nisto o AMUN 2005 foi uma exceção positiva. No MONU 2006, a UNPO apenas não teve prêmio porque os diretores desobedeceram frontalmente o secretariado e se recusaram a entregar qualquer menção. Foi arriscado. Se fosse o Exército, daria Corte Marcial.
Como os diretores raramente têm autonomia sobre os prêmios, surge uma camisa-de-força. Ou a mesa é obrigada a recompensar delegados fracos, ou opostamente ela é forçada a não entregar prêmio para excelentes modeleiros. Isso não é exceção, não. É a regra. Se você acha que todas as suas três ou quatro menções honrosas foram merecidas, think again...
Pereira:
Assino embaixo. Uma experiência assim na SiEM 2006 foi o que me motivou a optar pela substituição dos prêmios pelas avaliações individuais na SiEM 2007.
Motivo 6 - Prêmios são intrinsecamente injustos
Vamos lá, um brainstorm: o que faz um bom delegado? Nos MUNs brasileiros, estamos acostumados a valorizar principalmente a oratória, e em segundo lugar a capacidade de produção de documentos. Isso tudo é importante em uma negociação, mas não é o que realmente conta.
O que realmente conta, tanto na vida real como nas simulações, é o trabalho de backstage. O lobby que acontece durante o almoço e até nas festas, as discussões entre os P-5 no cantinho do Conselho de Segurança durante o unmoderated caucus, as resoluções escritas pelos principais delegados no quarto de hotel, etc.
Você realmente acha que os diretores, por mais onipresentes e oniscientes que sejam, são capazes de acompanhar isso tudo? Claro que não. Mesmo que a mesa se esforce, nunca vai conseguir avaliar corretamente a atuação de cada delegado. Prêmios são sempre injustos, e na melhor das hipóteses refletem as pessoas que se destacaram em uma ou duas habilidades especificas.
Pereira:
Aí eu discordo. Tudo bem, você tem que mostrar profissão de fé na existência de diretores que saibam escolher bem os delegados a serem premiados, mas há a possibilidade sim de prêmios serem muito justos. O problema é que ainda não sabemos estabelecer direito os critérios para isso, então premiamos as pessoas erradas.
Motivo 7 - Prêmios permitem a politicagem
Esse argumento pode irritar muita gente, mas vou evitar citar nomes e datas. Que fique claro que se trata de um problema estrutural, e não apenas algo que aconteceu em um ou dois modelos recentes.
Trata-se do seguinte: prêmios podem ser usados, e freqüentemente o são, como se fossem presentinhos. Para cimentar as boas relações entre o modelo ABCMUN e o modelo XYZMUN, o secretário-geral do modelo XYZMUN ganha um prêmio de melhor delegado no modelo ABCMUN, ainda que tenha sido um negociador fraco. Os modeleiros da Unitabajara são amiguinhos do pessoal da Unicreysson; por isso, os delegados da Unicreysson recebem o troféu de Melhor Delegação no modelo organizado pela Unitabajara, e vice-versa. Assim todo mundo fica feliz, não é?
Digam sinceramente: quem nunca viu isto?
Insisto, não me refiro a um caso em particular. Quase todas as principais universidades e centros modeleiros do Brasil já se envolveram neste tipo de politicagem, em maior ou menor grau. Já recebi reclamações de muita gente, de diferentes Estados, sobre esta prática. Mais importante, já ouvi diversos diretores e até secretários-gerais admitirem que os fatores políticos "pesaram um pouquinho" na seleção dos premiados. Obviamente é impossível calcular com precisão esse tipo de coisa, mas eu diria que nos últimos anos os critérios políticos determinaram 20 a 30% dos prêmios individuais, e 50 a 60% dos prêmios coletivos. Ou mais.
Não quero parecer moralista, mas a persistência deste fenômeno é uma vergonha para a Modelândia e macula a seriedade de nossas atividades acadêmicas. Existe apenas um jeito de impedir que prêmios sejam usados como moeda de troca política: extinguí-los.
