segunda-feira, 23 de abril de 2007

Information needs to be WIDE

Saiu ontem na revista época uma matéria muito interessante que trata de simulações. Eu praticamente tropecei na reportagem, não tinha ouvido ninguém comentar - inclusive constatei depois que nem Melina Arantes, a SG do Mini-ONU, sabia de sua existência - o que eu considero um grande trunfo em nosso favor, na mesma medida que é um desafio interessante.

Há pouco mais de uma semana discutíamos aqui a finalidade da simulação: moral ou ciência? Já manifestei minha propensão ao meio termo aristotélico, e esta matéria exemplifica bem o approach que, na minha opinião, devemos tomar. Tomei a liberdade de scanear a página e disponibilizá-la aqui, dê uma olhada.

Além de parte integrante do repertório de qualquer fund-raising de modelo que se preze, essa matéria também deve nos servir de alerta: as pessoas ainda não conhecem o que são os modelos.

Se você prestar atenção ao nosso austero layout, inclui o link de diversos modelos no Brasil, cortesia da UNSP, de onde colei os links na cara-dura. Você vai notar que há modelos em nove estados da federação (SP, MG, RJ, PI, RN, DF, BA, CE, RS), ou seja, um terço do país, isso só em termos de estados. Quando eu comecei a simular, só existiam MONU e AMUN. O crescimento tem sido avassalador, e tende a aumentar. Frise-se que só estão nesta lista modelos com site, alguns como o de Goiás não tem, então não entraram na conta.

Diante deste fato eu me (e lhes) pergunto: o que estamos fazendo pra publicizar de forma eficiente as simulações? Como podemos difundir o hobby? Através das delegações diplomáticas como proposto no ModSim? Enchendo a caixa de e-mails dos editores dos nossos periódicos favoritos com pedidos pra que eles não negligenciem uma das formas mais criativas de se aprender? Se os resultados da simulação são tão bons que falam por si, o que está acontecendo pra essa informação não se espalhar no boca-a-boca?

Isso também impacta na própria natureza das simulações brasileiras. Uma simulação que parte do pressuposto que seus delegados já entendem razoavelmente o que é um modelo (e.g. TEMAS) pode se dar ao luxo de simular comitês mais complexos, além do feijão-com-arroz. Se o conhecer de simulações - meramente de saber que existe, não que todo mundo se torne um aficcionado - se alastrar ao menos no ensino privado, creio que os resultados pra educação brasileira como um todo seriam extremamente positivos. E isso torna a discussão que citei anteriormente da finalidade da simulação um debate caduco, pois se traz um bem considerável pra a sociedade, então a sua função já está cumprida.

13 comentários:

  1. A "função social dos modelos"? Hmm!

    Falando sério, acho que precisamos separar essas duas coisas. O debate sobre a função do modelo (que me lembra o Ovo e a Galinha) é uma coisa, e a estratégia de amplificação da modelagem entre a sociedade brasileira é outra coisa. Tanto comitês "morais" como comitês "acadêmicos" podem e devem ser mais divulgados. Os milhões de catolicos praticantes não ficariam entusiasmados ao saber que um Concilio Vaticano vai ser simulado com seriedade por alunos do Ensino Médio?

    Acho normal e evidente que pelo menos 60% a 70% dos comitês simulados no Brasil sejam convencionais, ie, ONU e outras organizações internacionais conhecidas. São os comitês mais compreensiveis e faceis de explicar para professores, patrocinadores, pais e jornalistas. Mas simulações da FIFA, Politburo ou Foro de São Paulo também tem muito a ensinar à sociedade, de modos diferentes.

    Por sinal, muitas pequenas matérias sobre modelos da ONU ja foram publicadas pela imprensa brasileira - Epoca, Folha de SP, jornal Globo e TV Globo, citando alguns de cabeça. Mas isso nunca teve um impacto muito grande. Qual sera o motivo?

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  2. Meu ponto é que tanto os comitês acadêmicos são morais em um ponto.

    Mas deixe isso de lado, AQUI não é o mais importante.

    O importante é o que você notou:

    Já saíram algumas reportagens em diversos veículos midiáticos de alta repercussão, mas até agora, a moda ainda não pegou. O número de pessoas que chegam a um modelo através de notícias assim é bem pequeno, sendo a maioria recebida por indicação. A qual razão vocês creditariam este fenômeno?

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  3. Thomaz, e outros...

    Realmente a batalha apra difundir os modelos pro aqui é dura e mesmo quando temos matérias como essa em diversos tipos de mídia não conseguimos o objetivo de difundir e explicar o que são modelos e para que eles servem...

    Acredito que somente com uma ação mais forte e conjunta de diversos modelos de diversos Estados da Federação poderemos cumprir essa missão.

