terça-feira, 8 de abril de 2008

Modelos e TI, follow-up

Modelos e TI, follow-up
Philip Hime


Primeiramente, gostaria de congratular os autores deste blog por um ano de total sucesso na comunidade modelística. Que este blog continue sendo referência nacional para discussão das questões mais importantes do Maravilhoso Mundo dos Modelos!

Em um texto enviado para este blog há quase um ano, falei sobre a tendência tecnológica dos modelos e suas possíveis conseqüências. Correio diplomático eletrônico, esfriamento dos debates... Um pouco de tudo foi discutido nos comentários. Entretanto, no mundo da informática, tudo muda rapidamente, o que me leva a escrever esse “follow-up” do meu post anterior, baseado em minhas novas experiências do mundo modelístico digital.

Recentemente, fui a Belo Horizonte participar do TEMAS da Guerra como Minister of the Foreign and Commonwealth Office do British Cabinet. Primeiramente, fiquei impressionado ao perceber que todos os delegados do meu comitê possuíam notebooks (ok, um deles tinha um Palm com um teclado externo, mas é praticamente a mesma coisa). Em seguida, minha cabeça explodiu (metaforicamente): havia internet via Wi-Fi para todos.

O uso da tecnologia que fizemos no British Cabinet se tornou, com toda a certeza, um caso a ser estudado e um exemplo a ser seguido nos modelos. Já ouviram falar em Google Docs? Pois deveriam. Todos os documentos que produzíamos, inclusive a nova National Security Strategy do governo Brown, eram imediatamente enviados ao Docs e compartilhados com todos os outros delegados. Isso reduziu a circulação de papel e até mesmo pendrives a um mínimo. Além disso, alterações feitas nos documentos eram automaticamente vistas por todos, evitando reclamações de que o delegado estaria com a “versão antiga” do documento.

Além do Docs, outro instrumento bastante usado foi o MSN. É, eu sei, MSN em sessões é praticamente um tabu do mundo modelístico. Como eu disse, nos comentários do post antigo, é “mais fácil dois delegados papearem online sobre a festa do dia anterior do que sobre o documento de trabalho que acaba de ser entregue”. No entanto, este foi outro ponto no qual me surpreendi positivamente. No British Cabinet, o MSN foi utilizado estritamente para enviar arquivos entre os notebooks (evitando o trânsito de pendrives) e para compartilhar informações: “look, I’ve found this site, I think it will help in the document you’re writing”. Obviamente, nada é perfeito, e houve um papinho batido com delegados de outros comitês, mas creio que a quantidade se manteve dentro dos níveis aceitáveis. Por níveis aceitáveis, entendam o mesmo nível de delegados que se encontram no corredor e batem um papinho antes de voltarem às respectivas salas.

Realmente, chegamos a um ponto no qual a digitalização dos modelos é, creio eu, inevitável. Vejo que a tendência da internet nos comitês será seguida (fontes seguras do BennettMUN, já me asseguraram dessa possibilidade), e já pude ver, em primeira mão, que essa ferramenta será usada com muita eficácia pelos delegados, ao menos em modelos de ensino superior.

Philip Hime é aluno do 3º período de Direito da PUC-Rio e diretor do Conselho de Segurança Nacional dos EUA do III SIMUN e da Organização dos Estados Americanos no VI ONU Jr.

5 comentários:

  1. Gostei do seu diagnóstico, especialmente porque veio de alguém que teve a experiência em primeira mão.

    Acho, contudo, que essa digitalização tem a beneficiar mais alguns comitês que outros, podendo inclusive atrapalhar alguns.

    Comitês técnicos e de muita redação - esses ECOSOCs da vida, G-8s com mil tópicos - têm muito a ganhar.

    Os CSs e OTANs têm um pouco a ganhar porque facilitam acesso a informações, e, eventualmente, a Mesa pode até decidir enviar e-mails aos delegados que vieram dos "Ministros" deles.

    Mas em Gabinetes - sim, Gabinetes - no qual o foco deve ser a tensão, o suspense, o dilema, a decisão urgente, o debate acalorado entre ministros cada um puxando a brasa ao mesmo tempo que devem resolver uma crise rápido - muitos laptops podem ser distração que reduz o aproveitamento.

    É como deixar a TV ligada jogando RPG. Impossível.

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  2. Ainda acho que tudo depende mais da disciplina dos delegados do que necessariamente de um mal inerente a uma estrutura digital, mas essa é uma outra discussão.

    Uma outra forma de digitalização que experimentamos no MONU 2007 foi um sistema de envio de documentos para impressão usando Gmail e Google Talk. De longe foi o sistema mais eficiente que já vi para documentos - em questão de não mais que cinco minutos você tinha um documento de trabalho digitado nas mãos de todos os delegados.

    Acho que não vai demorar muito até termos sistemas mais sofisticados - o Google Docs pra mim é uma invenção genial, especialmente na parte de redação em colaboração. É a evolução de se usar um projetor para o mesmo fim.

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  3. "Obviamente, nada é perfeito, e houve um papinho batido com delegados de outros comitês, mas creio que a quantidade se manteve dentro dos níveis aceitáveis. Por níveis aceitáveis, entendam o mesmo nível de delegados que se encontram no corredor e batem um papinho antes de voltarem às respectivas salas."



    hauehueahueahea

    Acho que conversei com delegados de TODOS os comitês durante o temas.

    Não lembro o que comentei ano passado, mas que o msn facilitou a comunicação dentro do comitê é um fato irrefutável.

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  4. Até eu sabia em primeira mão como andavam os comitês do TEMAS, direto do Rio de Janeiro. heheheheehehe

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  5. Eu nasci antes da Perestroika, ainda no meio da Guerra Fria, e sou lento para mudar de idéia.

    Por isso, a minha opinião continua a mesma do ano passado, quase inversa à do Cedê: acho que para comitês muito grandes, laptops podem aumentar a tendência geral à entropia e à desatenção dos delegados. Para comitês menores, e principalmente o UNSC, computadores com wifi são uma maravilha.

    Cedê e eu concordamos em uma coisa: excesso de tecnologia estraga o clima de tensão em gabinetes e crises. Em certos casos é preciso tomar decisões sob pressão e sem ajuda externa!

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