Ah, e não adianta sonhar com a criação de "um critério transparente e objetivo de premiação" que possa inibir a politicagem. Quem garante a transparência deste critério? Vamos criar uma Missão Nacional de Verificação das Menções Honrosas sob o comando do Mohammed El-Baradei? Não, não. Enquanto existirem, prêmios sempre serão subjetivos. Portanto, sujeitos a manipulação.
Pereira:
Essas histórias sempre fizeram parte do underground da Modelândia: é aquela coisa que todo mundo acha que tem certeza, ou certamente acha, que acontece, mas ninguém jamais conseguirá provar ou admitir. Seria muito ingênuo, though, acreditar que os prêmios não têm peso político na Modelândia. Mas concordo que sempre serão subjetivos.
Ortega:
Quanto ao Motivo 7, concordo em parte. Na verdade, concordo completamente com o fato de os prêmios permitirem politicagem (vide MONU 2005), mas o final dos prêmios não acabaria com ela. Na verdade, a politicagem acontece muito mais escancaradamente na distribuição dos países que nas premiações. Pra mim, a a questão aqui é como acabar com o problema da politicagem como um todo nos Modelos. O prêmio é o vetor, não a doença.
Motivo 8 - É impossível criar e manter critérios coerentes de premiação
Sim, é impossível. Que categorias costumam servir (oficialmente) de critério? São principalmente quatro: coerência com a política externa, capacidade de expressão oral e escrita (incluindo position papers), conhecimento do tema e a tal "postura diplomática". Alguns modelos usam palavras diferentes, mas quase todos dizem avaliar esses fatores.
Agora vamos supor que os diretores são experientes, sabem distinguir vendidos (ler motivo 1), conseguem detectar delegados desonestos (motivo 2), não se metem em preconceitos coletivos (motivo 3) nem rixas pessoais (motivo 4), possuem autonomia para decidir sobre a quantidade de prêmios (motivo 5), não se dobram à politicagem (motivo 7) e até conseguem estar em todos os lugares ao mesmo tempo (motivo 6). Mesmo esses superdiretores não vão conseguir aplicar de forma coerente os critérios de premiação. Por quê? Pois cada um dos 192 países deste planetinha enxerga a diplomacia de modo diferente dos demais. O que um norte-coreano chama de "sigilo", um canadense chamaria de "mentira"
Os diplomatas do mundo seguem códigos éticos e culturais totalmente diferentes, e é impossível enquadrar toda essa diversidade sob o guarda-chuva da "postura diplomática". Simplesmente não dá pra avaliar com o mesmo critério.
Exemplo simples: imaginem um gentil e articulado embaixador do Myanmar, que colabora com o comitê e não ataca ninguém mesmo que seja acusado de crimes contra a humanidade. Ele é um bom delegado? Não! No entanto, seria um forte candidato a uma menção honrosa segundo as regras de todos os MUNs.
Notem a diferença entre política externa e postura nacional. Um bom delegado birmanês ou zimbabuense não apenas bloquearia qualquer discussão sobre os direitos humanos em seu país (= politica externa), mas faria isso de forma agressiva, brigando com trinta países ao mesmo tempo e chamando o Ocidente inteiro de imperialista (= postura nacional). No entanto, nos modelos brasileiros esse diplomata teria poucas chances de conseguir qualquer prêmio...
E os prêmios coletivos? Aqui geralmente pesam duas coisas: o total de prêmios individuais ganhos pelo país e a coesão da delegação. A primeira coisa é teoricamente fácil de somar, embora o calculo seja às vezes distorcido pelas considerações políticas que já citei. Mas como medir de verdade a coesão de uma delegação? Alguém estava em todos os comitês ao mesmo tempo? Na pratica esse fator é freqüentemente "esquecido" pelos secretariados. A Melhor Delegação, se não corresponder a uma escolha política do SG, pode acabar sendo um grupo Frankenstein, uma confederação de vendidos que provavelmente não estudaram juntos e talvez nem se conheçam direito. Assim era nosso grupo na SiONU 2005.