    Infelizmente muitas pessoas tem preconceitos, e acham que esse teatrinho não nos leva a lugar nenhum, acho totalmente o contrário, aprendemos tanto e conhecemos tantas pessoas fantásticas nos modelos que nos últimos tempos tem sido mais importante que muitas coisas que aprendemos em sala de aula, não só para os velhos como eu, ou mais velhos nesse meio.

    abraços e adorei o blog

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  4. Olá!
    Não querendo ser chato, mas já sendo, existem muito mais modelos do que podemos imaginar. Eu fiz um breve levantamento dos modelos brasileiros para colocar no site do UN-SP e vi coisas inacreditaveis. Tem modelo em Dourados-MS com mais de duas edições, e muitos outros surgindo na marra por faculdades privadas que literalmente enfiam um modelo na garganta dos alunos. O detalhe é que essas faculdades nunca foram em outros modelos, é algo artificial criado não se sabe de onde...isso sim é preocupante pois nesse instante tem modelos com mais edições nas costas que o TEMAS ou o UN-SP que estão mobilizando alguma região do Brasil e nem se sabe da existencia do mesmo. O que me preocupa é saber o porque desse fenômeno, ou nós somos muito fechados e não saimos dos mesmos modelos vendo as mesmas pessoas, ou a rapidez com que tudo se processa é terrivelmente rápido que não conseguimos acompanhar. Eu pessoalmente acredito que a explicação está na mistura desses dois fatores.

    Abraços
    Ighor Melo

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  5. Você tem razão ao dizer que existem muitos modelos que nos quase não conhecemos, Ighor. Além desse de Dourados, que o Queiroga ja me apresentou uma vez, sei que existe outro em Vitoria (ES), o Nações (antigamente chamado SOI-ES), mas que acho que não tem site; outro chamado MUNU (http://www.utp.br/ri/RIMUNU2006.htm), organizado em Curitiba (PR); e houve uma edição do BRMUN em Florianopolis (SC) em 2002, mas acho que o modelo foi extinto. Deve haver outros mais.

    Mas é dificil integrar esses modelos-ilhas ao resto da modelagem nacional, porque quase não existe comunicação entre "nos" e "eles". Por isso eu defendo a idéia de montar delegações fortes dos MUNs "tradicionais", aka integrados, para ir a esses novos modelos e conhecê-los. Seria bom para todo mundo.

    Porém, não é verdade que "nós somos muito fechados e não saimos dos mesmos modelos vendo as mesmas pessoas". Quando estava no Brasil, eu participei de 13 dos 21 MUNs que estão em nossa coluna de links, simulando em seis estados diferentes da federação, cada uma com sua escola propria de modelagem, e dividindo comitês com gente do colegial ao doutorado. E existem outros bandeirantes da modelagem na ativa, correndo o Brasil afora, indo inclusive aos MUNs menos conhecidos.

    Conhecer todos os MUNs brasileiros é fisica, geografica, financeira e cronologicamente impossivel. O crescimento é rapido demais. Considerando essas dificuldades, nosso dialogo vai muito bem, sim. O problema é que ele depende demais de certas pessoas, e não de instituições.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Então, a questão principal que tenho sempre batido é justamente essa. Nossos contatos dependem de pessoas e não de instituições. Aí reside a grande dificuldade nesse processo de integração, que depende muito mais do espírito aventureiro de algum ser em específico (como vc que foi em 13 modelos diferente e continua indo ai na Europa) do que da organização institucional de cada modelo. Faz-se necessário haver processo de apresentação dos novos encarregados (o UFRGSMUN o fez brilhantemente qdo o Canabarro saiu e o Perrone assumiu)e um contato de nível institucional, por isso encorajo cada vez mais fusão de idéias entre modelos (regras, comites que continuam em outros modelos, etc).
    O processo é rápido sim, mas convenhamos que nem todos possuem um espírito tão desbravador quanto necessitamos, e depender dessas aventuras para a nossa integração é muito arriscado principalmente porque esse espírito é sazonal.

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  8. o Ighor está coberto de razão.

    Mas grande parte do problema, rapaz, reside no fato que geralmente os modelos não são institucionalizados. Ao menos a maioria AINDA não o é.

    O que existe é uma protointituição, que, informalmente, tenta passar os costumes aos outros, da mesma forma como os antigos passavam o conhecimento e as tradições por vias orais...

    Poucos modelos tem o nível de institucionalização do Mini-ONU, por exemplo - se é que algum tem - com escritório e tudo. E talvez isso nem seja necessário. È verdade que existe um bom grupo de pessoas que se conhecem, mas, assim como Napô, não vejo nesse grupo caráter excludente, até pelo contrário. Você faz mais e mais amigos com o tempo, o ponto é cada modelo sentir a necessidade de se comunicar com os demais.

    Talvez você tenha muito a nos ensinar nesse sentido: Como você, SG do UNSP, começou a interagir com os demais? Há algo que você acha que poderia facilitar sua vida? Uma lista (no sentido convencional, pré-internet, uma listagem) de e-mails, telefones, talvez? Se por isso podemos fazer um Google Doc. e anexar aqui no blog mesmo, pra servir de paliativo.

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  9. Eu pessoalmente e como SG do UN-SP não tenho dificuldades em me relacionar com os outros modelistas. Vejo-os sempre que posso nos outros MUNs, especialmente no MONU e no AMUN. Minha introdução nesse mundo foi bastante comum. O meu ponto não representa uma anseio pessoal, mas uma percepção criada devido a algumas experiências nessa busca de encontrar novos modelos. Percebi por exemplo que mais da metade dos modelos brasileiros tem menos de três anos (estão na terceira edição esse ano). Que existem talvez mais modelos "internos", no sentido de praticaente inventados já que ninguém de lá jamais esteve em algum outro e que a galera não sai de lá de jeito nenhum, do que modelos "abertos". Eu não gosto de citar exemplos, mas eu tenho entrado em contato com várias faculdades de RI ao redor do Brasil por causa de um outro projeto e tenho visto muita coisa que não chega a por medo, mas que merece uma discussão séria do tipo: onde essa explosão de MUN vai dar? Não vamos chegar em algum momento a uma saturação e uma possível "crise de 29" nos MUNs? E talvez não tenhamos a resposta mais precisa para essas questões por não termos os dados de quantos são realmente os MUNs no Brasil. Eu chuto para mais de 40...

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  10. Isso depende do que estamos chamando de "MUN". Se modelos internos de colégios e faculdades, fechados e que duram geralmente apenas um dia - assim como mini-simulações de treinamento - contarem como MUNs, então de fato devem ser 40 ou mais.

    Mas acho que o total de modelos abertos à participação externa, com pelo menos uns dois dias de duração, gira em torno de 25 atualmente. Difícil fazer um censo mais preciso. Se serve de consolo, ninguém tem a menor idéia de quantos MUNs existem nos EUA, por exemplo. A partir de certa altura, simplesmente perdemos a conta.

    O risco de uma "crise de 29" nos MUNs é muito real, sim, e decorre de duas coisas: da fraca divulgação e articulação da modelagem (até MUNs excelentes estão com falta de delegados, como vocês sabem) e da saturação da própria carreira de RI nas faculdades (existe uma óbvia bolha em nosso setor no Brasil, e daqui a pouco muitos cursos vão fechar).

    Mas acho que o Brasil agüenta um número bem maior de modelos, sim. O país é muito grande e está se abrindo cada vez mais para o mundo - esse chavão soa ridículo, mas é verdadeiro. Precisamos evitar que esses muitos MUNs se tornem simplesmente rivais, como acontece nos Estados Unidos. Se for para cooperar, a hora é agora.

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  11. Concordo com suas ponderações Napoleão, no entanto esses "MUNs" diários e fechados para algumas faculdades "inutilizam" parte desses alunos que se acomodam e pensam já terem conhecido bem o que é um MUN. É justamente esse tipo de movimento que tenho visto em algumas faculdades particulares por aí.
    Sobre a crise de 1929, isso para mim é questão de tempo! Acho que alguns modelos que conhessemos devem acabar ou sumir aos poucos. A saída? Temos algumas idéias e projetos aqui na UNESP, estamos trabalhando nisso e apresentaremos os resultados em Brasília durante o AMUN.
    Abraços

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  12. Os modelos internos, fechados e xenófobos simplesmente não interessam. Se eles "estragam" pessoas a ponto de elas não se interesarem pelos "verdadeiros" modelos, não estamos fazendo o nosso trabalho direito.

    Uma tática é nós, modeleiros, nos tornarmos os responsáveis pela criação de modelos internos. Estou fazendo isto, em meu trabalho na Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina da UFMG. Vou criar um modelo para estudantes de Medicina, a partir de dentro.

    Tem outros jeitos, como a UNIR, empresa do Queiroga que faz modelos internos em escolas. A vantagem é que estão sendo feitos por modeleiros.

    2. O Ighor está mais que certo em falar de nossa dependência de Q.I. no mundo dos modelos. O negócio precisaria de fato ficar mais impessoal. Precisamos apenas saber como.

    3. Sou muito cético em relação ao "poder da Imprensa em dominar a todos, bwahahaha".

    Nós só vamos ter divulgação eficiente com resultados: mais modelos e mais pessoas.

    Ou isso, ou esperar um novo fenômeno como "Rebelde" e "High School Musical" divulgando modelos, ou ter um modelo na novela das 8. Enquanto esses fenômenos pop não acontecem, só marretando na cabeça das pessoas mesmo.

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  13. será que uma busca pela imprensa não poderia trazer bons resultados?

    especialmente em grandes grupos como Diarios Associados, que estendem sua grande teia de influência através de todo o país?

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