Mesmo que a Melhor Delegação realmente seja um grupo coeso de amigos modeleiros competentes, eles provavelmente se comportaram de forma muito heterogênea. O cara do Conselho de Segurança é malvado e chantageou todo mundo, a garota do Conselho de Direitos Humanos é meiga e distribuiu flores, et cetera. Coerência, cadê?
Pereira:
Talvez seja impossível entre diversos modelos, mas acho que dentro de um mesmo modelo é possível chegar perto de um critério que não permita numerosas premiações equivocadas.
Motivo 9 - Não adianta querer premiar os bonzinhos
Continuação lógica do anterior.
Certos modeleiros bem-intencionados encontraram uma estratégia alternativa e politicamente correta de premiação. O objetivo é evitar a vendidagem sem abrir mão dos prêmios. No lugar de recompensar os vendidos clássicos, que monopolizam o comitê para massagear o ego, a idéia é premiar os delegados cooperativos e altruístas - em suma, o "espirito diplomático" passa a ser O critério principal. Essa é a política oficial do WorldMUN, e tem sido informalmente seguida por um número crescente de modelos no Brasil. Por isso, a moda agora é distribuir prêmios para delegados novatos e calmos, não-vendidos, que representam paisecos e só falam de vez em quando, mas que possuem um avançado "espirito diplomático".
"Como os delegados da China e da Alemanha são vendidos e passaram o modelo inteiro brigando e fazendo teatro, vamos premiar o delegado do Luxemburgo, que não xingou ninguém!" - assim pensa o diretor de puro coração.
Isto é um erro. Recusar-se a premiar o líder do comitê conduz a premiações inverossímeis e ilegítimas, que apenas irritam o restante do comitê - não apenas o vendido que saiu de mãos abanando, mas também os delegados que consideram que o vendido deveria ter recebido o prêmio e foi sacaneado pela mesa. A cerimônia de encerramento fica cheirando a marmelada e a imagem do modelo sai arranhada.
Diplomacia não é o Fair Play da FIFA! O inferno pode estar cheio de boas intenções, mas a politica internacional não está! Não é o "espirito diplomático" que vai substituir outras qualidades mais importantes. Não é assim que a banda toca, meus amigos...
Pereira:Motivo 10 - Prêmios são absurdos
Não sei se concordo. Na maioria dos casos, espera-se de um delegado que ele seja minimamente respeitoso. Veja bem: na maioria dos casos. Exceções são bem essas que o Napoleão citou em um outro motivo: o Zimbábue nunca será bonzinho, nem a Coréia do Norte, nem a URSS, dadas as situações corretas. Mas acho que caberia confiar no bom senso da diretoria (again, eu tenho fé que o bom diretor existe). Mas tem um ponto válido que deveríamos discutir: "espírito diplomático" é se comportar como aquele modelo ocidental de diplomata, pomposo, elegante e bem-educado, ou é se comportar como o diplomata do país que representa na situação apresentada (i.e., ser malvado quando couber)?
Back to the basics: o que significa a palavra "modelo"? O que você entende por "simulação"? Trata-se de uma imitação, um ersatz, um simulacro, uma recriação de alguma coisa, certo? E MUNs são exatamente uma recriação realista das negociações multilaterais nacionais e internacionais, não é mesmo?
Pois bem, em nenhuma negociação diplomática, em qualquer lugar do mundo, existe um prêmio para o "melhor embaixador", "melhor ministro" ou "melhor presidente". Imaginem o Nicolas Sarkozy, todo pimpão e sorridente, com a Carla Bruni a tiracolo, recebendo da Assembléia Geral da ONU o certificado de "melhor orador da sessão 2007". Não é absurdo? Então por que isso acontece nas simulações que organizamos?
Pereira:
Assino embaixo também. Ainda acho que o melhor prêmio pra qualquer delegado é aprovar a resolução do jeito que você espera que seja.
Ortega:
Discordo também do motivo 10. Tá bom, eu nunca vi o Kofi Annan chamando o delegado do Turcomenistão à frente pra receber uma menção honrosa, mas diplomatas são sim premiados, de outras formas, por seus próprios governos. Boas atuações podem render frutos pessoais aos delegados, e acho que é isso que as premiações dos Modelos querem emular.
Moral da história
Admito, existem algumas (poucas) virtudes nas atuais políticas de premiação, como a possibilidade de estimular o surgimento de jovens e talentosos modeleiros. Mas essas vantagens são esmagadoramente menos importantes do que as desvantagens dos prêmios.
Sei que o fim dos prêmios não resolveria automaticamente todos os nossos problemas acadêmicos, como a falta de delegados, o despreparo das mesas, guias de estudos fracos, etc. Mas seria um importante avanço rumo a uma Modelândia mais aberta, cooperativa, honesta e realista. Cada modelo é livre para fazer o que quiser a respeito, mas acho que a experiência de dez anos de MUNs é mais do que suficiente para demonstrar que prêmios são contraproducentes na maior parte dos casos.
Apelo para os delegados, diretores e secretários-gerais entre os leitores: em nome do bom-senso, mandem os prêmios para a Lata de Lixo da História!
EXCELENTE post. Claro, discordo.
ResponderExcluirResposta em breve.
Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in my blogroll =). If possible gives a last there on my blog, it is about the Plotter, I hope you enjoy. The address is http://plotter-brasil.blogspot.com. A hug.
ResponderExcluirComo disse o Cedê, excelente post.
ResponderExcluirPremiações acabam sendo um fardo a mais pra diretores e secretários, não só por envolverem gasto de tempo (que às vezes poderia ser melhor empregado), mas principalmente pelos motivos listados.
Sensacional post.
ResponderExcluirAlgo totalmente comum vermos delegados querendo matar diretores por X delegado ter recebido prêmio. Vendidagem corre solta.
De fato, excelente post. Mas não sei se concordo com todos os argumentos. Por partes®:
ResponderExcluirMotivo 1 - Velho dilema do ovo e da galinha. Talvez seja mais correto que os prêmios CRIARAM os vendidos, mas hoje a vendidagem tomou vida própria. Não sei mais se apenas excluir os prêmios desestimulará a proliferação da vendidagem; talvez sim, mas é um processo extremamente lento.
Motivo 2 - True. Embora não saiba de nenhum caso em que um desonesto tenha ganhado um prêmio de fato.
Motivo 3 - Aí não sei. Acho que isso é mais uma questão de personalidade de quem ganha o prêmio do que um problema do prêmio em si. E, também, é um caso que se aplica em muito maior escala às escolas paulistas (PUC e USP, principalmente), talvez no RJ (Estácio e PUC-RJ). Ainda é um fenômeno meio localizado.
Motivo 4 - Faz sentido. Eu pessoalmente nunca presenciei esse fenômeno nos comitês em que fui, mas ocorre.
Motivo 5 - Assino embaixo. Uma experiência assim na SiEM 2006 foi o que me motivou a optar pela substituição dos prêmios pelas avaliações individuais na SiEM 2007.
Motivo 6 - Aí eu discordo. Tudo bem, você tem que mostrar profissão de fé na existência de diretores que saibam escolher bem os delegados a serem premiados, mas há a possibilidade sim de prêmios serem muito justos. O problema é que ainda não sabemos estabelecer direito os critérios para isso, então premiamos as pessoas erradas.
Motivo 7 - essas histórias sempre fizeram parte do underground da Modelândia: é aquela coisa que todo mundo acha que tem certeza, ou certamente acha, que acontece, mas ninguém jamais conseguirá provar ou admitir. Seria muito ingênuo, though, acreditar que os prêmios não têm peso político na Modelândia. Mas concordo que sempre serão subjetivos.
Motivo 8 - talvez seja impossível entre diversos modelos, mas acho que dentro de um mesmo modelo é possível chegar perto de um critério que não permita numerosas premiações equivocadas.
Motivo 9 - não sei se concordo. Na maioria dos casos, espera-se de um delegado que ele seja minimamente respeitoso. Veja bem: na maioria dos casos. Exceções são bem essas que o Napoleão citou em um outro motivo: o Zimbábue nunca será bonzinho, nem a Coréia do Norte, nem a URSS, dadas as situações corretas. Mas acho que caberia confiar no bom senso da diretoria (again, eu tenho fé que o bom diretor existe). Mas tem um ponto válido que deveríamos discutir: "espírito diplomático" é se comportar como aquele modelo ocidental de diplomata, pomposo, elegante e bem-educado, ou é se comportar como o diplomata do país que representa na situação apresentada (i.e., ser malvado quando couber)?
Motivo 10 - assino embaixo também. Ainda acho que o melhor prêmio pra qualquer delegado é aprovar a resolução do jeito que você espera que seja.
Enfim, breves comentários.
Excelente. Concordo com tudo.
ResponderExcluirNa verdade, não precisa explicar muito: a retirada dos prêmios tem mais a trazer de lucro que de prejuízo. Ponto.
É o que penso. Comitê meu, se depende de mim, num tem prêmio não.
Excelente post e excelentes comentários (especialmente o do plotter).
ResponderExcluirConcordo com o que o Pereira disse sobre o motivo 1. O prêmio criou a vendidagem, mas ela cresceu, se formou em Relações Internacionais e Direito e se tornou independente. Pra matar a vendidagem é preciso muito mais que simplesmente eliminar o prêmio. É discutível, inclusive, se as premiações ainda são o maior estímulo para a vendidagem. Podem até ser nos modelos de Ensino Médio. Nos universitários, tenho minhas dúvidas.
O motivo 3 realmente foi um problema sério em um caso específico em SP. Mas mesmo esse caso - se for o que estou pensando - teve um ponto final no ano passado. Pra falar claramente, o Mackenzie voltou ao MONU, não? Eu não conheço outras rixas tão sérias envolvendo universidades inteiras, mas posso estar enganado...
Quanto ao Motivo 7, concordo em parte. Na verdade, concordo completamente com o fato de os prêmios permitirem politicagem (vide MONU 2005), mas o final dos prêmios não acabaria com ela. Na verdade, a politicagem acontece muito mais escancaradamente na distribuição dos países que nas premiações. Pra mim, a a questão aqui é como acabar com o problema da politicagem como um todo nos Modelos. O prêmio é o vetor, não a doença.
Discordo também do motivo 10. Tá bom, eu nunca vi o Kofi Annan chamando o delegado do Turcomenistão à frente pra receber uma menção honrosa, mas diplomatas são sim premiados, de outras formas, por seus próprios governos. Boas atuações podem render frutos pessoais aos delegados, e acho que é isso que as premiações dos Modelos querem emular.
Eu não sou contra nem a favor dos prêmios, muito pelo contrário. Já vi comitês em que eles foram muito proveitosos, e outros em que foram um problemão. Na verdade, acho que os motivos 5, 6, 8 e 9 são excelentes argumentos anti-premiação, e todos eles remontam a uma questão: é possível criar critérios justos e verificáveis de premiação?
Como são hoje, acho que dá pra resumir a questão assim: os prêmios costumam ser bons em comitês com muitos delegados novatos e/ou experientes “bonzinhos”. Em comitês cheios de delegados egocêntricos com 25 modelos nas costas, os prêmios geralmente são um fardo, e o peso desse fardo é diretamente proporcional à inexperiência da mesa.
Vindo do vendido brasileiro que foi ganhar prêmio até na Russia!!! hahahaha
ResponderExcluirComentário sobre o motivo 5:
ResponderExcluirA experiência da SiEM 2006 pode ter sido muito excepcional (tratava-se de um comitê com uma quantidade absurda de delegados bons), mas acho que é exemplo suficiente para sustentar esse argumento. Definir número de menções honrosas ou mesmo determinar que elas existam é hipocrisia e simplificação burra da realidade, que pode fomentar muitos dos outros problemas apresentados no post. Por exemplo, a politicagem. Eu sou obrigada a dar prêmios, e devo invariavelmente nomear 4 menções honrosas, mas não tenho base real que justifique isso...ah, que tal usar critérios underground de premiação?